Arquivo: Outubro 2009

Delphi despede

26 Outubro 2009

A Delphi portuguesa tem unidades de produção na Guarda, Seixal e Castelo Branco. É uma empresa de componentes para o sector automóvel e uma das maiores empregadoras da Guarda. Decidiu agora despedir 500 dos seus 930 trabalhadores até fins de Março próximo, sob o pretexto da redução de actividade da empresa. Lembramos que nos últimos tempos a Delphi internacional encerrou várias das suas empresas em todo o mundo, despedindo 80 mil dos seus 180 mil trabalhadores. A crise prossegue para os trabalhadores.


“Agravam-se as tensões políticas e militares entre potências capitalistas”

Manuel Vaz — 24 Outubro 2009

henryhouben_72dpi.jpgHenri Houben é economista, membro do secretariado do grupo Attac Bruxelas 1 (www.bxl.attac.be) e investigador do Instituto de Estudos Marxistas de Bruxelas (www.marx.be).
Na primeira conferência da World Political Economics Society, realizada em Xangai a 2 e 3 de Abril 2006, centrou a sua intervenção na análise marxista da fase actual da globalização do sistema capitalista, declarando a dado momento: “O projecto europeu de relançamento da competitividade da Europa entra em conflito com a posição dos Estados Unidos da América que pretendem manter-se como a única potência hegemónica e impedir assim a emergência de qualquer outro rival. Deste ponto de vista, a União Europeia, sob direcção liberal ou social-democrata, não representa uma alternativa à dominação imperialista dos EUA. Pois não se trata de substituir um capitalismo selvagem, como o dos EUA, por um outro pretensamente mais civilizado como seria o da Europa. Trata-se sim de substituir uma classe dominante hegemónica por outra. Se nos voltamos para um passado recente, sabemos que a elite europeia demonstrou sobejamente ser capaz do pior: colonialismo, fascismo e nazismo, tudo isto coroado por duas guerras mundiais desencadeadas no mesmo século”.


Conversa de esquerda

O recém-eleito deputado europeu do BE Rui Tavares, escrevendo no Público no dia seguinte às eleições legislativas, concluía que “o eleitorado português continua firmemente de esquerda”, contabilizando, portanto, o PS na parcela da “esquerda”. Nesse quadro, Tavares sugeria que a “outra saída” de Sócrates (além de uma maioria com o CDS) seria “criar um diálogo à esquerda”. Não se percebe bem: primeiro, como é que o PS, sendo “da esquerda”, pode formar maioria com a direita; segundo, como é que a “conversa a sério” entre a “esquerda” (PS, BE e PCP) se afigura a Tavares “difícil”, e com o CDS não; terceiro, como é que Rui Tavares esqueceu tão rapidamente o que o PS fez nos últimos quatro anos.


Mais 92 mil desempregados

Pedro Goulart — 23 Outubro 2009

desemprego_web.jpgSegundo estudo recente do Fundo Monetário Internacional (FMI) e apesar de um ligeiro crescimento do Produto Interno Bruto previsto para o próximo ano, a destruição de emprego em Portugal continuará forte nos próximos tempos. Só em 2010 está previsto que mais 92 mil trabalhadores percam os seus postos de trabalho. E, em 2011, o drama vai continuar.


Luta dos operários da Poceram

A Poceram é uma fábrica de cerâmicas, em Coimbra, em que os trabalhadores estão em casa há 5 meses, com o contrato suspenso e com salários em atraso. Os mais de 150 trabalhadores da empresa querem impedir o encerramento da fábrica e, para tal, segundo o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Cerâmica do Centro, decidiram “invadir” a assembleia de credores, que vai reunir em 17 de Novembro. Pois, “todos trabalhadores são também credores, podem e devem ir à assembleia”, para defender os seus postos de trabalho.


Greve dos trabalhadores dos STCP

19 Outubro 2009

Em 15 de Outubro decorreu um dia de greve levado a cabo pelos trabalhadores desta empresa de transportes colectivos do Porto, em protesto contra o “excesso de horas de trabalho” imposto pela administração. Há trabalhadores que são forçados a fazer mais de 40 horas semanais, sem serem compensados por isso. A administração viola, assim, o acordo de empresa. Segundo o Sindicato Nacional dos Motoristas, esta jornada de luta obteve a adesão de 75% dos trabalhadores da empresa.


Como a CIP ditou o rumo ao governo

Manuel Raposo —

francisco-van-zeller_cip_72dpflp.jpgMal os votos das eleições legislativas estavam contados, o presidente da CIP fez saber como deveria ser o próximo governo e a sua política, com o à vontade de quem dá orientações a um conselho de administração.
Disse o senhor Van Zeller que o PS não deveria procurar apoios à esquerda e à direita conforme lhe conviesse. Mostrou que, se não obtivesse o apoio do PSD, o PS poderia negociar com ele a abstenção, que já daria para fazer passar o que quisesse com o apoio do CDS.


País Basco: paz impossível?

No País Basco, o costume: mais 10 prisões de militantes da esquerda independentista, sob a batuta do juiz Baltazar Garzón. No dia 14, parte deles, entre os quais Arnaldo Otaegi, foram detidos na sede do Sindicato LAB, em Donostia. Esta ofensiva da justiça espanhola é mais uma prova da quase impossibilidade da esquerda independentista fazer política legal no País Basco. De entre as várias manifestações de protesto contra esta situação, destacamos a carta aberta de Alfonso Sastre dirigida aos magistrados espanhóis em que afirma: “aqueles que estão aplaudindo estas detenções não são partidários da paz, antes preferem a existência da violência armada”.


Os “imprescindíveis”

14 Outubro 2009

Muito candidamente, o director-geral da Saúde disse à imprensa que, desde há meses, as empresas enviam à Direcção-Geral da Saúde listas de “funcionários imprescindíveis”, propondo-os como primeira prioridade na vacinação contra a gripe A. Não se trata de pessoas que, por motivos profissionais, estejam em contacto com gente contaminada (como sucede com médicos, enfermeiros ou bombeiros), mas sim de normais funcionários de qualquer tipo de empresa, a que os patrões atribuem um papel decisivo no funcionamento do respectivo negócio. Na emergência, é tão só a saúde empresarial que está em causa.


Que mudança?

A questão importante a colocar no final da maratona eleitoral iniciada em Abril é se está à vista uma mudança de rumo político favorável aos trabalhadores.

Nas europeias foi claro que o PS sofreu forte penalização. Foi também claro que, nas legislativas, os dois principais partidos do poder (PS e PSD) saíram diminuídos. Mas é igualmente evidente, terminadas as autárquicas, que, no balanço geral, as forças da direita mantêm forte predomínio e guardam, portanto, uma larga margem de manobra política.
Isto considerando o PS como aquilo que é: um partido da direita, simplesmente com maior capacidade de arregimentar as camadas populares e que, por isso mesmo, tem demonstrado mais eficácia na aplicação da política que convém ao patronato.