Cardeal apolítico

9 Maio 2011

Depois de ser eleito presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, o cardeal patriarca de Lisboa, José Policarpo, declarava aos jornalistas que defende a linha de manter a Igreja afastada da intervenção política. Palavras não era ditas, comentou o assassinato de Bin Laden para discordar “da forma” como “a morte” foi noticiada. E sugeriu mesmo uma forma alternativa de dar a notícia: “tentámos prender o senhor, houve resposta de tiroteio e num tiroteio o senhor morreu”. Sobre o assassinato em si mesmo, nem uma palavra. Um exemplo prático (em versão farisaica) de como fazer política sem parecer que se faz política.


Urânio empobrecido: as armas que não ousam dizer o seu nome

David Wilson, Stop the War Coalition / MV — 6 Maio 2011

natokillers.jpg“O mísseis com ogivas de urânio empobrecido (DU) encaixam perfeitamente na descrição de bomba suja… Eu diria que é arma perfeita para matar montes de gente” (Marion Falk, físico-química, Laboratório Lawrence Livermore, Califórnia, EUA)

Nas primeiras 24 horas do ataque à Líbia, aviões norte-americanos B-2 despejaram 45 bombas de mil quilos. Não sabemos se estas bombas, mais os mísseis Cruzeiro lançados dos aviões e navios franceses e britânicos, contêm ogivas de DU. Mas se a prova passada do seu uso pelas forças militares dos EUA e Reino Unido serve de guia, pode muito bem acontecer que essas armas façam parte do bombardeio que a Líbia está a sofrer.


“O meu estado psicológico resume-se em exaustão”

“Ana” — 3 Maio 2011

precarios-do-mundo-inteiro.jpgA propósito de textos que publicámos em Outubro de 2008 e Fevereiro de 2010 denunciando as condições de trabalho dos funcionários de call centers, recebemos mais um testemunho que confirma o insuportável regime imposto a esses trabalhadores, a maioria deles, se não todos, precários.


Os métodos do “mundo livre”

3 Maio 2011

Os dirigentes imperialistas Obama, Cameron, Sarkozy, Berlusconi e Ban Ki-moon, assim como alguns dos seus moços de recados, não esconderam a alegria, fazendo a festa – aí está o seu pendor humanitário – pelo assassinato de Osama Bin Laden. Embora sem simpatia pelos objectivos e métodos de Bin Laden, reconhecemos que o seu combate se dirigia contra os que se pretendem donos do mundo. Por isso, lembramos e repudiamos vigorosamente os métodos de acção e as chacinas levadas a cabo no Iraque, no Afeganistão, na Palestina, na Líbia (e, também agora, no caso de Bin Laden) a pretexto do “combate ao terrorismo” pela corja criminosa que dirige o chamado mundo livre.


A única oposição eficaz

Manuel Raposo — 28 Abril 2011

manif12marco1.jpgO ministro Luís Amado, no lugar de Sócrates, disse tudo: para efeitos de futuro governo, as alianças do PS serão com a direita. Nada que não se previsse já, mas fica sublinhado para que não sobrem dúvidas. A afirmação, de resto, vem corresponder às pressões feitas pelos porta-vozes directos do capital desde que a crise dos negócios se agudizou e desde que o receio de convulsões sociais se começou a perfilar.
Começando por defender um acordo governativo, ou “de regime”, entre PS e PSD – o chamado bloco central – as forças do poder económico apostam agora abertamente num bloco de direita que não deixe de fora o PS. É a esta viragem que o PS, através de Luís Amado, vem dizer que sim.


Patriotas interessados

25 Abril 2011

Dois dos subscritores de um chamado compromisso nacional, preenchido essencialmente por destacados homens do capital, parecem já ter começado a pôr em prática este seu compromisso com a pátria. Belmiro de Azevedo e Alexandre Soares dos Santos, proprietários do Continente e do Pingo Doce estão a fazer chantagem sobre os trabalhadores destas empresas de distribuição, ameaçando-os com processos disciplinares, pretendendo obrigá-los a trabalhar no 1º de Maio. O Sindicato dos Trabalhadores do Comércio já apresentou um pré-aviso de greve para o dia 1 de Maio, de modo a permitir que os funcionários dos hipermercados possam gozar o feriado do Dia do Trabalhador.


Legítima resposta

24 Abril 2011

Numa manifestação de precários em Espanha, um cartaz da “geração sem futuro” dizia: “Sem casa, sem reforma, sem medo”. Também em Lisboa, na manifestação da “geração à rasca”, um dístico perguntava: “Quando não tiveres nada a perder, o que serás capaz de fazer?”.

Estes dizeres revelam uma disposição de luta que é preciso incentivar. Indicam uma viragem possível e desejável para a resistência de massas, de resposta ao terror social imposto pelo patronato. O mesmo exemplo de destemor se pode tirar das revoltas populares nos países árabes.


Sem medos

22 Abril 2011

manif12marco6.jpgDepois das grandes manifestações de 12 e 19 de Março, em que centenas de milhares de trabalhadores, desempregados e jovens exprimiram o seu descontentamento e apresentaram as suas reivindicações, a luta tem prosseguido nas ruas e nas empresas. Embora em menos locais e com menos força do que seria necessário para barrar a ofensiva do capital. Em Março e Abril, milhares de trabalhadores lutaram contra os cortes de salários, a supressão de direitos no trabalho, a intenção de alguma empresas avançarem com as privatizações, assim como a defesa das liberdades. E em 6 de Maio estarão em greve os trabalhadores da Função Pública.


José da Conceição

21 Abril 2011

Morreu em 16 de Abril, com 74 anos de idade, José da Conceição, natural de S. Francisco da Serra, Santiago do Cacém. Desde jovem, foi um empenhado activista político desenvolvendo inúmeras iniciativas culturais em associações populares, primeiro em Grândola, depois em Viana do Castelo e em Lisboa. Privou então com José Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Carlos Paredes, Fausto, José Saramago e outras figuras da oposição à ditadura. Nos anos 70, integrou como militante as organizações revolucionárias O Comunista, Organização Comunista Marxista-Leninista Portuguesa e Partido Comunista Português (Reconstruído). A nossa homenagem ao antigo camarada e ao lutador que José da Conceição sempre foi. JCC, MR


Fukushima e a luta de classes

António Louçã — 21 Abril 2011

fukushima.jpgComeçou-se por dizer que a catástrofe de Fukushima não atingiria as proporções de Chernobil. Claro, ficaria mal a um dos países-modelo do capitalismo global ter construído centrais nucleares no enfiamento de terramotos e maremotos. A imprevidência, para encaixar nos padrões vigentes de correcção política, devia ser exclusiva da burocracia soviética. Agora, já se admite que Fukushima pode ter consequências tão graves ou mais que as de Chernobil.


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