Tópico: País

Amílcar Cabral: nosso herói também

Editor — 20 Setembro 2024

A ideia corrente de que o golpe dos Militares de Abril nos libertou da ditadura peca pelo facto de colocar na sombra o papel, esse sim decisivo, dos movimentos de libertação anticoloniais que durante treze anos fustigaram o colonialismo português. Foi a luta armada, travada com sacrifício de, seguramente, muitas centenas de milhares de combatentes africanos, que, ao libertar do jugo colonial os novos países, fez ruir o fascismo português. A democracia portuguesa de 1974 é fruto dessa luta levada a cabo por africanos.

Um dos esquecidos é Amílcar Cabral. Nascido em 12 de setembro de 1924, foi um dos grandes ideólogos das independências africanas e o mais destacado dirigente político da guerrilha na Guiné-Bissau que viria a terminar na independência da Guiné e de Cabo Verde.


“1984” em 2024

Manuel Raposo — 23 Agosto 2024

Em Gaza, quem resiste é terrorista, quem chacina exerce direito de defesa, diz o Ministério da Verdade

Quando George Orwell escreveu o seu romance mais famoso, acredita-se, teria em mente caracterizar o regime estalinista, ou ter-se-ia inspirado nele ou naquilo que à época se dizia dele. Mas a qualidade e a perspicácia da obra, pode hoje constatar-se, ultrapassa em muito essa real ou suposta intenção dirigida à URSS de então. “1984”, quarenta anos depois, sobrevive como retrato do nosso dia a dia.


“Credibilizar” a União Europeia, pretende o BE

Urbano de Campos — 26 Julho 2024

Deputada do BE integrou delegação da AR em visita oficial à Ucrânia, 2 e 3 de maio 2023

Em declarações recentes à TSF, a deputada europeia do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, manifestou-se contra aquilo a que chamou os “dois pesos e duas medidas” da União Europeia acerca das guerras na Ucrânia e em Gaza, e defendeu que a “União Europeia deve credibilizar-se internacionalmente”. Entenda-se: o peso e a medida “errados” a que Catarina Martins se refere respeita ao morticínio em Gaza, no qual a UE tem sido parte activa dedicando-lhe apenas vagas condenações morais. 


Gaza: os verdadeiros números do genocídio

Editor / Susan Abulhawa — 20 Julho 2024

Beit Lahia. norte de Gaza, 12 junho 2024. Até abril deste ano, tinham sido destruídos 360 mil edifícios

O número de mortos em Gaza em consequência directa ou indirecta do ataque militar de Israel pode situar-se entre 190 mil e 500 mil, muito acima dos perto de 39 mil até agora revelados. Estes números aterradores foram divulgados pela palestiniana Susan Abulhawa em 27 de junho na publicação The Electronic Intifada. O cálculo baseia-se em critérios absolutamente demonstráveis, decorrentes de valores comummente aceites para situações de guerra como a que Israel leva a cabo em Gaza.


Todo o apoio à Intifada dos estudantes!

Urbano de Campos — 13 Maio 2024

Protestos pelo fim do genocídio em Gaza alastram nas faculdades

Enquanto o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Paulo Rangel, recusa considerar a mortandade em Gaza como genocídio, estudantes de várias faculdades organizam protestos pelo fim da guerra e contra Israel, seguindo o sinal de partida dado pelos estudantes norte-americanos da Universidade de Columbia. Na faculdade de Psicologia de Lisboa teve lugar um dos primeiros acampamentos, desmantelado pela polícia, com oito estudantes presos, a pedido da direcção da faculdade. Outros protestos verificaram-se no Porto e em Coimbra. Hoje, mais duas faculdades de Lisboa – Belas Artes e  Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova – foram ocupadas pelos estudantes.


O longo lastro do colonialismo

Manuel Raposo — 10 Maio 2024

Samora Machel proclama a independência de Moçambique. 25 de junho de 1975

Para uma boa compreensão das iniciativas políticas de Marcelo Rebelo de Sousa, é sempre bom considerar a sua ansiedade megalómana de ser o foco das atenções mediáticas e de se colocar à frente de toda a gente. As “reparações” devidas pelo passado colonialista de Portugal, de que ele falou há dias, levantando um calculado burburinho na nossa cena política, terá de ver-se também a esta luz pessoal – mas ficar por aí seria diminuir o sentido da questão. Para lá de tudo isso, há uma realidade nova que mexe sobretudo com a África e que a atitude de Marcelo não ignora. 


Crónica de um 25 de Abril diferente

Manuel Raposo — 28 Abril 2024

Uma resposta dada na rua aos avanços da direita. Lisboa, Avenida da Liberdade, 25A2024

O país foi palco de uma das maiores manifestações de repúdio pelo fascismo. Muitas centenas de milhares de pessoas comemoraram o 25 de Abril deste ano não apenas como uma evocação saudosa, mas como uma exigência de luta do momento presente. Foi a resposta, dada na rua, aos avanços da direita e da extrema-direita conseguidos nas urnas há mês e meio. Decididamente, o voto não é a arma do povo.


O nervo do 25 de Abril

Urbano de Campos — 25 Abril 2024

O Apelo da Comissão Promotora das Comemorações Populares do 25 de Abril retoma sem surpresa as mesmas ideias vagas de todo os anos, resumidas na frase: “alegria e confiança no futuro”. Não se poderia pedir mais a uma comissão que visa chamar o maior número de manifestantes ao desfile comemorativo. Mas, sem intenção de estragar a festa – em que empenhadamente participamos – , tem lugar perguntar como se pode “avançar na concretização dos direitos” da maioria, “combater as desigualdades” que crescem, ou melhorar a vida “dos que têm cada vez menos” sem pôr em causa o regime consolidado neste meio século.


O que se pode tirar do 10 de março

Manuel Raposo — 30 Março 2024

Os excluídos do “milagre económico”. Manifestação em Lisboa, janeiro de 2024

O resultado das eleições de 10 de março não pode ser entendido sem olhar para os frutos do acordo governativo de 2015 e para o que sucedeu nas eleições de 2019 e 2022. Em março passado deu-se o desenlace de um curso político já evidenciado nos últimos cinco anos – e não a inesperada “viragem à direita” que todos os comentários (inclusive da esquerda parlamentar) afectaram ver com surpresa. Os factores que produziram a vitória da direita, considerada em conjunto, e o apagamento da esquerda parlamentar estavam anunciados desde o final do primeiro governo de António Costa.


Artistas europeus querem Israel fora da Eurovisão

Editor / Fausto Giudice — 20 Março 2024

“Não ao genocídio”. Acção em frente à sede da NRK, a emissora pública norueguesa em Marienlyst (Oslo) em janeiro.

O festival da canção da Eurovisão não é, seguramente, um campo de batalha de primeiro plano. Mas porque há-de Israel ter mais um palco oferecido à sua propaganda, como se o estado sionista fosse uma entidade normal, e como se o genocídio em Gaza não estivesse a acontecer? E por que hão-de as autoridades europeias mais uma vez dar largas à sua revoltante hipocrisia, a pretexto de que não misturam cultura(?) com política?


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