Tópico: País

Afonso Gonçalves

Editor — 2 Novembro 2022

Na passada sexta-feira, 28 de outubro, morreu Afonso Gonçalves, companheiro de há largo tempo. Tinha 77 anos. Foi professor de profissão. Militou na esquerda antifascista antes de 1974. Mais tarde, acompanhou de perto as actividades do colectivo que publicou, durante mais de vinte anos, a revista Política Operária, dirigida por Francisco Martins Rodrigues. Era leitor assíduo do Mudar de Vida, para cujas páginas frequentemente enviava os seus comentários críticos. O último é de 15 de setembro deste ano, a respeito das exéquias de Isabel II. Aí fustigou “a vassalagem deprimente” dos repórteres portugueses, os “comentadores serventuários” e “o folclore medíocre” que o Reino Unido então apresentou ao mundo.


Uma dívida que não é nossa, uma guerra que não queremos

Editor — 13 Outubro 2022

Quer o Orçamento do Estado quer o “acordo de rendimentos” firmado há dias na Concertação Social consagram a perda de poder de compra dos trabalhadores diante da inflação. Nem os salários são aumentados ao nível da carestia, nem a especulação com os preços é travada. Esta espoliação marca a linha política do Governo e mostra — para lá de todas as “ajudas” e de todo o palavreado — quais as classes sociais que o Governo sacrifica no altar da crise económica.


Afinal, quem promove o fascismo?

Manuel Raposo — 30 Setembro 2022

Dilacerada por enormes tensões internas mal disfarçadas, a União Europeia abeira-se da desagregação

Cem anos depois de Mussolini ter chegado ao poder, o fascismo volta a governar a Itália. A vitória anunciada de Giorgia Meloni não mereceu, ao longo de semanas, quaisquer comentários da parte dos líderes europeus, parecendo que todos eles encaravam o caso, não só como inevitável, mas também como normal e aceitável. Apenas nas vésperas do dia da votação a porta-voz dos eurocratas, Ursula von der Leyen, resolveu lançar um aviso, tão inútil como estúpido, brandindo a ameaça de sanções se os novos governantes de Itália não se comportassem pelas regras de Bruxelas. 


Circo sem pão

Editor — 15 Setembro 2022

Ainda nos falta suportar quase uma semana de reportagens até ao funeral de Isabel II. O ror de horas de transmissões televisivas, o batalhão de repórteres vestidos de luto especialmente enviados para debitarem todas as banalidades, as louvaminhas a uma aristocracia absolutamente corrompida, a convocação de testemunhos bacocos sobre as finuras do protocolo ou as virtudes da monarquia — tudo isso junto é revelador do estado de morte cerebral das classes dominantes do país. Mas é também o circo com que contam distrair a populaça (por quanto tempo?) da guerra, do abismo económico, da degradação da vida diária, da falta de futuro.


Ministro dos fardamentos

Urbano de Campos — 3 Setembro 2022

Cravinho: uma irrepreensível fidelidade, até nas palavras, aos dirigentes imperialistas

O ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, fez questão de ir a Kiev no dia da independência da Ucrânia, a 24 de agosto. Falou com Zelensky depois de, dizem as notícias, ter de se refugiar num bunker devido a uma ameaça de bombardeamento. Este episódio excitante valeu-lhe um rasgado elogio de um comentadorzeco da CNN Portugal pela “coragem física” demonstrada… Resultados da visita, segundo Cravinho: manifestar apoio a Zelensky (pela enésima vez) e receber de Zelensky um pedido de fardamentos novos. Só isso?


O estado da nação: omissões de um debate

Urbano de Campos — 28 Julho 2022

Pobreza atinge 20% da população portuguesa. Um terço tem emprego estável. Só 13% não têm emprego

António Costa e o Governo saíram por cima no debate parlamentar sobre o estado da nação. Não foi difícil. Apesar de todas as críticas, as diversas oposições não beliscaram o nervo da situação presente: a calamidade que atinge as classes trabalhadoras em resultado da crise económica e da guerra. Com efeito, não é “o país” em geral — como se tornou cómodo dizer na linguagem de consenso das lides parlamentares — que é fustigado, mas sim as classes mais pobres, mais penalizadas e mais desprezadas da sociedade. 


Cimeira da Nato: marco histórico, diz o governo

Manuel Raposo — 10 Julho 2022

António Costa, João Cravinho. O governo português insiste em manter-se do lado errado da história

A cimeira da Nato, realizada em Madrid em final de Junho, não podia ser mais explícita sobre o papel da Aliança na defesa dos interesses dos EUA. A unanimidade que dela saiu não esconde o facto de as decisões aprovadas serem em tudo ditadas pelos propósitos norte-americanos de combater a influência crescente da China e da Rússia, arrastando para mais essa aventura os aliados que se deixarem levar.


Os valores do Ocidente

Editor — 3 Julho 2022

Os dirigentes europeus e norte-americanos esforçam-se por apresentar a guerra na Ucrânia como uma frente de batalha pelos valores democráticos e de liberdade, e até morais, do Ocidente. Zelenski e as tropas ucranianas estariam a “defender-nos” de uma vaga de obscurantismo e de autoritarismo vinda do Leste, protagonizada pelo regime russo de Putin e, de forma mais dissimulada, pelo regime chinês de Xi Jinping. Depois de terem tornado a guerra praticamente inevitável, é sob esta capa que justificam o esforço para prolongar o conflito, avisando as populações de que terão de suportar todos os sacrifícios durante o tempo que for necessário.


EUA, Reino Unido: mate-se o mensageiro

Editor / Consortium News — 13 Junho 2022

Extraditar Assange nada tem a ver com justiça: é pura decisão política

O calvário de Julian Assange prossegue nas prisões do Reino Unido, sob ameaça de extradição para os EUA. A decisão de o colocar ou não nas mãos da polícia norte-americana está agora dependente da ministra britânica do Interior Priti Patel depois de os tribunais terem primeiro negado e depois autorizado a extradição. A questão está assim plenamente no campo político, nada de bom se augurando tendo em vista a ligação, unha com carne, do governo britânico com o poder norte-americano. 


Voltemos a falar de fome

Editor — 1 Junho 2022

De Bruxelas, António Costa manifestou-se “preocupado” com o nível “elevadíssimo” da inflação em Portugal, relacionando a situação com o “preço elevado que toda a Europa está a pagar” pela guerra. Sublinhou que o factor principal do aumento dos preços é o custo da energia. Costa tinha acabado de sair duma reunião com os seus pares europeus em que foi aprovado o corte das importações de petróleo russo, decisão esta que de imediato causou nova subida dos preços da energia a nível mundial.


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