Tópico: Sociedade

Ler, escrever, contar

27 Agosto 2009

O governo veio ufanar-se de ter “reduzido para metade o insucesso e o abandono em todos os níveis de ensino”, procurando atribuir os resultados à bondade da política governamental. Mas é fácil ver que parte significativa deste “êxito” se deve a diminuição do grau de exigência na avaliação dos alunos. Não defendemos como critério o autoritarismo dos professores e a dificuldade das provas, como faz a direita. Dizemos é que aquela simplificação revela que o nível de formação dos alunos se vem degradando, por razões pedagógicas, materiais, organizativas. Pioradas estas, disfarça-se o mal afrouxando a avaliação. O regime precisa de pouca gente instruída e de muita gente instruída pelo mínimo.


Uma imagem do sistema prisional português

Manuel Raposo (*) — 15 Agosto 2009

25caxiaspresosemluta.jpgEm 16 de Julho, o Tribunal de Oeiras tornou pública a sentença que absolveu dos delitos de que eram acusados (motim, destruição e incêndio) todos os chamados “25 de Caxias”.
A falta de consistência do processo pode medir-se pelo facto de o Ministério Público só ter levado a julgamento 25 dos 180 detidos que participaram nos protestos ocorridos em 1996, e acabasse por pedir a condenação de apenas dois deles. Da parte da defesa, que pediu a absolvição de todos os réus, o acento foi colocado na denúncia das condições que se vivem nas prisões portuguesas. E esse é, de facto, o centro da questão.


José Afonso

Pedro Goulart — 14 Agosto 2009

zecaafonso_web.jpgNa passagem dos 80 anos do nascimento de José Afonso (2 de Agosto de 1929) queremos relembrar o músico – grande compositor e intérprete – que nos deixou obras tão belas, generosas e combativas, que hoje permanecem vivas como arte e símbolo da resistência ao fascismo. Das quais destacamos: Os Vampiros, Grândola Vila Morena, A Morte Saiu à Rua, Venham mais Cinco, Utopia, Coro dos Tribunais ou Galinhas do Mato. Mas queremos, sobretudo, salientar a acção do resistente e do homem solidário.


Refugiados e deslocados

30 Julho 2009

Continua a aumentar por todo o mundo o número de refugiados e deslocados. Hoje, já são mais de 42 milhões. Isto acontece devido a condições de vida degradantes, a problemas climáticos (por exemplo catástrofes) e por causa das guerras (promovidas por uns países contra outros ou por grupos militares dentro de um mesmo país). Para a ACNUR (Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados), um dos pilares de apoio a refugiados e deslocados, os cenários prioritários da sua intervenção são o Afeganistão, Paquistão, Sudão, Somália, Congo, Palestina e Iraque.


Balanço de uma festa espectacular e chauvinista

Manuel Vaz — 21 Julho 2009

fete-nacionale-johnny-sarko-bis-72dpi.jpg14 de Julho é o dia da festa nacional em França comemorativa da tomada da Bastilha, início do processo revolucionário que conduziria à queda da monarquia absoluta em 1789. Hoje, a burguesia rodeia o acontecimento de festejos espectaculares, demagógicos e chauvinistas com o intuito de seduzir as multidões.
Segundo os números da polícia, que neste caso pratica a inflação – e exactamente o contrário quando se trata de manifestações hostis ao governo – as multidões afluíram por toda a parte onde o Estado lhes proporcionou encontro.


Se eles não confiam…

19 Julho 2009

Lopes da Mota, magistrado e presidente da Eurojust, é fortemente suspeito de ter exercido pressões sobre outros magistrados para que arquivassem o processo do caso Freeport. O presidente da Eurojust veio agora levantar um incidente de suspeição, exigindo o afastamento do magistrado Vítor Silva, que dirige o processo disciplinar que então lhe foi instaurado. Diz aí Lopes da Mota que o magistrado Vítor Silva “não é imparcial”. Quando eles não confiam uns nos outros, isto é, na justiça praticada em Portugal, o que há-de pensar o simples cidadão?


Investigar para quê?

Ismael Pires (*) — 9 Julho 2009

corrupcao.jpgO relatório da organização Transparência Internacional, que analisa o combate à corrupção nos países da OCDE e foi divulgado na semana passada, passou quase despercebido entre nós. E a razão só pode ser uma. Portugal aparece citado, na pior categoria, ao lado de países como o Brasil, África do Sul, Argentina e México.
O relatório dá alguns exemplos da vergonha nacional. Portugal demorou três anos a responder a um pedido de cooperação das autoridades judiciais inglesas. Ainda se lembram do ar do senhor Procurador-Geral da República quando afiançava que não havia novidades sobre o caso Freeport? Claro, quando não se investiga nem se deixa os outros investigar, não aparecem novidades.


O verdadeiro artista

20 Junho 2009

Com o mesmo arrebatamento que põe em “Jardins proibidos”, Paulo Gonzo canta, agora em registo ecológico, a excelência da política da EDP em defesa da água, da Natureza e dos passarinhos. Jorge Palma, com o nobre propósito de ajudar a distinguir os bancos bons dos bancos maus, facultou para som de fundo de uma campanha do BES o tema “Encosta-te a mim” – levemente corrigido pela voz de um locutor para “Encoste-se a nós”, para que não haja dúvidas. Como poderia dizer Toni Silva, o verdadeiro artista é o que se põe ao serviço da recuperação dos negócios.


Uma entrevista adormecedora

Pedro Goulart — 19 Junho 2009

justicalabirinto_reduz.jpgNuma entrevista a um semanário de referência do sistema, com título especulativo de primeira página, o procurador-geral Pinto Monteiro reconhece que a Justiça não está bem mas diz que “não há ninguém inocente”. Afirma que “o legislador, os juízes, os magistrados, os solicitadores ou o cidadão”, todos, “contribuem para que a Justiça não funcione bem”. Como se as responsabilidades e o poder de um magistrado ou de um simples cidadão fossem iguais!


Alcochete, resorts e outlets

Ismael Pires — 18 Abril 2009

freeport72dpi.jpgA frente ribeirinha de Alcochete, entre a vila e a Ponte Vasco da Gama, foi usada desde os anos cinquenta para a seca do bacalhau. Ainda lá se encontram as velhas instalações, agora abandonadas, perdidas numa vasta zona alagadiça onde nidificam e vivem milhares de aves. Devido a ser uma área de alta sensibilidade ambiental encontra-se incluída na Zona de Protecção Especial do Estuário do Tejo e integra a Rede Natura. A legislação proíbe nesta zona todas as actividades que alterem as características actuais.


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