“O meu estado psicológico resume-se em exaustão”

“Ana” — 3 Maio 2011

precarios-do-mundo-inteiro.jpgA propósito de textos que publicámos em Outubro de 2008 e Fevereiro de 2010 denunciando as condições de trabalho dos funcionários de call centers, recebemos mais um testemunho que confirma o insuportável regime imposto a esses trabalhadores, a maioria deles, se não todos, precários.

“Também eu trabalho num call center da TMN, e realmente sinto que ninguém faz ideia do que é trabalhar lá. Das coisas que ouvimos dos clientes, da forma como nos tratam, e ainda o que ouvimos dos superiores só porque naquele dia não conseguimos vender nenhum serviço.

Simplesmente não têm ideia do que é estar 9 horas, sim porque são raras as vezes que faço 8 horas, a ouvir clientes a lamentar as suas vidas e a despejar a fúria sobre nós só porque não conseguem enviar SMS.

Sou também licenciada, e tenho uma série de adjectivos que conseguem definir o meu estado psicológico neste momento, mas resume-se em exaustão.

E, apesar de falar 9 horas por dia, sinto que não estou a ser ouvida e, pior ainda, sinto que o nosso trabalho não é digno, nem ninguém se interessa e muito menos fazem ideia do que é trabalhar num sítio como estes, em que trabalhamos fins de semana, sim porque só quem está lá há mais de 3 ou 4 anos é que tem direito a fins de semana e a um horário diurno, não sabem o que é trabalhar no dia de Natal, na véspera de Natal e todos os feriados, porque nem isso é rotativo.

Há muito trabalho precário, mas sem duvida que este é um dos piores. Fica aqui o meu desabafo.”


Comentários dos leitores

O 15/5/2011, 16:04

São muitos na mesma situação...


Envie-nos o seu comentário

O seu email não será divulgado. Todos os campos são necessários.

< Voltar