Arquivo: Maio 2008

Os números falam

20 Maio 2008

O Diário de Notícias de hoje, 20 de Maio, dá conta de que 25 novos hospitais privados vão abrir no país até 2009. Na forja está ainda a regulamentação das Casas da Saúde que englobam a prestação de cuidados continuados e que se prevê venham a instalar-se nas capitais de distrito (22 no total). Nesta corrida às privadas muitos médicos abandonarão os hospitais do Estado, calculando-se que dentro de 3-4 anos faltem médicos nos serviços públicos de saúde. Se dúvidas houvesse sobre o propósito do governo, na linha dos anteriores, de entregar o negócio da doença nas mãos de capitais privados, os números aí estão para as desfazer.


Maio de 68

João Bernardo — 19 Maio 2008

mai68_1.jpgUns jovens interessantes, embora um tanto ou quanto estouvados, erguendo barricadas e lançando pedras à polícia em nome de ideias generosas mas completamente impraticáveis − eis como o Maio de 1968 tem sido frequentemente apresentado na avalanche de artigos e conferências que celebram os quarenta anos passados sobre o acontecimento. Muitos comentadores simpatizam com esse movimento na medida em que o consideram utópico e, portanto, inofensivo. Simpatizam mais ainda quando só vêem estudantes envolvidos, cujos protestos e desordens não punham directamente em perigo a base económica do sistema. Mas Maio de 68 não foi um movimento utópico, foi um movimento derrotado, o que é muito diferente; e mesmo durante a fase inicial, restrita ao meio estudantil, a questão da exploração dos trabalhadores foi determinante.


Família Bush envolvida com o nazismo

Há décadas que circulam rumores acerca de laços entre a família presidencial dos EUA e a máquina de guerra nazi. Agora o jornal britânico The Guardian revela como os processos baseados na Lei (estadunidense) dos Negócios com o Inimigo ainda se fazem sentir no presidente actual. O avô de George W. Bush, o antigo senador Prescott Bush, foi presidente e accionista de empresas que fizeram lucros com os apoiantes financeiros da Alemanha nazi. O Guardian obteve, por meio de dossiês recentemente revelados nos Arquivos Nacionais dos EUA, a confirmação de que uma empresa dirigida por Prescott Bush esteve relacionada com os arquitectos financeiros do nazismo.


O mundo editorial em guerra

Pedro Acabado — 18 Maio 2008

feiradolivro_72dpi.jpgAssiste-se na área editorial a uma guerra que tem como base a concentração das editoras em dois grandes grupos: a Leya, liderada pelo empresário Miguel Paes do Amaral; e o Círculo de Leitores, do consórcio alemão DirectGroup Bertelsmann. Os conflitos reflectem-se nas duas associações de livreiros: a União de Editores e Livreiros (UEP) e a Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL).


Computador de esquerda, computador de direita

Agências noticiosas dos EUA e britânicas deram grande destaque às declarações do director-geral da Interpol, que teria confirmado a existência de laços secretos entre o presidente venezuelano Hugo Chávez e a guerrilha colombiana (FARC). Mas a Interpol diz exactamente o contrário: o computador com as supostas “provas”, apreendido a um dirigente das FARC, foi manipulado pelo exército colombiano, sendo impossível autenticar os documentos lá encontrados. Em contrapartida, um paramilitar colombiano foi extraditado da Colômbia para os EUA, e o seu testemunho silenciado. O seu computador tinha provas, essas sim autenticadas, de assassinatos, fraudes eleitorais, compra de deputados e governadores; e da implicação do presidente colombiano Álvaro Uribe, aliado dos EUA, nas acções dos paramilitares. (MV/VoltaireNet)


É só fumaça?

M. Gouveia — 16 Maio 2008

socratescigarro_72dpi.jpgÀ primeira vista, o incidente do cigarro de Sócrates não merece mais que um título “Se fumar mata, o ridículo também”.
Mas vejamos: houve uma denúncia sobre esta prevaricação do primeiro-ministro. Houve alarde em toda a comunicação social. Sócrates fez uma contrição pública. Não serão alarmantes sintomas de que estamos numa sociedade vigiada, hipócrita e moralista? E de que o exercício público da política está a ser intencional e subrepticiamente substituído por uma cultura telenovelesca para desviar a atenção dos cidadãos dos verdadeiros problemas e assim os reduzir a espectadores passivos de uma medíocre farsa, encenada para esconder a tragédia que se passa nos bastidores e de que eles são as vítimas?


Também no Japão

João Bernardo — 15 Maio 2008

operariosjaponeses_72dpi.jpgTerminada a segunda guerra mundial, o Japão, ocupado pelos vencedores norte-americanos, era um país em escombros e onde as forças políticas de esquerda tinham peso e existiam sindicatos combativos. Para reforçar os sindicatos reformistas e evitar o perigo revolucionário instituiu-se o hábito de proceder a negociações anuais entre os sindicatos e as maiores empresas, em que se estabeleciam os aumentos salariais, tomados depois em consideração pelas restantes firmas. Estas negociações anuais, juntamente com o emprego vitalício garantido a numerosos trabalhadores e as promoções por tempo de serviço, constituíam a base do pacto social em que assentou a considerável estabilidade daquele país.


Não se pode exterminá-los?

13 Maio 2008

A EDP, uma empresa de serviço público, cumpre à risca as regras do capitalismo mais coerente. Aumento para os trabalhadores: 1,8%. Aumento para os administradores: 118%. Não, não é engano: cento e dezoito por cento! Com ar de gozo – um gozo criminoso, tendo em conta os aumentos miseráveis dos trabalhadores e as dificuldades de sobrevivência da grande maioria da população – o presidente da administração, António Mexia, declarou, quando interpelado pelos jornalistas: “Sobre o aumento de 118%? Não me queixo…”.


“O outro lado da moda”(*)

Urbano de Campos —

vilorbarcelos_72dpi.jpgNo final de Abril, mais uma empresa têxtil de Barcelos, a Vilor, fechou as portas mandando para o desemprego 67 trabalhadores. Uma semana antes, uma outra empresa dos mesmos patrões, a Lor & Lor encerrou igualmente despedindo 33; e mais duas, a Districelus e a JSL, fecharam também e despediram 20 trabalhadores cada uma.
Invocando “falta de condições para laborar”, os proprietários da Vilor e da Lor & Lor anteciparam as férias dos trabalhadores – não certamente para lhes conceder esse direito mas para não os ter por perto quando fosse anunciado o encerramento que todos já anteviam.


Professores voltam à rua

12 Maio 2008

A Plataforma Sindical dos Professores promove no próximo sábado, dia 17, manifestações regionais de professores em Lisboa, Porto, Coimbra, Évora e Faro integradas num protesto nacional. Em Lisboa a concentração faz-se no alto do Parque Eduardo VII, às 15 horas. As exigências dos professores são as seguintes: Contra o modelo de avaliação do ministério da Educação, avaliação sim mas esta não. Contra a gestão do Sr. Director, em defesa da gestão democrática. Pela revisão do estatuto da carreira docente. Pela contagem integral do tempo de serviço. Em defesa da escola pública, em defesa de serviços públicos de qualidade para todos, por condições de trabalho dignas.