Que mudança?

14 Outubro 2009

A questão importante a colocar no final da maratona eleitoral iniciada em Abril é se está à vista uma mudança de rumo político favorável aos trabalhadores.

Nas europeias foi claro que o PS sofreu forte penalização. Foi também claro que, nas legislativas, os dois principais partidos do poder (PS e PSD) saíram diminuídos. Mas é igualmente evidente, terminadas as autárquicas, que, no balanço geral, as forças da direita mantêm forte predomínio e guardam, portanto, uma larga margem de manobra política.
Isto considerando o PS como aquilo que é: um partido da direita, simplesmente com maior capacidade de arregimentar as camadas populares e que, por isso mesmo, tem demonstrado mais eficácia na aplicação da política que convém ao patronato.

A resposta à questão inicial é, a nosso ver, negativa. Não se vislumbra a revogação do código do trabalho, nem a paragem dos despedimentos, nem a diminuição dos sacrifícios impostos aos trabalhadores à pala da crise.
Com os apoios de que pode dispor à direita, o novo governo vai arranjar maneira de dar continuidade à obra dos quatro anos passados. Se o combate a este rumo se ficar pela oposição parlamentar, será de novo fácil à direita prosseguir pelo caminho que quer.

A experiência dos últimos quatro anos não deixa de ser instrutiva. Primeiro, porque a penalização, embora não definitiva, que sofreram as principais forças do poder foi o efeito das ondas de protestos que agitaram e trouxeram à rua inúmeros trabalhadores. Em segundo lugar, porque, vê-se agora, essa movimentação – apesar da importância que teve – ficou muito aquém do que estava em jogo.
Na verdade, os protestos diversos ocorridos desde o Outono de 2006 tiveram um ponto fraco: não foram acompanhados por uma luta do mesmo nível nas empresas, onde a resistência do operariado foi débil, permitindo ao patronato fazer o que quis, quase sem protestos.
Resolver esta debilidade é começar a criar condições para uma mudança a sério.


Comentários dos leitores

Manuel Baptista 14/10/2009, 13:53

Sim, fartei-me de dizer isso ANTES deste ciclo eleitoral, mas muitos militantes de esquerda, não ouviram ou não quiseram ouvir: talvez agora se ponham (os mais lúcidos) a tentar compreender o que não funciona e o que é necessário transformar, na própria prática de militância ...

j.m.luz 16/10/2009, 13:33

Um editorial muito pobre e nada profundo, aconselho-vos a ler a análise as eleições e o que propôe "alutaoperaria.wordpress.com".
Um abraço
JMALuz


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