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Tópico: País
Londres e Pedrógão Grande
Urbano de Campos — 30 Junho 2017
No incêndio em Londres que fez arder como uma tocha um prédio de apartamentos com 24 andares, morreram quase 80 pessoas. Em Pedrógão Grande, num dos maiores fogos florestais de que há registo, morreram mais de 60 pessoas. Em Londres, os 600 habitantes atingidos eram quase todos imigrantes e descendentes de imigrantes e ficaram sem nada. Em Pedrógão, as centenas de pessoas das aldeias isoladas, onde os bombeiros mal podem chegar, não eram ricas e muitas perderam tudo.
Num caso como noutro as causas dos fogos terão sido naturais: um curto-circuito num frigorífico, e um raio que incendiou uma árvore. Não há portanto a desculpa útil da “mão criminosa”.
Repressão e xenofobia avançam na Europa
Carlos Completo — 23 Junho 2017
A grave crise económica que atinge o capitalismo a nível mundial, os problemas criados pelas muitas centenas de milhares de imigrantes que aportaram e aportam ao continente europeu (em grande parte fugidos das guerras desencadeadas e alimentadas pelo imperialismo ocidental), assim como as acções terroristas do chamado Estado Islâmico, são factores poderosos que servem de pretexto aos governos europeus para a adopção de medidas securitárias que afectam grave e diariamente o campo dos direitos sociais e humanos dos cidadãos.
O PCP reflecte sobre o socialismo
António Louçã — 18 Junho 2017
Num seminário realizado em Lisboa, no fim de semana de 17 e 18 de Junho, o PCP debruça-se sobre a actualidade de um projecto socialista, a cem anos da Revolução de Outubro. Em entrevista ao “Público”, o “ideólogo comunista” Albano Nunes produz uma afirmação de aparência inovadora sobre a visão que o partido tem do regime socialista: “Nós não defendemos o regime de partido único”.
Mas a explicação que antecede esta frase dá-nos uma ideia mais precisa sobre o pluripartidarismo admitido pelo PCP para o regime socialista: “O Partido Comunista tem de ter um papel dirigente, naturalmente ao lado de outras forças políticas, como o nosso programa estabelece”.
Em memória de Alípio de Freitas
14 Junho 2017
Morreu Alípio de Freitas. Nos seus 88 anos de vida podem contar-se várias vidas. Nascido em Trás-os-Montes, foi padre. Viajou para o Brasil e empenhou-se, ainda como sacerdote católico, na luta dos pobres. Passou pela URSS e por Cuba. Regressou ao Brasil depois de 1964, já não como padre, e integrou a luta amada contra a ditadura. Foi preso em 1970 e torturado. Após 9 anos de cadeia, foi libertado na condição de apátrida. Rumou a Moçambique para junto dos camponeses pobres. Regressado a Portugal em 1983, participou nas acções populares e nas lutas da esquerda. Integrou, desde 2004, a Audiência Portuguesa do Tribunal Mundial sobre o Iraque.
No início deste ano, inúmeros amigos prestaram-lhe homenagem na forma de um livro — “Palavras de Amigos” (*) — com mais de uma centena de depoimentos. Como evocação do lutador incansável, deixamos aos leitores o texto em que Alípio de Freitas, nesse mesmo livro, conta em traços largos a sua própria vida.
Mais dinheiro para a NATO?
Pedro Goulart — 30 Maio 2017
Na cimeira da NATO, recentemente realizada em Bruxelas, Donald Trump acusou “23 dos 28” países membros desta Organização de não cumprirem as suas “obrigações financeiras”, avisando que 2% do Produto Interno Bruto “é o mínimo” exigível para reforçar a defesa colectiva. E afirmou que tal “não é justo para as pessoas e contribuintes dos Estados Unidos”, salientando que algumas destas nações “devem massivas quantidades de dinheiro dos últimos anos”. Trump referia-se ao compromisso, assumido na cimeira desta organização imperialista, em 2014, de, no espaço de uma década, todos os aliados destinarem 2% do respectivo PIB a despesas militares.
PDE é nome de arma política
Manuel Raposo — 12 Maio 2017
Já com as contas públicas de 2016 encerradas, um coro de vozes a vários tons — FMI, Banco Central Europeu, Ecofin, Comissão Europeia — veio lembrar as fragilidades da economia portuguesa, as incertezas futuras, a “insustentabilidade” dos valores conseguidos. Tudo apontando numa mesma direcção: a necessidade de “reformas”. Teve, obviamente, os esperados ecos internos vindos do Conselho das Finanças Públicas, das organizações patronais e, claro, da direita troiko-dependente. E em cima de tudo isto, as agências de rating re-confirmaram o “lixo” para que remetem a economia lusa.
