Arquivo: Dezembro 2013

As escolhas de Marques Guedes

26 Dezembro 2013

A propósito dos recentes e justos protestos dos professores contra as avaliações do ministro Crato, afirmava o ministro da Presidência Luís Marques Guedes: “Não há nenhum pai deste país que possa ficar sossegado se achar que alguma daquelas pessoas, com as cenas que assistimos ontem na televisão, possa ser professor de um filho seu”. Mas o mesmo ministro, tão sensibilizado com as cenas que tinha visto na manifestação dos professores, declarava, a propósito do “sucesso” da privatização dos CTT que o banco norte-americano Goldman Sachs, que adquiriu 5% do capital da empresa, “é uma entidade internacional financeira idónea”! Escolhas de classe.


Uma imagem antecipada da política do PS

Manuel Raposo — 25 Dezembro 2013

seguropassosO PS justificou o acordo feito com o governo para baixar o IRC com o propósito de “criar emprego” e garantiu que, lá por isso, não vê condições para outros entendimentos com o PSD e o CDS. O que fica à vista, porém, é o facto de o PS ter facultado um importante apoio político ao governo, possibilitando um desagravamento fiscal que beneficia exclusivamente o capital, sem quaisquer garantias de que os assalariados venham a beneficiar do mesmo tipo de tratamento.


A matilha do patronato e o Tribunal Constitucional

Carlos Completo — 23 Dezembro 2013

TC1Antes e depois da recente decisão do Tribunal Constitucional (TC) sobre a chamada lei da convergência das pensões do sector público e do privado, ergueu-se nos media do regime um clamor da matilha do capital a favor desta lei. Primeiro, chantageando com a catástrofe que adviria, se chumbado, depois tentando desdramatizar e denegrir o Tribunal, muitas vezes argumentando, demagogicamente, que este considerava inconstitucionais certas leis que minavam a confiança dos cidadãos, mas não considerava inconstitucionais os aumentos de impostos que afectam os contribuintes. Para muita desta gente só o fim deste Tribunal e a revisão da Constituição — que foi boa enquanto foi servindo adequadamente os interesses da burguesia — resolveriam o problema, deixando mais livres as mãos de quem nos explora, assim como dos seus governos.


Morreu Nelson Mandela, um combatente exemplar

Pedro Goulart — 8 Dezembro 2013

Nelson_MandelaA longa, firme e persistente luta de Mandela contra o Apartheid e a compreensão de que a liberdade do seu povo não podia ser conseguida apenas por meios pacíficos, fê-lo corajosamente adoptar a luta armada como meio necessário à libertação então procurada. E fê-lo, intimamente ligado às lutas do seu povo, ao Congresso Nacional Africano (ANC) e à sua ala militar, A Lança da Nação. Isto, ao contrário do que os hipócritas burgueses pretendem fazer crer, procurando hoje apresentar Mandela como pacifista e integrar os seus valores revolucionários e éticos no sistema capitalista dominante.


Como fazer frente à ofensiva do capital?

Manuel Raposo — 3 Dezembro 2013

basta19outNa sequência da publicação do manifesto Enfrentar a crise, lutar pelo socialismo – Uma perspectiva comunista (*) têm vindo a realizar-se reuniões de debate com diversos activistas. O presente texto, que transcreve uma apresentação do manifesto feita numa dessas reuniões, procura resumir as ideias principais do documento.

O nosso ponto de partida é uma constatação que pode colocar-se assim:
Não faltam lutas aqui e lá fora; algumas delas são mesmo consideráveis pela persistência, pela grande mobilização de massas que conseguem. Ao mesmo tempo, a crise do capitalismo desencadeada em 2007 não dá sinais de acabar, e não é exagero considerá-la a maior de sempre se levarmos em conta o grau de expansão do capitalismo actual e a delapidação de capital já verificada nas tentativas de segurar os sistemas financeiro e produtivo. Impõe-se então a pergunta: o que falta para se afirmar um movimento revolucionário, anticapitalista?