Arquivo: Agosto 2017

Uma chacina mantida sob silêncio

Urbano de Campos — 29 Agosto 2017

Mossul_reduxQuando a Rússia e a Síria mataram civis ao expulsar as forças da Al Qaeda de Aleppo, políticos e meios de comunicação dos Estados Unidos gritaram “crimes de guerra”. Mas o bombardeio liderado pelos Estados Unidos contra Mossul, no Iraque, recebeu uma resposta diferente, salienta Nicolas Davies (*), jornalista e activista norte-americano. No artigo de que publicamos largos extractos (**), o autor alerta para a campanha de mistificação conduzida pelo poder e pela comunicação social no sentido de esconder do público as dimensões da chacina que está a ser cometida. Uma campanha que começa nos EUA mas se prolonga pelos média servis de quase todo o mundo ocidental. Portugueses incluídos, claro.


O centurião exemplar

22 Agosto 2017

Donald Trump enviou a Espanha as condolências da praxe pelo atentado de Barcelona e prometeu ajudar naquilo que pudesse. A “ajuda” seguiu na forma de outro tweet em que convidava os espanhóis a estudarem o exemplo do general norte-americano John Pershing. Pershing participou na guerra entre os EUA e a Espanha, em finais do século XIX, na qual os norte-americanos roubaram Cuba e as Filipinas ao império espanhol.
Conta-se que este ídolo de Trump mandou executar guerrilheiros filipinos muçulmanos (“terroristas”, claro, que resistiam à ocupação militar norte-americana) com balas tingidas com sangue de porco. Diz Trump exultante: “Não houve mais terror radical islâmico durante 35 anos!”. Verdade ou não,


Povos europeus vão pagando

Manuel Raposo —

camarasvigilanciaComo seria de esperar, o atentado de Barcelona deu azo a mais uma frenética campanha dos estados europeus em prol da aplicação de mais medidas securitárias e de limitação das liberdades cívicas. No meio da arenga habitual, foram insistentemente focados por comentadores e “especialistas”, em concerto, dois tópicos: um, a acusação (repetida por Marcelo e Costa) de que os atentados terroristas visam “destruir o nosso modo de vida democrático”, renovando assim a tese imperialista do “choque de civilizações”; e, outro, que é preciso ir mais longe na “integração” das comunidades islâmicas na Europa.


A loucura está num sistema fautor de guerras

António Louçã — 16 Agosto 2017

trumpO presidente norte-americano respondeu ao desenvolvimento de um míssil balístico pela Coreia do Norte prometendo-lhe, em caso de novas ameaças, “fogo e fúria como o mundo nunca viu”. É uma tentação ver no alucinado inquilino da Casa Branca um perigo de Armagedão nuclear “como o mundo nunca viu”. Mas o problema tem raízes mais fundas.
Quando Donald Trump ameaça com uma hecatombe de proporções inéditas, ele está a dizer concretamente que está disposto a causar uma devastação muito superior à de Hiroshima e Nagasaki. Se não for mais uma fanfarronada trumpiana, é uma declaração de intenções genocidas, colocando na mira do Pentágono milhões de civis inocentes da Coreia do Norte, que não têm culpa de quem os governa ou deixa de governar.


Violência sem máscara

Urbano de Campos — 8 Agosto 2017

racismomataEm duas recentes investigações levadas a cabo pelo Ministério Público sobre actos de violência praticados por autoridades, foram deduzidas acusações, num caso, contra 19 militares dos Comandos, noutro caso, contra 18 polícias da esquadra de Alfragide. Tratados sempre separadamente pela comunicação social, atenuados pelos comentadores de serviço e finalmente votados ao esquecimento, os dois casos merecem ser postos lado a lado porque mostram aquilo que sempre se procura esconder: os abusos de poder, as arbitrariedades, a violência física, o racismo fazem parte do modus operandi das autoridades.


Jornalismo isento… de vergonha

2 Agosto 2017

O Congresso dos EUA aprovou novas sanções contra a Rússia, em mais um capítulo da novela sobre a suposta interferência dos serviços secretos russos nas eleições presidenciais norte-americanas. Donald Trump, que teria sido o beneficiário da marosca, e apesar das suas promessas de boas relações com a Rússia, disse-se disposto a aprovar a medida. Em resposta, o presidente russo Vladimir Putin anunciou a expulsão de 750 funcionários diplomáticos norte-americanos. Comentando esta decisão russa, o correspondente da RTP em Moscovo, Evgueni Muravich, desvalorizou a razão invocada por Putin e sentenciou que a expulsão se deve ao facto de Putin precisar de um “inimigo externo” para manter os níveis de popularidade e agregar os russos em torno da sua política. Ora aqui está


Jornalismo livre?

Carlos Completo —

caesO tipo de tratamento que alguns órgãos da comunicação social deram aos dolorosos acontecimentos recentes em Pedrógão Grande foi pretexto para a vinda a lume de fortes críticas a parte do jornalismo que hoje se pratica em Portugal. Ecos de falsos suicídios e manchetes sobre listas ampliadas de mortos tiveram grande repercussão na comunicação social, causando grande indignação mesmo até entre muitos dos que ainda acreditavam na independência e seriedade de órgãos da comunicação social como o Expresso do dr. Balsemão. Já não falamos sequer de notícias veiculadas por pasquins como o CM, SOL ou i.