Tópico: Efeméride

Quem com ferros mata

Urbano de Campos — 11 Setembro 2023

50 anos depois, os familiares continuam à procura dos mortos. Esta foto é de 1989, no deserto de Atacama, onde há inúmeras valas comuns

11 de setembro de 1973, Chile. O general Pinochet chefia um golpe de Estado que derruba o regime democrático presidido por Salvador Allende, líder da Unidade Popular. O Chile vivia desde 1970 um movimento de massas que ameaçava os poderes da burguesia doméstica e os interesses dos monopólios imperialistas, com os EUA à cabeça. Como homem de mão dos serviços secretos norte-americanos, Pinochet implantou uma das ditaduras mais sanguinárias dos tempos modernos e ensaiou uma das primeiras experiências do que viria a chamar-se o neoliberalismo económico.


10 de Junho, espelho de dois regimes

Manuel Raposo — 9 Junho 2023

Diário Popular, 13 Junho 1978. Funeral de José Jorge Morais morto pela PSP em 10 de Junho quando protestava contra uma manifestação fascista

O fascismo português comemorava o 10 de Junho sob uma designação bem expressiva: “Dia da Raça”, em exaltação dos feitos coloniais e da supremacia branca e, a partir de 1961, como suporte ideológico e político da guerra colonial. O regime democrático converteu a mesma data na evocação de uma mítica comunidade de língua e de cultura de raiz portuguesa-europeia, na tentativa de — nessa base superficialmente comum a vários povos e geografias — restaurar laços políticos e interesses económicos que as guerras de libertação colonial tinham combatido e rompido. As comunidades portuguesas emigradas tornaram-se pretexto, veículo e palco dessa diplomacia de veludo. Sobretudo, nada de acordar os fantasmas do colonialismo e do fascismo.


Primeiro de Maio. Romper o bloqueio

Editor  — 5 Maio 2023

Maio 2023. Pintura mural feita a partir de foto duma manifestação espontânea de jovens em Abril de 1974

Falemos dos últimos 48 anos, decorridos desde o fim do PREC em novembro de 1975.

De governo em governo, o ataque aos trabalhadores foi sempre aumentando. Não obstante a resistência das greves, dos protestos e das manifestações, apesar do esforço de militantes, de sindicalistas e activistas diversos, esta evolução não pôde ser invertida. O curso dos acontecimentos contribui para espalhar a ideia de que não há alternativa à força do capitalismo, dos patrões, dos políticos que os servem.


25 de Abril. Onde estamos, o que fazer?

Editor — 27 Abril 2023

25 de Abril, Lisboa

As grandes manifestações que desfilaram por todo o país mostram que milhares e milhares de pessoas não desistem das esperanças que o 25 de Abril trouxe. Os incidentes parlamentares, o fiasco dos anunciados protestos fascistas ou as trocas de galhardetes partidários tiveram, como sempre, mais eco nos média do que as vozes populares. É mesmo assim — trata-se da marca do regime, por mais que os seus protagonistas se revistam de capas democráticas. Mas isso só mostra a distância que separa os milhares que, por vontade própria, saíram à rua daqueles que, engravatados, se dizem seus representantes.


Iraque: o que mudou em 20 anos

Manuel Raposo — 22 Março 2023

2019. Por todo o país, milhares de jovens reclamam trabalho, serviços públicos básicos, fim da corrupção

A invasão do Iraque iniciada a 19 de março de 2003 foi evocada com um certo incómodo por parte das forças que a promoveram e a apoiaram. Com efeito, a mentira, rapidamente desfeita, acerca das armas de destruição massiva (ADM) — que foi o argumento definitivo usado por norte-americanos e britânicos para justificar o ataque — não deixa margem para dúvida acerca da montagem então congeminada para enganar a opinião pública. As torturas praticadas na prisão de Abu Ghraib e o arbítrio de Guantânamo, que dura até hoje, completam o quadro da acção “libertadora” e “democratizadora” levada a cabo pelos EUA.


A Comuna: viva há 152 anos

Editor — 18 Março 2023

Uma barricada na Paris revolucionária, Março-Maio1871

Em 18 de março de 1871, o povo de Paris tomou conta do poder. Respondeu assim à derrota sofrida pela França na guerra com a Prússia, iniciada um ano antes, na qual Napoleão III tinha envolvido o país. A guerra imperialista franco-prussiana transformou-se em guerra civil; o proletariado apontou armas à burguesia e ao poder da Terceira República.


Mulheres de todo o mundo, uni-vos!

Editor — 8 Março 2023

No ano passado, de janeiro a novembro, foram assassinadas em Portugal 28 mulheres, 25 delas em contexto familiar ou de intimidade. Nas tarefas domésticas, as mulheres portuguesas arcam com 87% do tempo e os homens 12%. A taxa de pobreza e de desemprego é maior entre as mulheres. (Dados da UMAR e da Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género, 2022)


25 de Abril, uma querela distorcida

Urbano de Campos — 27 Abril 2021

 

1974-75: o que ainda hoje dói à direita é o movimento popular que irrompeu para lá dos propósitos dos Capitães

A polémica em torno da manifestação do 25 de Abril em Lisboa tem o seu quê de instrutivo. Obviamente, a Iniciativa Liberal quis fazer escândalo e dar nas vistas ao reclamar o direito “democrático” de, oportunisticamente, se encastoar num desfile que sabia ser promovido por forças de cor política diversa da sua. O que a IL pretendia não era festejar o 25 de Abril. Era sim meter uma cunha do 25 de Novembro no desfile do 25 de Abril.


Líbia, Iraque: 10 e 18 anos depois, o caos

Editor / Manlio Dinucci, il manifesto — 21 Março 2021

Hillary Clinton na Líbia: uma “vitória” sobre pilhas de cadáveres

Março é mês propício para os empreendimentos guerreiros do imperialismo. Fez agora 10 anos, a 19 de Março, a Líbia foi atacada e destruída por uma coligação militar norte-americana/europeia. Na mesma data (19 para 20 de Março), completaram-se 18 anos sobre a invasão do Iraque, com os mesmo efeitos destruidores. Num como noutro destes países impera hoje o caos, a luta entre gangues financiados por interesses externos. O Estado e todas as instituições sociais deixaram de existir. Muitas centenas de milhares de pessoas foram mortas (mais de um milhão só no Iraque), milhões foram deslocadas. As condições de vida caíram a pique. Os recursos naturais de ambos os países são saqueados metodicamente pelas empresas das potências que os atacaram.


A igualdade não está a passar por aqui

Editor — 11 Março 2021

Não será seguramente por falta de declarações que as mulheres não alcançarão a igualdade. No passado 8 de Março choveram comoventes apoios à causa, do secretário-geral da ONU, António Guterres, da presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, até inumeráveis reportagens e testemunhos na comunicação social. Não faltou mesmo a argúcia do grande comércio, amigo da mulher-consumidora, que lançou campanhas promocionais de electrodomésticos ou produtos de beleza.


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