Mais 92 mil desempregados

Pedro Goulart — 23 Outubro 2009

desemprego_web.jpgSegundo estudo recente do Fundo Monetário Internacional (FMI) e apesar de um ligeiro crescimento do Produto Interno Bruto previsto para o próximo ano, a destruição de emprego em Portugal continuará forte nos próximos tempos. Só em 2010 está previsto que mais 92 mil trabalhadores percam os seus postos de trabalho. E, em 2011, o drama vai continuar.

Sabendo nós que já neste momento o desemprego efectivo em Portugal (que abrange não apenas o desemprego oficial, mas também os inactivos disponíveis e o subemprego visível) atinge mais de 600 mil trabalhadores, não estaremos longe da realidade ao prever um desemprego efectivo de 750 mil trabalhadores em finais de 2010. Isto corresponderá, então, a uma taxa de desemprego real da ordem dos 13%.

Se o desemprego atinge particularmente determinados sectores da sociedade portuguesa – operários não qualificados, trabalhadores com nível de escolaridade mais baixo e/ou com idade superior a 45 anos, a verdade é que, também, dezenas de milhares de jovens licenciados não encontram trabalho.

A acrescentar a tudo isto, é de salientar o facto de a um forte crescimento de desemprego não corresponder idêntico aumento na concessão de subsídio de desemprego. Isto é, tem crescido mais rapidamente o número de desempregados do que o número de subsídios. Assim, há hoje uma elevada percentagem de trabalhadores desempregados (mais de 30%) que não recebem subsídio. E o Ministério do Trabalho justifica (!) esta situação com a entrada de jovens (sem direito a subsídio) no mercado de trabalho e com o facto de muitos desempregados terem esgotado o período de concessão quer do subsídio de desemprego quer do subsídio social de desemprego.

Perante a crueza dos dados, é evidente que a questão do desemprego é o problema mais grave com que se debate no imediato a sociedade portuguesa. Mas o modo como se encara a atenuação deste problema depende do ponto de vista da classe em que nos inserimos. Os detentores e os representantes do capital (de Belmiro a Vanzeller) só procurarão minorar o problema numa perspectiva de reestruturação do capitalismo à custa dos próprios trabalhadores. Nós, os que nos situamos do outro lado da barricada, no campo das classes trabalhadoras, não podemos aceitar que as coisas se processem desse modo. Só a luta unida e determinada dos trabalhadores, combatendo os despedimentos, o lay-off e o trabalho precário, na perspectiva que deve ser o capital a pagar a sua crise, poderá impedir que a reestruturação se verifique essencialmente à custa de quem trabalha.


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