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Tópico: Efeméride
25, o deles e o nosso
Manuel Raposo — 25 Novembro 2019
Sobre o 25 de Novembro, 44 anos depois, está tudo dito e (quase) tudo provado. Foi um golpe militar conduzido pela ala direitista do MFA, teve o apoio das secretas e dos governos europeus e norte-americano, Mário Soares foi o seu testa de ferro, pôs fim ao movimento popular mais radical da história portuguesa recente, criou condições para a reconstituição do grande capital, destruiu as organizações populares e fez retroceder as conquistas de 19 meses de acção directa de um povo farto de mordaças — festiva, solidária, empenhada, como todas as movimentações que constroem coisas novas.
Uma democracia cinzenta, engravatada, dita representativa, moderna, europeia, tomou o lugar do que fora um simples, tímido, esboço de democracia popular. Não foi preciso esperar 44 anos para ver os frutos: primazia absoluta aos negócios, corrupção, fortunas fulgurantes, diferenças colossais entre riqueza e pobreza, degradação dos serviços sociais, afastamento da massa do povo de qualquer decisão política (depois queixam-se da abstenção…), os pobres de novo empurrados para baixo. Eis o monopólio político da burguesia.
A gravação perdida e achada do 11 de Março de 1975
Uma assembleia que a história dos vencedores chamou “selvagem”
António Louçã — 3 Maio 2019
Um livro de Almada Contreiras, Jacinto Godinho e Vasco Lourenço veio colocar ao alcance do público a transcrição, praticamente integral, das discussões havidas na famosa assembleia de 11 para 12 de março de 1975. A assembleia realizou-se poucas horas após o putsch spinolista, em que o RAL 1 foi bombardeado por aviões da Força Aérea e cercado por tropas pára-quedistas, com um saldo de um morto e quinze feridos. As bobines com o registo áudio da assembleia, dadas como perdidas durante muitos anos, são uma fonte fundamental para compreender o que se passou. E isso já bastaria para a publicação ser aplaudida e os seus promotores felicitados pela iniciativa.
Maio de 68: mais do que a agitação estudantil
Manuel Raposo — 10 Maio 2018
Cinquenta anos passados, não há propagandista, por mais rasteiro, desta burguesia em fim de festa, que não se compraza em declarar morto o movimento de Maio de 68. A evocação que toda a comunicação social dele tem feito — em tom de enterro festivo — só tem lugar, aliás, pelo facto de as classes dominantes considerarem que a coisa é hoje inóqua e que as “transformações” reclamadas nas ruas foram absorvidas pela sociedade burguesa.
“Soldado Milhões” — o filme e a lenda
António Louçã — 21 Abril 2018
O filme de Gonçalo Galvão Teles e Jorge Paixão da Costa que agora estreou será, para o público escassamente informado sobre a Primeira Grande Guerra, uma reconstituição estimulante de ambientes e de personagens. À primeira vista, as entorses ao rigor histórico serão desculpáveis com o formato de “ficção histórica” que é o do filme.
Mulheres espanholas mostram o caminho
Urbano de Campos — 9 Março 2018
Centenas de protestos e manifestações por toda a Espanha assinalaram o Dia Internacional da Mulher, 8 de Março. Numa iniciativa praticamente inédita (antes, só em 1975 as mulheres islandesas fizeram o mesmo), foi lançada a ideia de uma greve das mulheres em protesto contra a desigualdade de salários e de acesso ao trabalho, contra a violência de que são alvo, por iguais direitos. A adesão foi maciça. Mais de 5 milhões de pessoas paralisaram o trabalho por 24 horas.
Revolução Soviética . 100 anos depois
No limiar de uma crise histórica
Fred Goldstein (*) — 12 Dezembro 2017
A discussão de Lenine sobre o efeito do imperialismo na classe operária dos países imperialistas deve ser vista hoje à luz das mudanças entretanto operadas.
O processo da super-exploração imperialista libertou-se de todos os limites geográficos pela revolução científica-tecnológica e pode agora ser praticada onde quer que haja mão de obra disponível. O efeito deste processo na consciência dos trabalhadores é profundo. A exportação de capital era antes usada para forjar um estrato superior na classe operária dos países imperialistas, para amaciar a luta de classes e promover estabilidade social. Com a nova divisão mundial do trabalho, a exportação de capital serve para rebaixar os níveis de vida da classe operária dos países imperialistas, dizimar as camadas superiores dos trabalhadores e de sectores das classes médias, e destruir a garantia de trabalho e os benefícios sociais.