Arrasta-se assim, sine die, o prazo para o esperado levantamento do chamado “procedimento por défice excessivo”, contrariando o optimismo de Marcelo e de Costa.
Lutas em vários sectores laborais
Pedro Goulart — 7 Maio 2017
Trabalhadores do comércio e dos serviços, da hotelaria, dos transportes e da indústria puseram em marcha, nas últimas semanas, greves e protestos diversos por aumentos salariais e melhores contratos de trabalho. Contrariam assim a acalmia nas acções reivindicativas que se verificou com a formação do actual governo. Se esta movimentação se mantiver e se alargar a mais sectores, podem criar-se condições para uma mudança da situação vivida no último ano e meio.
A impossibilidade de o governo de António Costa dar satisfação, por um lado, às directrizes da União Europeia e às exigências do capital e, por outro lado, às justas reivindicações das classes exploradas, aponta nesse sentido. O jogo de cintura de que o governo tem dado provas, bem como a “flexibilidade” do BE e do PCP no apoio prestado ao governo, têm limites — esses limites são as necessidades dos trabalhadores em melhorarem a sua vida de forma palpável. A profunda crise do capitalismo não comporta, ao mesmo tempo, o aumento de lucro dos capitalistas e progressos significativos nas condições de vida dos trabalhadores e do povo. O caminho é a luta, sem a ilusão de que o capital e o trabalho possam sair ambos a ganhar.
O sangue da manada
6 Maio 2017
Os manejos da União Europeia sobre o défice e a dívida pública não se destinam só a Portugal. Pela mesma altura que o holandês Dijsselbloem lançava a suas atoardas contra os países do sul (como bom colonialista que vê nos índios e nos negros apenas preguiçosos), o alemão Schauble punha a hipótese de colocar a Grécia fora do euro (como se a expulsasse do Espaço Vital alemão). Ou isso ou, mais “reformas”, disse ele.
Tais “reformas”, depois de tudo o que já foi “reformado” na Grécia, só poderiam significar destroçar a sociedade grega e reduzir os gregos a escravos.
Talvez porque comece a ver que esta via das “reformas” está esgotada, Schauble já admite a possibilidade de afastar a Grécia do euro. Porquê?
Editorial
Liberdade a sério
3 Maio 2017
Tirando as manifestações populares, as comemorações do 25 de Abril são de há muito uma exibição das forças do poder. Discursos sobre os seus planos para o país, condecorações aos seus servidores ou aos seus personagens emblemáticos, às vezes ocasião para guerrilhas partidárias.
Mesmo as manifestações de rua se mostram cada vez mais saudosistas, sem real capacidade de intervenção política. Fala-se, claro, do que “ainda falta fazer” (Catarina Martins, BE) ou garante-se, num suplemento de ânimo, que o 25 de Abril “está carregado de futuro” (Jerónimo de Sousa, PCP). Mas a verdade é que tudo não passa de uma evocação momentânea, em que as massas, quando muito, soltam os seus gritos de alma, deixando depois “aos políticos” e ao Estado a tarefa de fazerem no resto do ano o que o povo está impedido de fazer: transformar a vida pelas sua próprias mãos, dar outro caminho ao país. E, no entanto, se houver memória, foi isto que aconteceu no breve ano e meio de Abril a Novembro.
25 de Abril e unidades balofas
António Louçã — 28 Abril 2017
“É preciso mudar alguma coisa para tudo continuar na mesma” era um lema fundamental do velho reformismo. Havia também quem o traduzisse popularmente numa outra fórmula: “Vamos dar-lhe [ao proletariado] os anéis, para conservarmos os dedos”.
Hoje, tudo isto mudou. Quando ouvimos um governo social-democrata falar em “reformas”, devemos traduzir o calão críptico para a linguagem mais chã que falamos todos os dias: esse governo está, na realidade, a falar em contra-reformas.
O “reformismo” dos nossos tempos é um frenesi de invenções neo-liberais como o restabelecimento das jornadas de 10, 12 e mais horas diárias, o aumento da idade da reforma, o aumento de propinas e taxas moderadoras, o pagamento de cada vez mais TSU dos patrões pelos trabalhadores e outras “novidades” que no limite deveriam levar-nos de volta ao tempo da escravatura.