Arquivo: Junho 2008

Patriota polaco

14 Junho 2008

Perante o penálti que permitiu à Áustria empatar com a Polónia no último minuto do jogo, o primeiro-ministro da Polónia confessou publicamente que teve vontade de matar o árbitro. “Como primeiro-ministro tenho de ser ponderado e moderado mas ontem à noite eu queria matar”. Donald Tusk, homem da direita pura e dura a quem chamam o “Donald Rumsfeld polaco”, incondicional aliado de Bush, veio assim dar novo interesse, agora bélico, ao omnipresente Campeonato Europeu de Futebol. Com uma caução destas, o árbitro inglês não pára de receber ameaças de morte, mesmo sabendo-se, pelas imagens, que o penálti foi indiscutível. Estará Tusk a pensar nalguma guerra preventiva contra a Áustria, a Inglaterra ou mesmo a Suíça?


Carne para canhão

13 Junho 2008

Às 2 horas da noite de 12 de Junho, foi anunciado com grande destaque o fim da paralisação das pequenas empresas de camionagem. A SIC-Notícias emitiu uma longa entrevista do ministro Mário Lino onde este repetiu os argumentos do governo. Um dirigente da Comissão de paralisação justificou o fim do movimento com “a boa vontade do governo” e a intenção de provar que “somos pessoas civilizadas, e não bandidos que estão a bloquear o país”. Mas os transportadores de terra e inertes discordam e, em muitos piquetes, está a haver forte resistência à desmobilização. Num deles, um motorista assalariado dizia à reportagem TV: “Isto afinal é só para os patrões. Nós somos apenas carne para canhão”.


«O ministro não sabe pescar»

M. Costa / F. Cabral —

Fomos a Quarteira, em pleno lockout dos armadores (a que a comunicação social chamou «greve dos pescadores»). Pescadores, empregados e patrões, juntavam-se indistintamente no largo entre a lota e a Praça do Peixe, de atalaia, com o objectivo de impedir que aí fosse descarregado peixe encomendado pelos comerciantes para tentarem boicotar a sua luta. Pedimos para falar com pescadores: das duas primeiras vezes, dirigiram-se a nós pequenos armadores. Para conseguirmos entrevistar um pescador operário, tivemos que explicitar que gostaríamos de falar com pescadores «que só fossem empregados».


O defensor da ordem

12 Junho 2008

Perante as perturbações causadas pelos protestos dos camionistas e dos pescadores (falta de combustíveis, supermercados sem abastecimentos, etc.), António José Teixeira, novo director de política da SIC, fala de grave ameaça à “autoridade do Estado”, de “violação do Estado de direito” e, num tom severo que lhe era pouco habitual, critica a inexistência de “serviços mínimos” e invectiva a inércia do governo, do presidente da República e do Ministério Público. Nos telejornais seguintes, a tecla foi repetidamente batida – claramente com o propósito de criar ambiente para uma acção repressiva.


O que está em jogo no protesto dos pescadores e dos camionistas?

camionistas3_72dpi.jpgNa luta dos pescadores e agora dos camionistas misturam-se interesses distintos de patrões, de trabalhadores por conta própria e de assalariados. De resto, os termos gerais usados pela comunicação social para designar os intervenientes – “pescadores” e “camionistas” – mascara as diferenças sociais presentes no protesto. E o termo “greve” mascara também o facto de se tratar sim de um lockout dos patrões da pesca e dos transportes rodoviários com o apoio dos trabalhadores propriamente ditos.


Praça Skoda-in-Lisbon

11 Junho 2008

pracadasflores_72dpi.jpgA primeira denúncia sobre o que a seguir se comenta chegou-nos de José Neves (“eleitor e apoiante do Sá Fernandes”) e resume-se assim:
A Câmara Municipal de Lisboa e os seus vereadores Marco Perestrello (vice-presidente, PS) e José Sá Fernandes (Bloco de Esquerda) acharam por bem alugar a Praça das Flores, em Lisboa, a uma marca de automóveis. Durante 17 dias de Junho, no âmbito do seu Convénio Mundial de Vendedores 2008, a Skoda realiza várias festas nocturnas (só para convidados) de lançamento internacional de um novo modelo automóvel, ocupando ininterruptamente o local. Transeuntes, moradores, turistas não têm acesso à praça entre as 17h e a 01h, enquanto decorre a festa privada da Skoda.


Banditismo no mar alto

Guardian / VoltaireNet / MV — 10 Junho 2008

guantanamo1.jpgOs Estados Unidos da América preparam-se afanosamente para esvaziar a prisão de Guantánamo com vistas ao seu próximo encerramento. Nesse sentido, o Pentágono e a CIA já organizaram um vasto sistema de centros de tortura e de prisões secretas, em condições ainda piores.
Este facto é revelado pela associação de juristas britânicos Reprieve, a mesma a quem se deve a recente denúncia pormenorizada acerca dos voos secretos da CIA.


Da repressão individualizada à vigilância de massas

João Bernardo —

vigilancia_72dpi.jpgEm edições anteriores do Mudar de Vida (*) divulguei as informações mais significativas de um artigo sobre vigilância electrónica publicado em The Economist de 29 de Setembro de 2007. Concluo agora com alguns comentários.

Um dos aspectos que distingue a espionagem levada a cabo pelas velhas ditaduras da colossal operação de recolha de informações prosseguida pelas actuais democracias é a aceitação popular.


Ministério Público iliba polícia de choque acusado de violência excessiva

JN / MV — 9 Junho 2008

porrada25deabril2_72dpi.jpgSegundo noticiou o Jornal de Notícias de 2 de Junho, o Ministério Público (a acusação por parte do Estado) resolveu ilibar um agente da polícia de choque (Corpo de Intervenção) da PSP que estava acusado pela própria Inspecção-Geral da Administração Interna (IGAI) de “ter usado violência excessiva contra manifestantes no dia 25 de Abril do ano passado”. Lembre-se que, nesse dia, nas ruas adjacentes ao Rossio onde terminara a ordeira manifestação tradicional do 25 de Abril, um grupo de jovens manifestantes libertários foi violentamente agredido por polícias de choque, sobretudo na Rua do Carmo, agressão que não poupou os simples passantes que tiveram o azar de estar por ali naquele momento.


Cartelização é só em Espanha

8 Junho 2008

Em Outubro de 2007, a Comissão Europeia condenou cinco empresas, entre as
quais a Galp Energia, a BP e a Repsol, a uma multa de 183,7 milhões
de euros por concertação de preços no mercado de betume, em Espanha. Durante
quase12 anos, entre 1991 e 2002, os membros do cartel estabeleceram
anualmente a partilha do mercado. Além de acordos sobre a variação
dos preços e da sua aplicação, comprometiam-se ao pagamento de indemnizações
mútuas caso houvesse desvios em relação ao acordado. Mas, por cá, a
Autoridade da Concorrência afirma não haver indícios de cartelização no
mercado dos combustíveis. Em Portugal, a visível sincronia dos preços entre
as referidas empresas, dizem, é mera coincidência.