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Crónica da pandemia
Duas espinhas na garganta, ainda assim
Manuel Raposo — 2 Maio 2020
Com argumentos de defesa da saúde pública, a direita (mas não só a direita) atirou-se às comemorações do 25 de Abril e do Primeiro de Maio, classificando os promotores de irresponsáveis e de “darem um sinal errado” à população quando se pede a todos que fiquem em casa.
Pouco interessou aos críticos que as regras de afastamento físico fossem respeitadas em qualquer dos casos. Tal como não lhes interessa o facto de, todos os dias, milhares de trabalhadores que permanecem em actividade se acumulem em transportes públicos escassos e em locais de trabalho sem condições de segurança sanitária.
NATO em armas para ‘combater o coronavírus’
Manlio Dinucci (*) — 27 Abril 2020
Os 30 ministros dos Negócios Estrangeiros da NATO [no caso de Portugal, Augusto Santos Silva], que se reuniram em 2 de abril por videoconferência, encarregaram o general norte-americano Tod Wolters, Comandante Supremo Aliado na Europa, de “coordenar o apoio militar necessário para combater a crise do coronavírus”. Trata-se do mesmo general que, no Senado dos Estados Unidos em 25 de fevereiro, declarou que “as forças nucleares apoiam todas as operações militares dos EUA na Europa”, o mesmo que se declara “um defensor de uma política flexível de primeiro uso” de armas nucleares, ou seja, ataque nuclear de surpresa (1).
Interesses imperialistas acima da pandemia
Crescem as ameaças militares dos EUA e da NATO
Manuel Raposo — 21 Abril 2020
As vozes que, acreditando nas ameaças de Trump, davam conta do fim próximo da NATO, revelam-se precipitadas. O mesmo para as que acreditaram na retirada do imperialismo norte-americano dos cenários de conflito militar. O mesmo ainda para quem pensou que a crise sanitária global traria alguma trégua ao mundo.
Pelo contrário, está a tornar-se claro que para os dirigentes norte-americanos a preocupação dos povos com a pandemia é a ocasião óptima para incrementarem as ameaças militares e quiçá tentarem “resolver” alguns dos impasses dos últimos anos.
Europa: 30 mil soldados dos EUA em manobras
O maior destacamento desde o fim da Guerra Fria
Manlio Dinucci (*) — 19 Abril 2020
Os ministros da Defesa dos 27 países da União Europeia, 22 dos quais são membros da NATO, reuniram-se nos dias 4 e 5 de Março em Zagreb, Croácia. O tema central da reunião [na qual participou, por Portugal, o ministro João Gomes Cravinho] não foi como lidar com a crise do coronavírus que bloqueia a mobilidade civil, mas como aumentar a “mobilidade militar”.
O teste decisivo é o exercício Defender Europe 20 [Defensor da Europa 2020], em Abril e Maio. O secretário-geral da NATO, Stoltenberg, que participou da reunião da UE, chama a isto “o maior destacamento de forças norte-americanas na Europa desde o fim da Guerra Fria”.
A imprensa no turbilhão da pandemia
Urbano de Campos — 16 Abril 2020
No dia 2 deste mês, directores de jornais e revistas lançaram um apelo público contra a difusão electrónica, que se tornou geral e aumentou com as medidas de confinamento, das edições desses mesmos jornais e revistas. Chamam eles “pirataria” e “crime” a essa difusão, que acusam de pôr em causa a “sustentabilidade da imprensa em Portugal”. Juram bater-se por “informação credível” e pela difusão dos “melhores conteúdos”. E explicam aos leitores que “Para conseguirmos manter a qualidade precisamos da sua colaboração no combate à pirataria”. A colaboração que pedem aos leitores resume-se a isto: se querem ler, paguem.
A Europa, falecida de coronavírus
António Louçã — 11 Abril 2020
O body count de vítimas do novo coronavírus ainda vai longe do fim, mas entre as mais proeminentes destaca-se a União Europeia. A certidão de óbito, sem se assumir ainda como tal, foi emitida pela reunião do Eurogrupo de 9 de Abril, ao aprovar o pacote de medidas para responder à pandemia. Com isso, disseram os ministros da Finanças europeus, pretendiam lançar uma boia de salvação aos países que se debatem para não ir ao fundo. Se era uma boia, era de chumbo. Quem levar com ela, mais depressa se afoga.
Um detonador da crise potenciado pelo lucro
Claudio Katz (*) — 3 Abril 2020
A crise económica mundial aprofunda-se a um ritmo tão vertiginoso como a pandemia. Já ficou para trás a redução da taxa de crescimento e a travagem brusca do aparelho produtivo chinês. Agora, caiu o preço do petróleo, colapsaram as Bolsas e o pânico instalou-se no mundo financeiro.
Há quem sugira que o desempenho aceitável da economia foi abruptamente alterado pelo coronavírus. Também estimam que a pandemia pode provocar o reinício de um colapso semelhante ao de 2008. Mas nessa ocasião foi imediatamente visível a culpa dos banqueiros, a gula dos especuladores e os efeitos da desregulação neoliberal. Agora, só se discute a origem e as consequências de um vírus, como se a economia fosse mais um paciente afectado pelo terramoto sanitário.
As sanções matam. O crime compensa
Urbano de Campos — 27 Março 2020
Um representante do governo dos EUA, Brian Hook, afirmou em 20 de Março passado que a política norte-americana de “pressão máxima” sobre o Irão “é para continuar”. Rejeitava assim apelos que têm sido dirigidos aos EUA (pela China, pela Rússia e mesmo pelo Reino Unido) no sentido de levantar ou aliviar as sanções aplicadas ao Irão, em face especialmente da pandemia do covid-19. Em vez disso, uma nova carga de sanções foi anunciada na semana passada pelo governo de Trump.
A crise viral à luz da crise do capital
Manuel Raposo — 24 Março 2020
Vai ser fácil atribuir ao coronavírus a crise económica que está em curso. Os propagandistas de serviço já lhe chamam “a crise do covid-19”. Mas, como em química, é preciso distinguir os reagentes dos catalizadores. A emergência criada com a epidemia viral veio apenas precipitar o que já se desenhava e que os observadores mais atentos previam desde, pelo menos, há meses.
Um certo cheiro a nazismo
Editor — 20 Março 2020
O modo como o governo de Boris Johnson resolveu de início responder à pandemia do coronavírus foi deixar que a doença se espalhasse para que a população, dizia, adquirisse imunidade — “a imunidade de manada”. Era uma forma de não pôr à vista as debilidades do Serviço Nacional de Saúde, degradado por políticas de desinvestimento, e de evitar o colapso da economia, já de si abalada pelo marasmo geral do capitalismo e pelo Brexit.