Tópico: Liberdades

Ministro dos fardamentos

Urbano de Campos — 3 Setembro 2022

Cravinho: uma irrepreensível fidelidade, até nas palavras, aos dirigentes imperialistas

O ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, fez questão de ir a Kiev no dia da independência da Ucrânia, a 24 de agosto. Falou com Zelensky depois de, dizem as notícias, ter de se refugiar num bunker devido a uma ameaça de bombardeamento. Este episódio excitante valeu-lhe um rasgado elogio de um comentadorzeco da CNN Portugal pela “coragem física” demonstrada… Resultados da visita, segundo Cravinho: manifestar apoio a Zelensky (pela enésima vez) e receber de Zelensky um pedido de fardamentos novos. Só isso?


A quem serve a fantasia de uma vitória ucraniana?

Editor / William Schryver — 26 Agosto 2022

Poderá ser este o mapa da Ucrânia depois da guerra

Não é vocação destas páginas olhar para a guerra na Ucrânia pelo lado estritamente militar. O artigo a que damos divulgação, contudo, embora centrado nas operações militares, permite abordar questões de natureza política que nos parecem de primeira importância. Uma das quais é esta: não estando à vista, nem sendo plausível, uma vitória dos ucranianos na guerra, por que razão insistem Zelensky e os seus apoiantes ocidentais (EUA, Nato, UE) em recusar negociações com a Rússia e em afirmar que o conflito só terminará com a expulsão completa das tropas russas?


Amnistia Internacional: uma denúncia incómoda

Editor / Batko Milacic — 14 Agosto 2022

Tácticas de luta do exército ucraniano põem civis em perigo, denuncia a Amnistia Internacional

A comunicação social passou como gato sobre brasas pelo relatório da Amnistia Internacional que denuncia crimes de guerra cometidos pelo exército ucraniano. De facto, o documento não só revela as violações do direito humanitário do lado ucraniano como, por essa via, coloca em causa a acusação — até agora inteiramente unilateral — acerca dos alegados crimes cometidos pela parte russa. Não admira pois que o relatório, divulgado a 4 de agosto, tenha sido rapidamente remetido a um completo esquecimento.


Onde não dominam, os EUA criam o caos

Manuel Raposo — 10 Agosto 2022

O poder destruidor do imperialismo é fonte de desgraças humanas incontáveis e bem conhecidas

Enquanto se declaram dispostos a prolongar a guerra na Ucrânia “pelo tempo que for necessário”, os EUA dedicam-se a criar novos focos de tensão em diversos pontos do mundo, num propósito de ameaça e exibição de força. Três acontecimentos o revelam: a visita a Taiwan da congressista Nancy Pelosi, a terceira figura do Estado, desafiando a China; a instigação das autoridades do Kosovo contra a população sérvia, provocando a República Sérvia e a Rússia; e o assassinato de um líder da Alcaida no Afeganistão, com o objectivo de manter o governo dos talibãs debaixo de fogo.


Cimeira da Nato: marco histórico, diz o governo

Manuel Raposo — 10 Julho 2022

António Costa, João Cravinho. O governo português insiste em manter-se do lado errado da história

A cimeira da Nato, realizada em Madrid em final de Junho, não podia ser mais explícita sobre o papel da Aliança na defesa dos interesses dos EUA. A unanimidade que dela saiu não esconde o facto de as decisões aprovadas serem em tudo ditadas pelos propósitos norte-americanos de combater a influência crescente da China e da Rússia, arrastando para mais essa aventura os aliados que se deixarem levar.


Os valores do Ocidente

Editor — 3 Julho 2022

Os dirigentes europeus e norte-americanos esforçam-se por apresentar a guerra na Ucrânia como uma frente de batalha pelos valores democráticos e de liberdade, e até morais, do Ocidente. Zelenski e as tropas ucranianas estariam a “defender-nos” de uma vaga de obscurantismo e de autoritarismo vinda do Leste, protagonizada pelo regime russo de Putin e, de forma mais dissimulada, pelo regime chinês de Xi Jinping. Depois de terem tornado a guerra praticamente inevitável, é sob esta capa que justificam o esforço para prolongar o conflito, avisando as populações de que terão de suportar todos os sacrifícios durante o tempo que for necessário.


Um olhar sobre o próximo pós-guerra

Manuel Raposo — 20 Junho 2022

Que caminhos se abrem aos países dependentes a partir do grau de dependência em que se encontram?

Ao mesmo tempo que anunciam repetidamente supostos fracassos militares da Rússia, e até a possibilidade de uma vitória da Ucrânia, os porta-vozes da propaganda Ocidental proclamam aquilo que consideram ser um ganho “estratégico” decisivo e de carácter permanente: a unidade do bloco de forças constituído em torno dos EUA. E exemplificam com o alargamento da Nato aos escandinavos, a (quase) unanimidade das sanções contra a Rússia e a (quase) consonância de esforços no apoio militar aos ucranianos. Olhada mais de perto, contudo, esta unidade não é exactamente como a mostram.


EUA, Reino Unido: mate-se o mensageiro

Editor / Consortium News — 13 Junho 2022

Extraditar Assange nada tem a ver com justiça: é pura decisão política

O calvário de Julian Assange prossegue nas prisões do Reino Unido, sob ameaça de extradição para os EUA. A decisão de o colocar ou não nas mãos da polícia norte-americana está agora dependente da ministra britânica do Interior Priti Patel depois de os tribunais terem primeiro negado e depois autorizado a extradição. A questão está assim plenamente no campo político, nada de bom se augurando tendo em vista a ligação, unha com carne, do governo britânico com o poder norte-americano. 


A acção dos EUA nas guerras da Síria e da Ucrânia

Editor/ Richard Black, entrevista — 30 Maio 2022

Secretário de Estado dos EUA,  ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia. Mandante e mandarete.

A dimensão das falsidades e distorções sobre a guerra na Ucrânia que nos são fornecidas diariamente só se saberá, porventura, quando as hostilidades terminarem. Até lá, corre-se o risco de esta propaganda cumprir a sua missão, que é forjar uma opinião pública moldada pelos interesses que o Ocidente persegue na guerra e retirar capacidade de resposta às populações atingidas, dentro e fora da Ucrânia. Foi o que sucedeu com o Iraque: de pouco serviu a confirmação de que as armas de destruição massiva afinal não existiam; o mal estava feito e a mentira tinha desempenhado a sua função. Testemunhos como o que agora divulgamos podem ajudar a perceber a diferença entre o que nos é dito por uma comunicação social domesticada e o que efectivamente esteve na origem da guerra e como ela se desenrola.


A ambição globalista da Nato

Manuel Raposo — 18 Maio 2022

Finlândia, Suécia. Mais dois peões para a política de sempre: o domínio dos EUA na Europa e no mundo

O previsto alargamento da Nato à Finlândia e à Suécia está a ser aclamado como uma prova do reforço e da coesão do bloco Ocidental e como uma demonstração da derrota dos planos “de Putin”, isto é, da Federação Russa. Soma-se isto aos clamores diários que anunciam uma vitória militar dos ucranianos e que pressagiam um descalabro económico da Rússia e até o possível derrube do regime russo. Esta visão ocidental da situação peca, não só por um optimismo postiço, próprio da propaganda de guerra (como é evidente acerca do desenrolar das operações militares), mas também pela miopia que atinge norte-americanos e europeus quando se trata de ver os acontecimentos para lá da espuma dos dias ou dos ganhos imediatos.