Morreu Nelson Mandela, um combatente exemplar
Pedro Goulart — 8 Dezembro 2013
A longa, firme e persistente luta de Mandela contra o Apartheid e a compreensão de que a liberdade do seu povo não podia ser conseguida apenas por meios pacíficos, fê-lo corajosamente adoptar a luta armada como meio necessário à libertação então procurada. E fê-lo, intimamente ligado às lutas do seu povo, ao Congresso Nacional Africano (ANC) e à sua ala militar, A Lança da Nação. Isto, ao contrário do que os hipócritas burgueses pretendem fazer crer, procurando hoje apresentar Mandela como pacifista e integrar os seus valores revolucionários e éticos no sistema capitalista dominante.
De recordar que, em 1987, na votação de uma moção da Assembleia Geral das Nações Unidas em solidariedade com a luta pelo fim do regime do Apartheid na África do Sul, Portugal (onde Cavaco Silva era primeiro ministro) votava contra, ao lado dos Estados Unidos, de Ronald Reagan e da Inglaterra, de Margaret Thatcher. Os únicos três votos contra, face a 129 votos a favor.
Apesar dos longos anos de cativeiro e tortura, o homem que parte da burguesia ocidental classificava como terrorista (esteve na lista de terroristas dos Estados Unidos até 2008), demonstrou uma sabedoria revolucionária e uma grande humanidade, que haviam de prevalecer na reconciliação nacional na África do Sul e na resolução dos então difíceis problemas políticos do seu País. Mandela foi libertado e eleito, em 1994, como primeiro presidente de uma África do Sul multiracial. Com Mandela, a África do Sul deu um passo de gigante no caminho da liberdade, mas permanecem profundas desigualdades e injustiças no seu País, problemas que a luta de classes terá de resolver.
Comentários dos leitores
•Francisco Trindade 9/12/2013, 8:39
Esperava mais, muito mais do "mudar de vida" em relação à personagem em causa. Mandela não foi exemplar, não pela primeira parte da sua vida, (até ser preso), não pela segunda parte da sua vida(o tempo de prisão -27 longos anos), mas pela terceira parte da sua vida onde eu lhe faço muitas críticas!
Quanto a isso o artigo só refere a última frase: "mas permanecem profundas desigualdades e injustiças no seu País".
Diga-se em abono da verdade que é pouco, é muito pouco!
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Francisco Trindade