Tópico: Mundo

Não instaura o fascismo quem quer

António Louçã — 6 Janeiro 2019

Quem nasceu para lagartixa nunca chega a jacaré. Bolsonaro foi durante 30 anos um deputado medíocre e vai tornar-se em poucos meses um ditador falhado.
As comparações com Hitler e Mussolini são completamente deslocadas. Ambos deram corpo a projectos imperiais, de grandes potências que tinham saído mal da Primeira Grande Guerra — a Alemanha derrotada e enxovalhada em Versalhes, a Itália vencedora mas frustrada com o seu escasso quinhão na partilha dos despojos.


França: a luta de classes sai à rua

Manuel Raposo — 12 Dezembro 2018

O recuo do presidente Macron, depois de quatro semanas de clima insurreccional em toda a França, pode amortecer, ou mesmo esvaziar, o movimento de protesto dos Coletes Amarelos. O acolhimento dado pelo poder aos sindicatos para efeito de “negociações” — a fim de ter “interlocutores” — pode significar que os protestos acabem numas quantas concessões quanto a salários e impostos. Mas resta sempre a lição acerca daquilo que está na origem do protesto, de como ele conquistou tanto apoio popular, de como se espalhou por todo o país (e se ramificou episodicamente à Bélgica e à Holanda) e de como atingiu o grau de violência que se viu sem perder apoios.


Eleições nos EUA: o colapso do centro político

António Louçã — 12 Novembro 2018

Sem entrar na análise dos resultados das intercalares norte-americanas, podemos resumi-los nesta conclusão fundamental — o centro político está em crise ou, mais do que isso, a sofrer um verdadeiro colapso. Quem esperava que o velho conservadorismo republicano controlasse a fúria iconoclástica do presidente, pôde agora desenganar-se. Trump, por uma vez, falou verdade quando disse que perderam eleições os republicanos mais reticentes sobre a sua administração e que as ganharam os mais seguidistas em relação a ele.


Os democratas sensatos perante o fascismo

Manuel Raposo — 23 Outubro 2018

Quando começou o processo de destituição de Dilma Russeff da presidência do Brasil, e mesmo quando ele se consumou, a direita portuguesa e os democratas-respeitadores-das-instituições disseram que não se tratava de golpe nenhum, mas apenas do normal funcionamento da ordem democrática. Quando se denunciou a mão invisível dos EUA a querer virar o rumo da América Latina, os mesmos disseram que isso era mais uma miragem da esquerda anti-imperialista.


Um sinal de putrefacção

António Louçã — 21 Outubro 2018

O comunicado saudita sobre o destino do jornalista Jamal Khashoggi admite que ele foi morto, porque era algo que toda a gente estava farta de saber. Mas não admite muita coisa que toda a gente já sabe. Com isso, cobre de ridículo os seus signatários sauditas e os seus co-autores ianques. Que outros políticos ocidentais irão deixar-se ridicularizar por proclamarem a sua própria credulidade perante este documento, é algo que ainda está para ser visto. E é algo que nos dará uma interessante unidade de medida para avaliar até que ponto apodreceu a democracia imperialista.


Um prémio à resistência

20 Outubro 2018


O 25.º Prémio Bayeux-Calvados dos correspondentes de guerra (em foto) foi atribuído ao fotógrafo palestino Mahmud Hams (AFP). Já premiado em 2007 em Bayeux (prémio de foto e prémio do público), Mahmud Hams, de 38 anos, viu de novo ser-lhe atribuído o prémio para “Confrontos na fronteira de Gaza”, uma foto realizada numa zona “de acesso muito difícil e muito perigosa”, que faz parte desses “lugares a cobrir sem sítio para se proteger”, sublinhou Thomas Coex, chefe da cobertura fotográfica de Israel e dos territórios palestinos da AFP.


Assassínio de Khashoggi: sinal dos tempos

António Louçã — 15 Outubro 2018

Jamal Khashoggi, um jornalista saudita exilado nos EUA, foi no final de Setembro ao Consulado do seu país em Istambul, para requerer uma certidão de divórcio de que necessitava para voltar a casar-se. Disseram-lhe que lá voltasse na terça-feira, 2 de outubro. Voltou e deixou a noiva à porta, com instruções para alertar as autoridades turcas se notasse algo suspeito. Foi filmado a entrar, mas ninguém mais o viu sair.


O produto da colaboração com o capital

Manuel Raposo — 10 Outubro 2018

Fernando Haddad, candidato do PT à presidência do Brasil, afirmou que a burguesia brasileira abandonou a social-democracia e apoia o fascismo. Sem dúvida. Mas interessaria também saber porque é que largas massas da população trabalhadora brasileira viraram costas à política social-democrata levada a cabo pelo PT nos anos em que esteve no poder. O fenómeno, de resto, é praticamente mundial, o que pode permitir tirar do caso brasileiro lições mais gerais.


Momento clarificador

14 Setembro 2018

Sobre a posição dos EUA acerca dos direitos da Palestina, diz a jornalista Dalia Hatuqa (Foreign Policy, 13 Setembro): “As políticas da administração Trump não representam uma mudança radical. A Casa Branca simplesmente abandonou a fachada de neutralidade e carimbou a agenda do governo israelita. Durante décadas, os dirigentes palestinos empenharam-se num processo de paz viciado, procurando levar a comunidade internacional a aceitar um estado palestino para a população da Cisjordânia e Gaza. Os EUA, por seu lado, foram mantendo a ficção de que eram um árbitro honesto e um mediador neutral.


Um circo montado em volta de McCain

Urbano de Campos — 4 Setembro 2018

Os elogios rasgados ao senador norte-americano John McCain, falecido há dias, que se fizeram ouvir nos EUA como na Europa, e mesmo por cá, têm tanto de ridículo e de vazio como têm de revelador. O piloto de caça, o criminoso de guerra, o reaccionário foi silenciado para que melhor emergisse, neste momento útil, o adversário de Donald Trump.


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