Teoria por medida

17 Abril 2011

Reflectindo sobre os assassinatos em massa praticados pelos nazis e pelos “comunistas soviéticos” (Público, 4 Abril), JC Espada, figura destacada da Universidade Católica, conclui, na linha de um historiador liberal inglês, tratar-se do efeito “do apagamento da dimensão religiosa da civilização europeia”, da perda do “papel civilizador da religião cristã e da tradição judaico-cristã” e do “ateísmo militante de ambos os exterminadores”. Ficam por explicar as chacinas dos EUA protestantes (In god we trust) em todo o mundo; dos britânicos anglicanos na Índia, África ou Irlanda; dos fanáticos israelitas na Palestina. O fôlego teórico foi curto, mas percebe-se a utilidade política da conclusão.


Vítor Bento, o moralista

Carlos Completo — 16 Abril 2011

loureiro_costa_cavaco.jpgVítor Bento, presidente do Conselho de Administração da SIBS – Sociedade Interbancária de Serviços (empresa que gere a rede do Multibanco) – e há algum tempo nomeado por Cavaco Silva para membro do Conselho de Estado, em substituição de Dias Loureiro, apresentou recentemente o livro Economia, Moral e Política, em que acusa os políticos como os maiores culpados pela crise económica internacional. Aqui, o autor discorre sobre uma Moralidade exterior à Economia, pretendendo autonomizar aquela do contexto económico-social que a determina.
Lembramos que este é o mesmo Vítor Bento que foi promovido no Banco de Portugal, por Constâncio, quando já lá não estava há vários anos (que moralidade?). O mesmo Vítor Bento defensor da flexibilização da legislação laboral e do abaixamento do salário dos trabalhadores, para melhorar a “competitividade” da economia.


Espírito caritativo

15 Abril 2011

Numa visita à Associação para o Desenvolvimento de Rebordosa, Passos Coelho afirmou que “Se não for dada uma atenção especial aos grupos de maior risco não conseguimos a paz e a justiça social para podermos fazer a recuperação da nossa economia e a criação de emprego” e “se nada for feito rapidamente pode-se ter uma situação de ruptura social em Portugal”. Ora, esta gente do chamado arco governativo bastante tem feito, e pretende continuar a fazer, para que haja muitos “desprotegidos”. Há quem fabrique os pobres para depois poder praticar a caridade. Mas, actualmente, o que mais parece preocupar Coelho é uma justificável e previsível agitação social no País.


EUA: povo contra a guerra

14 Abril 2011

Milhares de pessoas (10 mil segundo os organizadores) participaram em Nova Iorque, a 9 de Abril, numa das maiores manifestações contra a guerra dos últimos anos nos EUA. Em S. Francisco teve lugar manifestação idêntica no dia 10. Convocadas por mais de 500 organizações, no âmbito de um Comité Nacional de Unidade Contra a Guerra, exigiram o fim das guerras e a retirada das tropas dos EUA do Afeganistão, Iraque, Paquistão e Líbia. Reclamaram o corte nas despesas militares e o apoio ao emprego, educação, saúde, habitação e ambiente. Defenderam o fecho de centrais nucleares. Exigiram o fim do apoio dos EUA a Israel e da ocupação da Palestina e o fim do racismo contra os árabes e o islamismo.


Uma denúncia da conspiração francesa para derrubar Gaddafi

Cristina Paixão — 13 Abril 2011

sarkozykadafi.jpgDe mentira em mentira, de discurso em discurso, tecem as reais potências e prepotências deste mundo a fábula e a teia que nos apanhará a todos, insignificantes insectos, actores de um teatrinho cujo guião desconhecemos, um drama do qual não somos autores. Reservam-nos o direito, apenas, a acreditar cegamente no teleponto que, magicamente, repete a mesma ladainha, em todos os lugares possíveis. Confortavelmente instalados nos seus magníficos gabinetes, decidem quem vive e quem morre; quantos desempregados ou privatizações serão necessárias para saciar a gula dos financeiros; contra que dissidentes farão a guerra; quantas mães, pais, crianças, morrerão na sua luta privada pelo domínio do mundo. Uma conspiração de estúpidos, onde os superlativos néscios papagueiam e consentem.


