Tópico: Sociedade

Os limites da globalização imperialista

Editor / Domenico Moro — 17 Agosto 2023

A tendência globalizadora do capital verificada nas últimas três décadas parece abeirar-se de um limite

O artigo seguinte, do italiano Domenico Moro, procura realçar as contradições que crescem presentemente no mundo capitalista em resultado da guerra económica movida pelos EUA contra a China, seu principal competidor. A divisão que está em marcha entre os dois colossos arrasta para um ou outro lado economias e países de todo o globo, apontando para a formação de dois campos económicos opostos e em confronto político.


JMJ: um encontro de bons espíritos

Manuel Raposo — 11 Agosto 2023

Abusos: um assunto que a Igreja quer tratar à porta fechada

Mesmo os que hoje se dizem não crentes ou ateus fizeram coro com os prosélitos da Igreja Católica nos elogios rasgados ao “êxito” da Jornada Mundial da Juventude. Personagens como João Soares (que alardeia ser ateu, republicano e socialista), ou Marcelo Rebelo de Sousa (que exibe a sua condição de fiel católico e não pode esconder o passado fascista e colonialista) coincidiram, babados, nos encómios à Igreja e a “Sua Santidade”.


Lucros da banca e moral oficial

Urbano de Campos — 1 Agosto 2023

Fraude no BES valeu 12 mil milhões. Ricardo Salgado acusado de 65 crimes. Veremos que justiça vai ser feita

Os lucros da banca que actua em Portugal, revelados nos últimos dias, deram aos meios de comunicação oportunidade para veicular uns quantos reparos moralistas. O moralismo consistiu nisto: manifestar uma espécie de comiseração para com o cidadão comum, aflito para pagar as contas, ao mesmo tempo que se justificava a opulência da banca como coisa absolutamente impoluta e inelutável. Como quem nos diz: “Temos pena, mas são estas as regras do jogo”.


França: crise da civilização burguesa posta a nu

Manuel Raposo — 6 Julho 2023

As novas gerações sabem que vão viver toda a vida pior ainda que os seus pais

Quem não queira confundir o rastilho com a pólvora percebe que os motins dos últimos dias em França não têm propriamente a ver com o assassinato do jovem Nahel Merzouk às mãos da polícia — de que apenas são o efeito imediato —, mas radicam num profundo apodrecimento da sociedade francesa. As suas marcas são o racismo, a desigualdade económica, a repressão que atingem sobretudo os franceses de segunda e os imigrantes.


A exploração de trabalho infantil nos EUA

Editor / Workers World — 17 Março 2023

Crianças migrantes a serem fiscalizadas pela guarda fronteiriça dos EUA no Texas. Só nos últimos dois anos, 250 mil menores não acompanhados entraram nos EUA (New York Times, 25.02.2023)

Como a base da civilização é a exploração de uma classe por outra classe, alertava Friedrich Engels em 1884, cada progresso da produção é simultaneamente um retrocesso na situação da classe oprimida. Poderia pensar-se que, século e meio volvido, tal drama tivesse sido ultrapassado e que o “crescimento económico” proporcionasse óbvio bem-estar às populações colocadas na senda do “progresso”. O dia a dia dos trabalhadores de hoje, em todos os cantos do planeta, desmente tal ideia. Mas a denúncia recente de exploração de mão-de-obra infantil nos EUA vem dar ao caso uma outra dimensão.


A eterna questão da habitação

Manuel Raposo — 9 Março 2023

A boa memória do PREC

Bastou o Governo anunciar umas tímidas propostas de remedeio da desgraçada situação habitacional do país, para que a direita, num reflexo salazarista, viesse acusar António Costa de “comunista” e alcunhar as medidas como um atentado à sacrossanta propriedade privada. Os actores de tal histeria sabem bem que ninguém no governo é “comunista”, nem a propriedade privada está em risco. Tamanho coro de queixas exaltadas serve para gerar confusão e lançar mais uma acha na fogueira da luta partidária. Mas, sobretudo, serve para travar à partida qualquer tentativa de bulir com a liberdade dos proprietários fundiários e dos investidores financeiros de especularem à vontade com o parque habitacional e a construção.


Mulheres de todo o mundo, uni-vos!

Editor — 8 Março 2023

No ano passado, de janeiro a novembro, foram assassinadas em Portugal 28 mulheres, 25 delas em contexto familiar ou de intimidade. Nas tarefas domésticas, as mulheres portuguesas arcam com 87% do tempo e os homens 12%. A taxa de pobreza e de desemprego é maior entre as mulheres. (Dados da UMAR e da Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género, 2022)


O que nos dizem as sondagens sobre a guerra

Urbano de Campos — 12 Fevereiro 2023

Itália fora da guerra, Itália fora da Nato. Março 2022

Sondagens de opinião feitas ao longo do ano passado desmentem que a população europeia esteja de alma e coração com a política da UE e da Nato a respeito da Ucrânia, como a monocórdica e esmagadora propaganda oficial pretende fazer crer. Ao contrário, revelam uma percentagem muito significativa de pessoas que se manifestam pelo fim rápido da guerra, mesmo que a Ucrânia tenha de ceder território. Esta posição tende a aumentar com o agravamento dos efeitos económicos do conflito e das sanções, e ganha maior expressão sobretudo entre as classes sociais com menores rendimentos.


Imigrantes mortos? Foi um azar…

Editor / MAR – Movimento Anti-Racista — 10 Fevereiro 2023

Sem condições de habitabilidade, nem depois nem antes do incêndio

O incêndio que, no centro de Lisboa, matou dois imigrantes e feriu mais catorze foi motivo para todas as lamentações e condolências imagináveis por parte dos poderes públicos: Junta de Freguesia, Câmara Municipal, Presidência da República, Governo. Esta tragédia, no entanto, apenas veio pôr a descoberto uma situação de todos conhecida: a miséria e a marginalização em que a mão-de-obra imigrante é mantida. 


Bilionários altamente poluentes

Editor / Jessica Corbet — 10 Novembro 2022

Cheias no Paquistão 2022: 1200 mortos, 6000 feridos, 300.000 casas destruídas

É sentimento comum que as discussões e as resoluções que visam travar as alterações climáticas resultantes da acção humana não produzem efeitos práticos. As diversas cimeiras do clima assim o mostram de ano para ano, por mais apelos que sejam feitos aos poderes públicos, por mais metas que sejam estabelecidas, por mais dramáticos que sejam os discursos, como o que o secretário-geral da ONU, António Guterres, voltou a fazer, desta vez no Egipto. Não é de esperar que a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que decorre em Sharm El-Sheikh, dê resultados diferentes.