Tópico: Efeméride

O seu a seu dono

Manuel Raposo — 16 Janeiro 2017

Portugal's former President and PM Soares is seen during an interview with Reuters in LisbonDo enorme esforço de propaganda desenvolvido, até à náusea, nos dias seguintes à morte de Mário Soares ressalta o propósito de criar a imagem de um Soares coerente em todo o seu percurso de vida política — antes e depois de 74 —, sempre do mesmo lado da barricada. É um expediente que convém à direita e ao poder instalado, que por isso o crismam sem problemas de “pai da democracia” e o apresentam como lutador indefectível pela “liberdade”. Soares é de facto um dos pais desta esvaziada democracia e da liberdade sem freio de que desfruta a burguesia pós-abrilista. Mas não mais do que isso.


Operação Condor: “Na história do mundo”

15 Fevereiro 2016

Manuel Contreras e muitos outros agentes das ditaduras sul-americanas foram formados na Escola das Américas, dirigida por militares e pelos serviços secretos norte-americanos. Foi uma academia de instrução militar onde os EUA treinavam militares aliados da América Latina durante a Guerra Fria. O insuspeito congressista Joseph Kennedy II chamou-lhe em 1994 (em todo o caso já depois do fim da ditadura chilena…) “escola de ditadores“, dizendo que “produziu mais ditadores e assassinos que nenhuma outra na história do mundo”.


Operação Condor: “500 anos por pagar”

A Operação Condor (ver artigo ao lado) foi da responsabilidade de Manuel Contreras, general chileno, braço direito de Pinochet. Chefe da polícia política criada pela ditadura militar em 1974, a DINA, concebeu e montou em 1975 a Operação Condor, reunindo Chile, Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia. Terão sido eliminados 100 mil opositores dos regimes em menos de duas décadas. Com o fim da ditadura chilena, Contreras, acusado de implicação directa em milhares de assassinatos, foi julgado e condenado a 529 anos de cadeia dos quais cumpriu perto de 20. Morreu em 8 de Agosto de 2015. Quando se soube que Contreras estava à beira da morte, houve manifestações nas redes sociais chilenas “rezando” para que ele não morresse, dizendo “Ainda faltam 500 anos por pagar”; ao mesmo tempo, muitos outros chilenos saiam à rua festejando o fim do torcionário.


Operação Condor ainda voa

Manuel Raposo (*) — 14 Fevereiro 2016

Pinochet_PBNuma entrevista conduzida pelos jornalistas Pedro Caldeira Rodrigues e José Manuel Rosendo (Lusa) o activista dos direitos humanos paraguaio Martín Almada revelou que a Operação Condor continua activa na América Latina e ameaça os regimes progressistas do continente.
O testemunho, prestado em 18 de Dezembro passado — e que assinalou o 40.º aniversário da assinatura do pacto de colaboração policial entre várias ditaduras latino-americanas — não teve eco na imprensa portuguesa, apesar da gravidade da denúncia feita por Martín Almada. Quando todos os regimes do nosso Ocidente democrático se mostram tão preocupados com os actos de terror que os atingem de vez em quando, é bom que se atente na escala industrial de mais este exemplo de terror de Estado de âmbito não já nacional, mas multinacional.


Otelo – “arrependimento” e delírios

Paulo Guilherme — 30 Novembro 2015

RalisJuramentoO artigo de António Louçã no MV, referente à recente e degradante entrevista concedida por Otelo (como é possível alguém descer tão baixo?) a António Nabo e a António Louçã, a propósito do 25 de Novembro, radica num erro — o de que é hoje possível atribuir qualquer credibilidade ao que afirma aquele capitão de Abril.

Para quem acompanhou de perto e com espírito critico o percurso de Otelo nestas décadas pós 25 de Abril de 1974, com envolvimento político activo e comum, assim como na participação no nefando processo judicial de perseguição política (o chamado caso FUP/FP-25) e que assistiu à construção das histórias e aos delírios de Otelo — só pode aceitar que, hoje, como em grande parte do passado, o valor das suas declarações (particularmente as que envolvem as suas responsabilidades) valem zero.
Há muitos anos, para muita gente de esquerda, Otelo é um caso perdido.


25 de Novembro, há 40 anos

António Louçã — 26 Novembro 2015

Otelo_NevesSe alguém tivesse dúvidas sobre o que Otelo foi fazer para Belém em 25 de Novembro de 1975, depois de acordar estremunhado e de passar de fugida pelo Copcon, a resposta aí está, neste aniversário redondo, dada pelo próprio: mais ainda do que entregar-se para ficar preso, foi colaborar activamente na contra-revolução.


Em luta pela organização autónoma dos trabalhadores e pela revolução proletária

Pedro Goulart — 19 Maio 2014

25A12Com a luta de massas que se seguiu ao 25 de Abril de 1974, foram grandes as conquistas obtidas pelas classes trabalhadoras e pelo povo: no domínio das liberdades, a nível da organização (comissões de trabalhadores e de moradores, sindicatos, poder popular), nos aumentos salariais, nas ocupações de casas, terras e empresas, no campo social (saúde, ensino e segurança). Mas a falta de experiência política e de capacidade organizativa revolucionárias da maior parte dos envolvidos nas lutas haviam de levar a uma pesada derrota no 25 de Novembro de 1975. E, daí para cá, sob a pata do patronato e com a intensificação da exploração capitalista, os trabalhadores e os oprimidos perderam parte significativa das suas conquistas, vendo mesmo atingidos alguns direitos fundamentais.


Os valores de Abril e os valores populares revolucionários

José Borralho — 24 Abril 2014

25AEm Portugal, há 40 anos, o 25 de Abril constituiu um golpe de morte no regime fascista, e nesse desígnio esteve junta a maioria do povo português — as várias classes a quem o fascismo oprimia — a começar nas classes trabalhadoras, e na mais explorada de todas: a classe operária. Mas também as classes burguesas ansiosas de modernização do país. Foi assim, um acontecimento histórico que pareceu capaz de, momentaneamente, unir trabalhadores e patrões, as camadas populares e os burgueses; e como se sabe, esta é uma união impossível porque contém em si dois pólos opostos que se repudiam.


Plutocracia

23 Abril 2012

38 anos depois do 25 de Abril, o retrocesso na vida dos trabalhadores portugueses é evidente. Em 74-75, apesar do regresso maciço de militares e civis, o desemprego não passou dos 5%; hoje está nos 15%. O mesmo com os salários: a forte subida de 74-75, que chegou a atingir 7% e 15%, foi brutalmente contrariada nos anos seguintes com duas intervenções do FMI; e nos últimos anos caíram a pique, sob a acção devastadora dos PEC e da troika. A parte do trabalho na repartição da riqueza subiu em 74-75 a mais de dois terços; hoje é menos de metade.
Tudo obedeceu a uma regra simples: quando a luta de massas esteve em alta, os trabalhadores ganharam vantagem; quando enfraqueceu, ganhou o capital.


Assalto ao quartel de Beja faz 50 anos

9 Janeiro 2012

O Movimento Cívico Não Apaguem a Memória, vai comemorar o 50.º aniversário do assalto ao quartel de Beja – acção ocorrida em 1 de Janeiro de 1962 e inserida num plano para o derrube do regime fascista. Realizar-se-á uma sessão aberta ao público na Biblioteca Museu República e Resistência, na Rua Alberto de Sousa,10 A, em Lisboa, com início às 15h horas, no próximo dia 14 de Janeiro. Serão oradores o coronel Matos Gomes e os historiadores António Louçã e Irene Pimentel, contando-se ainda com a presença de alguns dos participantes naquela acção.