“Direitos humanos”

10 Abril 2011

Um editorial do Público (4 Abril) condenava o “Ocidente” por não ter reagido à prisão recente de um opositor político chinês. Dizia tratar-se de “capitulação” ante o poder económico da China. Como de costume, o editorial tem fraca memória e olha só para um lado, omitindo as violações de direitos humanos no Iraque, no Afeganistão, na Palestina, etc. Mas sobretudo parece não entender que o argumento dos direitos humanos, lançado nos EUA por James Carter, nunca foi um princípio político do “Ocidente”, mas apenas uma arma de arremesso. Não são, pois, só os negócios que ditam o silêncio de agora – é a convergência das potências, no sentido em que se diz que os bons espíritos sempre se encontram.


Haja esperança!

9 Abril 2011

Arrancou em Lisboa, Entroncamento e Feira um “projecto-piloto” de distribuição de refeições a pessoas com “dificuldades económicas”, isto é, fome. Promovida pela Associação da hotelaria e restauração, a iniciativa já garante 230 (!) refeições por dia, 5 (!) por cada restaurante aderente. Dos mais de 2 milhões de pobres do país, 230 já têm, pois, comidinha garantida – e de restaurante. A coisa tem o patrocínio do presidente da República e conta com uma comissão de honra que ambiciona levar o exemplo a outros países! É assim: primeiro, despedimentos e corte de apoios sociais; depois, entram as almas condoídas com a sua caridadezinha. Para ver se evitam o que mais temem: a revolta dos pobres.


FMI: os vampiros vêm em bandos

8 Abril 2011

Vêm em bandos e avançam sem pés de veludo, vêm sugar o sangue fresco e o sangue velho dos trabalhadores. São os dirigentes do FMI, da OCDE, da UE, do BCE, dos partidos políticos do patronato (PSD, PS e CDS), são a generalidade dos analistas dos média… que todos os dias nos listam um conjunto de itens ditos necessários para sair da “crise”: flexibilização das leis laborais, redução de salários e pensões, embaratecimento dos despedimentos, diminuição dos subsídios de desemprego, crescente entrega da saúde e da educação aos privados, subida dos impostos, privatização dos transportes públicos… Não podemos franquear-lhes as portas. Com os meios necessários, há que correr com todos estes bandos!


Banqueiros ordenaram…

7 Abril 2011

As classes dominantes, através dos banqueiros, deram a ordem à gente do chamado arco governativo para um pedido imediato de “ajuda” dirigido ao FEEF/FMI – e os executantes (PS/PSD/CDS e PR)… vão executar. Aqueles que têm sugado os trabalhadores e o País pretendem uma só coisa: aumentar o grau de exploração de quem trabalha. Durante os próximos meses e anos iremos sofrer medidas ainda mais gravosas impostas pelo FEEF/FMI, tornando a vida dos portugueses que vivem de salários num verdadeiro inferno. A resposta é só uma: mais força dos trabalhadores contra as decisões que os atingem. Só isso travará o bloco patronal PS/PSD/CDS. O poder e o patronato têm de temer a resposta dos assalariados.


Invasão a pedido

6 Abril 2011

Tropas francesas invadiram a Costa do Marfim em apoio a Alassane Ouattara, declarado eleito presidente pela “comunidade internacional”, contra Laurent Gbagbo, que se diz vencedor. A invasão, a pedido do secretário-geral da ONU, invoca de novo “razões humanitárias”, mas visa de facto ajudar o “assalto final” das forças de Ouattara à capital na guerra civil que se desencadeou na ex-colónia francesa, primeiro produtor mundial de cacau. Entretanto, milícias de Ouattara massacraram 320 apoiantes de Gbagbo, diz a ONU (800, diz a Cruz Vermelha). O secretário-geral da ONU manifestou-se “alarmado” e recomendou a Ouattara que investigasse o caso quando fosse presidente. Chama-se a isto imparcialidade.


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