Arquivo: Junho 2011

Crónica de um estoiro anunciado

António Louçã — 29 Junho 2011

divida.jpgQuantos pacotes já houve, e cada um deles era o último? À conta do Governo anterior, foram quatro. Caiu e deixou-nos um memorando. O novo Governo acha que é pouco e tem de fazer mais do que lá está prometido.
Fazer mais significa, neste caso: mais privatizações, mais despedimentos, mais impostos. Por outras palavras, sem lhe chamar pacote, já tem outro na forja. Com o caso grego diante dos olhos, já nem se dá ao trabalho de dizer que este pacote é o último e soluciona o problema. Cá como lá, o buraco não tem fundo.


A revolta grega e nós

Os governantes portugueses e os média ao seu serviço têm vindo quase sistematicamente a demarcar-se da Grécia, como se este país tivesse peçonha. Isto, fundamentalmente, para convencer a gente da troika mas, também, para acalmar os “mercados” que parece não se terem comovido com tão mesquinhas manobras. Pelo contrário, da parte dos explorados e dos anticapitalistas portugueses o que deve é haver uma forte solidariedade com os trabalhadores e o povo gregos, que se têm batido valentemente contra o domínio do imperialismo e os governos seus lacaios, dando ao mundo um notável exemplo de combatividade.


As fantochadas do TPI

28 Junho 2011

Na sequência de um pedido do procurador-geral do Tribunal Penal Internacional, os juízes deste tribunal ordenaram, no dia 27 de Junho, a prisão de Muamar Kadhafi, de um seu filho e do chefe dos serviços secretos líbios, “por crimes contra a humanidade”. Ora, sabemos como os média ocidentais conduziram uma campanha contra a Líbia para justificar a guerra que aí pretendiam levar a cabo, conseguindo mesmo o apoio ou a tolerância de vária gente dita de esquerda. Quem ainda hoje pode levar a sério estas acusações de um tribunal que nunca foi capaz de acusar os criminosos de guerra Bush e Obama e que mais não é que um tribunal fantoche ao serviço dos EUA e da NATO?


Estaleiros navais em luta

24 Junho 2011

No dia 20, os Estaleiros Navais de Viana do Castelo anunciaram um plano de reestruturação que despede 380 dos 720 trabalhadores. A Administração, com uma razoável carteira de encomendas, pretende aliviar os custos fixos, admitindo contratar 200 trabalhadores através de subempreiteiros. Apreensivos e revoltados, os operários, em plenário no dia 22, decidiram uma greve para dia 29. À noite, o presidente do Conselho de Administração, Carlos Veiga Anjos, demitiu-se do cargo, alegando insultos e tentativas de agressão por parte dos trabalhadores. Não disse que, à saída da empresa, como afirmaram testemunhas, investiu com o carro contra os trabalhadores concentrados que lhe pediam explicações.


A direita mais reaccionária passou claramente ao ataque

Carlos Completo — 18 Junho 2011

roubo.jpgDurante anos e anos escreveram e disseram, umas vezes mais claramente, outras vezes recorrendo a ambiguidades e subterfúgios, do seu ódio aos direitos e conquistas dos trabalhadores e dos mais pobres. Hoje, as classes dominantes sentem-se com mais força, com toda a direita do regime mobilizada (uma maioria parlamentar, um presidente, um governo maioritário e o apoio do PS), para uma grande ofensiva contra as classes oprimidas e exploradas. E a direita mais reaccionária passou ostensivamente ao ataque, ocupando quase totalmente os média.
Da longa lista de análises e prelecções dos políticos do regime, jornalistas, “especialistas” de serviço e outros criados do capital, destacamos aqui apenas dois exemplos significativos.


Battisti libertado

14 Junho 2011

Apesar das pressões do estado italiano e das grandes conivências da reacção brasileira, incluindo a de alguns membros do Supremo Tribunal Federal brasileiro, com tais pressões, Cesare Battisti foi posto em liberdade no dia 8. Battisti estava preso no Brasil há 4 anos e corria o risco de ser extraditado para a Itália berlusconiana. Esta libertação acontece meses depois do asilo político que lhe foi concedido no Brasil pelo ex-presidente Lula da Silva. A solidariedade militante, brasileira e internacional, obteve, aqui, uma importante vitória com a libertação deste (longamente perseguido) militante político italiano.


Os partidos da troika e da guerra

Pedro Goulart —

libya_airstrikes.jpgO actual comando da NATO em Oeiras vai ser substituído por um outro comando, de nível inferior, com a instalação do quartel-general das forças navais de ataque e apoio de intervenção rápida – o STRIKFORNATO. Os ministros da Defesa dos 28 Estados-membros da NATO acabaram de chegar a acordo, em Bruxelas, sobre as alterações na estrutura de comandos daquela organização militar imperialista.
De salientar que o STRIKFORNATO, agora “ganho” por Portugal, é o comando de uma estrutura (assente nos meios navais dos EUA) e que essa estrutura é uma das responsáveis directas por várias agressões militares da NATO, nomeadamente nos casos do Afeganistão e da Líbia.


Primeiras impressões

Manuel Raposo — 8 Junho 2011

coelhoportas.jpgPassos Coelho não perdeu tempo: mal soube que ganhara as eleições, tratou de vincar, para quem o quisesse ouvir dentro e fora do país, que se comprometia a impor, não só os “sacrifícios” previstos pelo acordo firmado com a troika, como a “ir ainda mais além”. Entende-se o significado desta declaração de intenções: fazer sentir aos “mercados internacionais” e a todo o patronato nacional que o próximo governo está disponível para todas as medidas de penalização do Trabalho, as que já estão estipuladas e as que aí vierem.


O capital que pague a dívida e a crise

Colectivo de Comunistas Revolucionários / Colectivo Mudar de Vida / Colectivo Política Operária — 1 Junho 2011

arasca.jpgTrês colectivos políticos – de Comunistas Revolucionários, Mudar de Vida e Política Operária – tomam posição sobre a nova avançada da direita à sombra do acordo firmado com a troika FMI/BCE/UE. Denunciam aquilo que se torna claro: a linha de acção do próximo governo, seja ele qual for, é cumprir escrupulosamente os ditames do acordo, e as próximas eleições apenas servem para sancionar isso mesmo. Os três colectivos apelam a uma união de forças sociais à esquerda para fazer frente ao bloco da direita, exortam os trabalhadores a rejeitarem os custos da crise e propõem medidas para que seja o capital a pagar a dívida e a crise do capitalismo português.