Tópico: Sociedade

Uma admissão pública da degradação moral do Ocidente

Editor / Roger Waters — 20 Maio 2025

“Ou aceitam os nossos planos de roubar a vossa terra e construir um campo de golfe ou matamo-vos”.

Roger Waters, compositor e músico inglês que integrou os Pink Floyd, tem sido uma das vozes mais sonoras pela causa da Palestina. Na sua denúncia dos crimes israelitas não poupa palavras: Israel é um estado pária, protegido pelos EUA, que comete, à vista de todos, descarados crimes de guerra, genocídio, limpeza étnica, em mais de 75 anos de existência.

Na mensagem em vídeo que transcrevemos, Waters apela de forma vigorosa à luta pela causa palestina. “Por nossa parte”, garante, “não seremos silenciados, este coro é um coro global e não nos vamos embora”.


Um retrato a cores do regime político

Urbano de Campos — 6 Maio 2025

Cavaco Silva com parte da trupe do BPN, Oliveira e Costa e Dias Loureiro. A maior burla da história portuguesa

A campanha eleitoral teve no seu arranque oficial uma contribuição que não pode deixar de ser assinalada: o apoio vibrante e empenhado de Cavaco Silva ao líder do PSD, Luís Montenegro. Com o peso que ainda julga ter como ex-primeiro-ministro e ex-presidente da República, Cavaco fez uma espécie de declaração papal ungindo Montenegro não apenas como o mais bem preparado para chefiar o próximo governo, mas também como um exemplo de rectidão e probidade.


Impressões sobre a campanha eleitoral

Urbano de Campos — 23 Abril 2025

Intuitivamente, toda a gente sabe que a democracia vigente é monopólio das classes dominantes. Nada de popular nela existe.

A campanha eleitoral nem sequer começou oficialmente, mas o mote está dado acerca do desenlace que se dará a 18 de maio: ou ganha a direita assim, ou ganha a direita assado. A dúvida está no facto de as sondagens, até agora, não descartarem a possibilidade mais terrível para as gentes do poder: um empate. Ora, para que a indesejável instabilidade governativa não volte a colocar nuvens sobre o curso dos negócios, a distribuição de fundos europeus, ou os planos de uma economia de guerra, ensaiam-se hipóteses sobre o apoio que o perdedor mais forte deve dar ao fraco vencedor. Tirando isso, restam os temas menores para entreter o eleitor-espectador.


A derrocada do Ocidente

Editor / O Comuneiro — 22 Abril 2025

1 de outubro de 1949, Praça Tienanmen. Mao Tsetung proclama a República Popular da China

A agitação que, visivelmente, abala o mundo tem raízes fundas. Uma, é a derrota do Ocidente na Ucrânia, implicitamente reconhecida pelo principal promotor da guerra, os EUA. Outra, mais determinante ainda, é a decadência que, vinda de dentro, fruto de um capitalismo caduco, mina a hegemonia, aparentemente imbatível, que o imperialismo até há pouco exerceu sobre o mundo.


José Carlos Codinha

Editor — 23 Janeiro 2025

Faleceu a 9 de janeiro, com 82 anos, o nosso camarada José Carlos Midões Codinha. Natural da Nazaré, desde jovem se empenhou nas lutas sociais e políticas, fosse na sua terra natal, fosse no país ou em França, para onde emigrou nos anos de 1960, fugido à tropa colonial e ao regime fascista. Fez parte dos grupos marxistas-leninistas O Comunista e O Grito do Povo, que viriam a originar a OCMLP (Organização Comunista Marxista Leninista Portuguesa) de que foi destacado militante e dirigente. Em 1976, contribuiu para a dissolução da OCMLP, e aderiu, com muitos outros camaradas, ao PCP(R) (Partido Comunista Português (Reconstruído)), fundado no final do ano anterior. Foi membro do seu comité central durante vários anos.


O que a onda de despedimentos anuncia

Urbano de Campos — 20 Dezembro 2024

Coindu: operárias despedidas penduraram as batas de trabalho na entrada da empresa

Com ar ufano, o primeiro-ministro fez-nos saber que Portugal é “um farol de estabilidade” na Europa – nas finanças, na política, na paz social. Montenegro não podia ter escolhido melhor ocasião para o auto-elogio: precisamente quando milhares de trabalhadores são lançados no  desemprego por centenas de empresas que promovem despedimentos colectivos, e quando mesmo os economistas mais optimistas e os empresários mais voluntariosos anunciam que está montado o palco para uma tempestade perfeita que ameaça o país e toda a Europa.


Frutos serôdios do novembrismo

Manuel Raposo — 24 Novembro 2024

Primeiro objectivo do golpe: retirar às classes trabalhadoras capacidade de intervenção política para disputar a autoridade do Estado e dos governos

Quarenta e nove anos depois, no que respeita à História, está tudo dito e provado acerca do 25 de Novembro. O que resta discutir, e por isso se volta ao assunto todos os anos, é a questão política, isto é, o curso que o golpe imprimiu à vida do país – pela razão de que, ao derrotar o movimento popular de 74-75, o golpe abriu caminho, não apenas à destruição das principais conquistas revolucionárias, mas também, por isso mesmo, à reconstituição das forças sociais e partidárias mais reaccionárias da sociedade portuguesa. A anatomia política do golpe tem, portanto, de ser feita sob a luz do momento em que hoje estamos; do ponto de chegada e não tanto do ponto de partida de há 49 anos. A actualidade do assunto reside aqui.


OE2025, tanto barulho por nada

Manuel Raposo — 5 Novembro 2024

Uma combinata entre PS e PSD para chamar a si todo o debate

O debate prévio sobre o Orçamento do Estado tinha já várias semanas de duração, com ameaças de ruptura de parte a parte entre PSD e PS, quando o ministro dos Assuntos Parlamentares resumiu o sentido de tão acesa polémica dizendo “andamos no fundo a dizer a mesma coisa”. O mais caricato da situação está ainda no facto de toda a discussão se ter travado sem que fosse conhecido o conteúdo do OE, só recentemente apresentado para debate na Assembleia da República. Mais do que novela, como foi dito, tratou-se de uma farsa de baixo nível.


Mais justiça, menos polícia!

Urbano de Campos — 26 Outubro 2024

Os factos. Um cidadão que regressa a casa de noite é morto por uma patrulha da polícia com duas balas no peito disparadas à queima roupa. Para matar, portanto. O comando da PSP emitiu de imediato um comunicado dizendo que a vítima ameaçara os polícias com uma faca.

A vítima, porém, não estava armada. O próprio agente implicado nos disparos desmentiu o comunicado, confessando à Polícia Judiciária que a vítima estava desarmada. Tratou-se, portanto, de um assassinato a sangue frio e não de uma reacção em legítima defesa. O comando da PSP, agindo por antecipação, mentiu – no que só pode ser entendido como uma tentativa de encobrir o crime.


“1984” em 2024

Manuel Raposo — 23 Agosto 2024

Em Gaza, quem resiste é terrorista, quem chacina exerce direito de defesa, diz o Ministério da Verdade

Quando George Orwell escreveu o seu romance mais famoso, acredita-se, teria em mente caracterizar o regime estalinista, ou ter-se-ia inspirado nele ou naquilo que à época se dizia dele. Mas a qualidade e a perspicácia da obra, pode hoje constatar-se, ultrapassa em muito essa real ou suposta intenção dirigida à URSS de então. “1984”, quarenta anos depois, sobrevive como retrato do nosso dia a dia.


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