Revolução Soviética . 100 anos depois
Uma mudança de época
Tom Thomas (*) — 4 Dezembro 2017
O fracasso dos processos revolucionários na ex-URSS e na China, seguido de um rápido retorno ao capitalismo “clássico”, levou alguns ideólogos a proclamar que o capitalismo planetário era o fim da história. A análise da crise actual mostra que é antes a sua história que se aproxima do fim. O capitalismo só pode subsistir, degradando-se, por meios que são catastróficos para as condições de vida dos povos, sem sequer falar da destruição maciça de todas as espécies.
Ao mesmo tempo, as condições materiais para a abolição do capitalismo — portanto, da condição proletária — estão hoje infinitamente mais maduras do que estavam para essas revoluções, inclusive na componente internacional. Senilidade do capitalismo, necessidade vital e possibilidade do comunismo são as características gerais da época presente: uma nova época.
Mudar de Vida, 10 anos
16 Novembro 2017
Completaram-se em Outubro dez anos desde que o jornal Mudar de Vida começou a ser publicado, nos suportes internet e papel. Os seus propósitos, expressos no estatuto editorial, eram ambiciosos. Mas eram os que se impunham a uma publicação que pretende romper com a informação dominante, mesmo considerando a colossal desproporção de forças.
Essa ambição assentava numa base de apoio que permitia acalentar esperança de sucesso, mesmo elementar. Algumas dezenas de activistas vindos de diversas origens discutiram e aprovaram a sua constituição. Vários núcleos de apoio e de distribuição prometiam uma difusão militante com alguma dimensão. Algumas ligações a empresas e a grupos de trabalhadores activos davam possibilidade de contacto com os problemas do trabalho e as lutas concretas.
Dez anos volvidos, muito pouco resta desta estrutura embrionária. A maioria dos colaboradores iniciais afastou-se, os núcleos locais deixaram de existir, as fontes directas de informação secaram.
Revolução Soviética . 100 anos depois
Olhar para a frente
Manuel Raposo — 7 Novembro 2017
“O principal erro que os revolucionários podem cometer é o de olhar para trás, para as revoluções do passado, quando a vida traz tantos elementos novos que é necessário incorporar na cadeia geral dos acontecimentos.” (Lenine, Abril de 1917)
As abordagens diversas dos 100 anos da revolução soviética (bem como a maioria das evocações desde sempre) falam sobretudo dos feitos de 1917, procurando ver a sua “actualidade” e transpondo-os quanto possível para o presente. É de certo modo uma abordagem cerimonial, que glorifica os acontecimentos e as figuras de então, mas que diz pouco sobre o que seria uma revolução “soviética” no mundo de hoje. Em muitos casos, subentende mesmo a miragem de uma repetição dos acontecimentos, quando as realidades desmentem essa possibilidade a cada passo.
Em memória de Alípio de Freitas
14 Junho 2017
Morreu Alípio de Freitas. Nos seus 88 anos de vida podem contar-se várias vidas. Nascido em Trás-os-Montes, foi padre. Viajou para o Brasil e empenhou-se, ainda como sacerdote católico, na luta dos pobres. Passou pela URSS e por Cuba. Regressou ao Brasil depois de 1964, já não como padre, e integrou a luta amada contra a ditadura. Foi preso em 1970 e torturado. Após 9 anos de cadeia, foi libertado na condição de apátrida. Rumou a Moçambique para junto dos camponeses pobres. Regressado a Portugal em 1983, participou nas acções populares e nas lutas da esquerda. Integrou, desde 2004, a Audiência Portuguesa do Tribunal Mundial sobre o Iraque.
No início deste ano, inúmeros amigos prestaram-lhe homenagem na forma de um livro — “Palavras de Amigos” (*) — com mais de uma centena de depoimentos. Como evocação do lutador incansável, deixamos aos leitores o texto em que Alípio de Freitas, nesse mesmo livro, conta em traços largos a sua própria vida.