Tópico: Mundo

Deixem falar o Marcelo…

Urbano de Campos — 5 Novembro 2023

Terão sido os gregos os primeiros a dizer que a palavra foi dada ao homem para ele poder esconder o pensamento. No caso de Marcelo Rebelo de Sousa sucede o contrário: a sua verborreia e ânsia de palco são um insubstituível e precioso revelador do que lhe vai na alma.

Na esclarecedora conversa que teve com o representante diplomático da Palestina em Portugal, Marcelo desprezou soberanamente os argumentos do interlocutor. Fez tábua rasa de todo o antecedente de repressão, espoliação de território, apartheid, etc. a que a operação de 7 de outubro deu resposta militar. Mostrou que o pretexto da “legítima resposta” de Israel prevalece no seu espírito sobre a acção genocidária que está em curso. 


“Gaza é um cemitério para milhares de crianças”

Editor / The Cradle — 2 Novembro 2023

Funeral de uma criança morta no bombardeamento israelita a Deir Al-Balah, centro da Faixa de Gaza, 31 de outubro

O título acima reproduz a denúncia, feita em 31 de outubro em Genebra, pelo porta-voz da UNICEF James Elder. As mortes de palestinos sob as bombas israelitas crescem à razão de centenas por dia. Estes factos, que indignam milhares e milhares de pessoas por todo o mundo e as fazem descer à rua, falam mais alto, por uma vez que seja, do que a propaganda dos dirigentes israelitas. A batalha política está por isso perdida para  Israel.


Palestina. O problema que o Ocidente criou e não pode resolver

Manuel Raposo — 27 Outubro 2023

Todo o apoio à Palestina

As consequências políticas da operação do Hamas de 7 de outubro (com mais três organizações da resistência palestina) são hoje tão evidentes como eram imprevisíveis há quatro semanas atrás. Os ecos que teve em toda a Palestina mostram que a acção foi acolhida pelas massas populares como uma resposta sua à ocupação israelita, e não como uma intervenção desvairada de um qualquer grupo terrorista isolado da população, como Israel e o Ocidente querem fazer crer. 


Resiste, Palestina, resiste!

Manuel Raposo — 17 Outubro 2023

Manifestação em Nablus, Cisjordânia, de apoio ao Hamas e a Gaza, 9 de outubro

Tal como na guerra na Ucrânia, também na guerra agora desencadeada na Palestina a ocultação dos antecedentes do conflito desempenha um papel chave para mistificar o sentido dos acontecimentos. A ocupação militar israelita, a opressão diária exercida sobre os palestinos, a usurpação de território — é como se nada disto existisse e apenas contasse o ataque do Hamas de 7 de outubro, saído do vazio, como se não fosse provocado. As vítimas palestinas passam à condição de vilões e os criminosos israelitas, impunes vai para 80 anos, são acolhidos como vítimas.


Encontros internacionais propõem frente contra a Nato e o imperialismo

Manuel Raposo — 30 Setembro 2023

Manifestação em Lisboa, fevereiro de 2023. Por uma vida justa, nem mais um tostão para a Nato

A Terra move-se. Nos países ocidentais, nem tudo é inacção acerca da guerra na Ucrânia. Apesar do peso esmagador da propaganda difundida pelos adeptos da guerra-até-ao-fim, e da censura às fontes de informação e às posições divergentes, há quem se mexa para contrariar a maré dominante. Duas iniciativas de alcance internacional merecem notícia: uma teve lugar em Paris em outubro do ano passado, replicada depois em Londres, Belgrado, Caracas e Gwangju (Coreia do Sul); outra é uma conferência internacional a realizar em Roma em outubro próximo.


EUA: acumular dívida por quanto tempo mais?

Editor / Ilya Tsukanov — 20 Setembro 2023

Economistas temem que o governo federal já tenha entrado numa “queda em espiral” da dívida da qual poderá não ser possível escapar

De uma forma simples mas fundamentada, o artigo que divulgamos (de modo abreviado) expõe as origens da enorme dívida que os EUA têm para com o resto do mundo e como é constantemente acrescida, sempre à custa dos mesmos credores. E explica como é mantida incobrável, não apenas pelo ascendente económico de que os EUA ainda dispõem, mas também, em última instância, pela ameaça militar. Este domínio, que tem permitido ao imperialismo norte-americano ditar regras ao resto do mundo, está porém em declínio acentuado. 


Quem com ferros mata

Urbano de Campos — 11 Setembro 2023

50 anos depois, os familiares continuam à procura dos mortos. Esta foto é de 1989, no deserto de Atacama, onde há inúmeras valas comuns

11 de setembro de 1973, Chile. O general Pinochet chefia um golpe de Estado que derruba o regime democrático presidido por Salvador Allende, líder da Unidade Popular. O Chile vivia desde 1970 um movimento de massas que ameaçava os poderes da burguesia doméstica e os interesses dos monopólios imperialistas, com os EUA à cabeça. Como homem de mão dos serviços secretos norte-americanos, Pinochet implantou uma das ditaduras mais sanguinárias dos tempos modernos e ensaiou uma das primeiras experiências do que viria a chamar-se o neoliberalismo económico.


A esquerda perante os BRICS

Manuel Raposo — 4 Setembro 2023

Milhões de trabalhadores serão trazidos para o terreno da luta de classes na sua feição mais moderna, a do confronto pleno com o capitalismo

Não tendo podido travar a expansão dos BRICS e o crescente prestígio que a organização ganhou no mundo dependente e periférico, o Ocidente tem tentado diminuí-la através de propaganda negativa, de omissões, ou do habitual anedotário noticioso. A denúncia destas jogadas importa para clarificar o que está em jogo, como faz o artigo de Rui Lourido que antes publicámos. Mas é também indispensável que a esquerda reflicta sobre as responsabilidades políticas que sobre ela recaem numa época em que o mundo se transforma de forma evidente. Que tarefas cabem à esquerda anti-imperialista e anti-capitalista nestas circunstâncias?


A importância da cimeira dos BRICS

Editor / Rui Lourido — 30 Agosto 2023

Mais de 40 países manifestaram interesse em integrar os BRICS

Os meios ocidentais tentaram por todos os processos, e desde há longos meses, diminuir a importância da cimeira dos BRICS realizada há uma semana na África do Sul. Uma informação objectiva, porém, dá conta de que os países do chamado Sul Global reunidos em Joanesburgo deram um passo importante no sentido de se libertarem da tutela do ocidente imperialista, congregando-se para estabelecer relações de colaboração que lhes permitam não apenas prescindir, mas também rejeitar as instituições internacionais que os têm sujeitado à eterna condição de países dependentes.


Os limites da globalização imperialista

Editor / Domenico Moro — 17 Agosto 2023

A tendência globalizadora do capital verificada nas últimas três décadas parece abeirar-se de um limite

O artigo seguinte, do italiano Domenico Moro, procura realçar as contradições que crescem presentemente no mundo capitalista em resultado da guerra económica movida pelos EUA contra a China, seu principal competidor. A divisão que está em marcha entre os dois colossos arrasta para um ou outro lado economias e países de todo o globo, apontando para a formação de dois campos económicos opostos e em confronto político.