O teu nome é caridade

18 Abril 2012

A letra e o sentido do hino do Movimento Zero Desperdício, lançado “com o alto
patrocínio da Presidência da República” e que pretende “aproveitar os incontáveis
desperdícios de bens, produtos e recursos existentes, um pouco por todo o País”, são
deploráveis. Respeitando os sentimentos de quem sinceramente se empenha na luta
contra a fome, consideramos hipócrita o patrocínio de Cavaco Silva, alguém altamente responsável pela miséria do País. Alguns músicos alinham ingenuamente, outros praticam a caridadezinha. Contudo, em relação a vários, lamentamos que tenham dado cobertura a uma operação que escamoteia a verdadeira razão da pobreza e da fome – o capitalismo.


Paulo Macedo em conflito com a estatística

Pedro Goulart — 15 Abril 2012

Na ofensiva conduzida nos últimos anos pelo grande capital contra as classes trabalhadoras e o povo destaca-se o fortíssimo ataque ao sector da saúde, com cada um dos partidos do chamado arco governativo – PS, PSD e CDS – a procurar destacar-se como o mais eficiente na gestão desta política. Encerramento de urgências, aumento das taxas moderadoras, diminuição na comparticipação de medicamentos, tais algumas das malfeitorias postas em prática por sucessivos governos do capital. O actual governo, por vezes atabalhoadamente, onde a incompetência e a má fé andam de braço dado, tem procurado ir aqui bastante mais longe do que os seus antecessores. E o previsto encerramento, sob pretexto de racionalização, da Maternidade Alfredo da Costa (MAC), em Lisboa, poderá vir a traduzir-se em mais uma das malfeitorias deste governo.


A mentira como arma

Manuel Raposo — 11 Abril 2012

Por declarações contraditórias entre membros do governo, ficámos a saber que os cortes nos subsídios de férias e de Natal se prolongarão, pelo menos, por mais um ano, e que, se forem restituídos, será “gradualmente” – contra o que sempre tinha sido dito por todos eles. A justificação dada pelo ministro das Finanças, apenas depois de ter sido apertado com as suas próprias declarações anteriores, foi a de que se tratou de “um lapso”. O que resta desta história mal contada é que todos os “lapsos” serão postos a uso pelo governo para prolongar e para agravar as medidas que penalizam o trabalho.


Ao serviço dos “mercados”

11 Abril 2012

Numa entrevista à RTP, em Maputo, Passos Coelho disse que a decisão de só repor parte dos subsídios de férias e Natal em 2015, se destina a dar boa imagem do país junto dos credores internacionais. Em 2013, sublinhou, “precisamos de uma preparação bem sucedida para regressar aos mercados”, pelo que repor os subsídios antes daquela data “poderia ser uma imagem precipitada que Portugal correria o risco de oferecer aos seus parceiros europeus e ao FMI”. Confirmou assim que o “regresso aos mercados” é sinónimo de arrasar os salários. As vigarices de Passos Coelho desmontam a sua fachada de “governante responsável” e revelam-no como mais um simples servidor do capital português e do imperialismo.


“Levar os traidores do povo ao pelourinho”

ALR / MR / PG — 9 Abril 2012

Um reformado grego de 77 anos, Dimitris Christoulas, antigo farmacêutico, suicidou-se no dia 4 de Abril com um tiro na cabeça, na Praça Sintagma, no centro de Atenas, frente ao parlamento, para onde habitualmente convergem as manifestações de protesto da população grega. Deixou um bilhete explicando porque punha fim à vida, no qual culpava o governo e as medidas de empobrecimento impostas ao povo grego.


Greve geral no Estado espanhol e demarcações políticas

Carlos Completo — 4 Abril 2012

Em 29 de Março, o Estado espanhol foi confrontado com uma greve geral que abrangeu perto de 10 milhões de trabalhadores. Além das paralisações houve ocupações. Foi ampla a participação de trabalhadores e de militantes anticapitalistas nos piquetes de greve. As principais centrais sindicais, CCOO e UGT, assim como a CNT, a CGT e a LAB, estiveram profundamente envolvidas nas lutas. As fábricas de automóveis, o sector dos transportes (incluindo os transportes aéreos), portos, centros de abastecimento na Andaluzia e Catalunha, sectores químico, mineiro, têxtil e postal, recolha de lixo e mesmo os média do sistema, foram os sectores mais afectados pelas paralisações. Num país com mais de 5 milhões de desempregados e com uma brutal reforma laboral agora imposta pelo patronato e pelo governo de Mariano Rajoy, é natural que cresça o descontentamento e a luta das classes trabalhadoras e do povo contra tais políticas.


O significado de uma carga policial

Manuel Raposo — 29 Março 2012

Foi preciso que dois jornalistas apanhassem umas valentes bordoadas da polícia, no dia da greve geral, para que a comunicação social viesse clamar contra a brutalidade e o “excesso” das forças repressivas. Bem vindos, senhores jornalistas, ao clube dos que apanham da polícia – não por prazer de vos ver sovados, mas porque essa é uma das realidades do país, e que não é de agora. Nestas ocasiões, com efeito, é bom lembrar às memórias selectivas que várias outras cargas policiais fizeram vítimas entre manifestantes, sindicalistas e pacíficos cidadãos nos últimos tempos sem que nenhuma onda de indignação se levantasse na comunicação social empresarial e sem que se considerasse que as liberdades estavam a ser espezinhadas.


António Borges, a face arrogante e cruel da burguesia

Pedro Goulart — 26 Março 2012

Recentemente, o governo PSD/CDS encarregou António Borges de acompanhar o processo das privatizações e das Parcerias Público Privadas. E escusado será referir que Borges está ideologicamente sintonizado com Passos Coelho, Vítor Gaspar, Álvaro Santos Pereira…
Para avaliarmos bem as tarefas que esperam António Borges, assim como o carácter do homem responsável pela supervisão destes processos e os objectivos da classe que representa, é importante conhecer algumas passagens do discurso por ele proferidas, em meados de Março, no encerramento de uma conferência do INSEAD (Instituto Europeu de Administração de Negócios).


Crise humanitária em Gaza

Ziad Medoukh / MV — 23 Março 2012

Quando todas as atenções noticiosas se viram para os três judeus franceses mortos nos atentados de Toulouse (das restantes vítimas quase nem se fala), importa lembrar que a matança diária de palestinianos prossegue às mãos do Estado israelita, quer através de ataques militares, como nas últimas semanas, quer estrangulando a vida das populações árabes, especialmente em Gaza, por meio de um bloqueio criminoso. É para isso que nos alerta o artigo seguinte sobre os efeitos da falta de energia eléctrica na faixa de Gaza, vai para quase dois meses.


Polícias, como do antigamente

23 Março 2012

Quem viu as imagens da polícia a bater no Chiado, em Lisboa, no dia 22, não pode ficar com grandes ilusões sobre a polícia de choque que os “democratas” no poder estão dispostos a usar na repressão sobre quem questione as suas medidas, ou até, sobre simples jornalistas, que divulguem a actuação selvagem destes “agentes da ordem”. Quem “levou” da polícia de choque antes do 25 de Abril de 1974, sabe bem do que se está a falar. Porque o assunto mereceu destaque internacional, o governo de Passos Coelho e as suas polícias vão fazer uns inquéritos, dos quais não sairá grande coisa. E ainda continua a haver, à esquerda, quem bata palmas a estes “filhos do povo”!


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