Arquivo: Dezembro 2012

Em 2013

PCR — 31 Dezembro 2012

Em 2013 não sei se Obama continua a tolerar o aliado israelita e quantos palestinianos vão morrer, se o Irão anuncia a bomba nuclear, se a guerra termina na Síria, se o Líbano vai sobreviver, se os atentados prosseguem no Iraque, se mais tropas estrangeiras retiram do Afeganistão, se Guantánamo vai encerrar.

Em 2013 não sei se a Coreia do Norte prescinde de lançar mísseis, se as tiranias vão soçobrar, se novas bases militares serão instaladas no Pacífico, se mais países serão invadidos e destruídos, se mercenários serão recrutados e empréstimos financeiros para a reconstrução concedidos.


João César das Neves

27 Dezembro 2012

“Esta crise é uma oportunidade de bondade, de caridade e de solidariedade para com os outros. Bendita crise que nos trouxe ao essencial.” Esta, mais uma pérola de João César das Neves, ex-assessor de Cavaco Silva e actualmente professor de Economia da Universidade Católica, em declarações à revista Visão. Trata-se de uma das habituais afirmações patetas deste catedrático, que representa uma autêntica burla, mesmo em termos do ensino da economia burguesa.


Testas de ferro e cheques carecas

António Louçã — 24 Dezembro 2012

O modo de pagamento das privatizações em curso é um livro aberto sobre a degenerescência do pessoal político da burguesia.
O Governo decidiu vender o BPN ao BIC e avançou logo com milhares de milhões, para o banco comprador fazer a fineza de pagar um preço de escassas dezenas de milhões. Não vamos aqui ao “detalhe” de quantos milhares nem de quantas dezenas, porque as desculpas esfarrapadas se multiplicam como cogumelos e obscurecem o que devia ser limpidez cristalina dos números. Fiquemo-nos pela ordem de grandezas: milhares de milhões do contribuinte, contra dezenas de milhões dos rentistas petroleiros de Angola, que afinal ainda se fazem rogados e apresentam novas condições para cumprirem a sua parte.


Mais um massacre

18 Dezembro 2012

Nos EUA do livre mercado, incluído o das armas, onde vigora a lei capitalista do salve-se quem puder, onde domina a lei da força, incluída a da agressão imperialista e assassina de outros povos, é lógico que, neste caldo de cultura, proliferem espíritos doentios, capazes de cometerem massacres do tipo do agora verificado numa escola primária de Connecticut, onde morreram quase 30 pessoas, sobretudo crianças. Massacres que se assemelham em muito àqueles que uns EUA orgulhosos dos seus feitos levam a cabo em vários pontos do mundo. E não será com as orações dos bispos ou com os choros de Obama que estes graves problemas da sociedade norte-americana se resolverão.


Paula Montez perseguida

17 Dezembro 2012

“Activista da desobediência civil e da resistência pacífica”, Paula Montez foi constituída arguida na sequência da manifestação de 14 de Setembro, em São Bento. Não tendo sido presa na manifestação, foi posteriormente convocada para se apresentar no DIAP (Departamento de Investigação e Acção Penal), saindo arguida por cometimento de “ofensas à integridade física da PSP”. Com algumas das habituais “provas” das chamadas forças da ordem: fotografias de qualidade duvidosa, onde se vê um braço erguido segurando um objecto (máquina fotográfica), e que, segundo os investigadores, baseados em “denunciantes” (leia-se provocadores), seriam pedras para atirar à polícia.


O capitalismo num beco sem saída

Manuel Raposo — 10 Dezembro 2012

O Capitalismo num Beco Sem Saída (*) é o expressivo título de um livro, publicado este ano nos EUA, que analisa a presente crise do capitalismo mundial de um ponto de vista marxista. Centrado sobretudo na situação dos EUA, o livro mostra o significado da destruição de emprego e da sobreprodução numa era de alta tecnologia e grande produtividade do trabalho. Uma obra que, a partir da actualidade, aborda não apenas os aspectos económicos da crise mas também os movimentos sociais e políticos que ela está a gerar.
O autor, o norte-americano Fred Goldstein, colabora no jornal Workers World e publicou em 2008 uma outra obra, Capitalismo de Baixos Salários (**), em que aponta os efeitos do novo imperialismo globalizado e de alta tecnologia na luta de classes nos EUA.


Mais uma execução impune

Amadora, Janeiro de 2009. Elson Sanches, conhecido por “Kuku”, 14 anos, é abatido à queima-roupa por um agente da PSP, na sequência de uma perseguição policial. No julgamento agora realizado nos Juízos Criminais de Lisboa provou-se que: o disparo do agente da PSP provocou a morte de Elson Sanches; esse disparo foi efectuado a 11 cm da cabeça do jovem; Elson não possuía qualquer tipo de arma. Apesar disto, na decisão da juíza de absolver o agente da PSP parece ter pesado mais o facto do assassinato se ter verificado num “bairro perigoso”, assim como a “credibilidade” do testemunho da PSP. Houve aqui preconceito racial? Houve, certamente, mais uma sentença de classe.


A constitucionalidade do OE 2013

Pedro Goulart — 6 Dezembro 2012

Teresa Pizarro Beleza, directora da Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa, afirmou recentemente que está em curso uma “revisão constitucional clandestina” e criticou “a ideia de que, em situação de necessidade, vale tudo, inclusive passar por cima da Constituição”. No alerta dado por Teresa Beleza está implícita uma crítica às decisões do Tribunal Constitucional (TC) que, embora considerando inconstitucionais normas do OE 2012, acabou por aceitá-las como facto consumado, a pretexto da situação económica e financeira do País. E, também, por abrir portas à generalização do saque.
Será que o Tribunal Constitucional, se interpelado sobre a constitucionalidade do OE 2013, será tão “eficaz” nas suas decisões como o foi em relação ao OE 2012? Será que as classes trabalhadoras e o povo podem alimentar grandes ilusões quanto às decisões do TC sobre o OE 2013, quando continuam a sofrer forte na carne as pesadas consequências das medidas do Orçamento anterior?


“Território nacional”

2 Dezembro 2012

Moçambique e Portugal estabeleceram em 20 de Novembro um acordo que transfere para o estado moçambicano as últimas acções que o estado português ainda detinha na Hidroeléctrica de Cahora Bassa. Noticiando o facto (Jornal da Meia-Noite, SICNotícias, 20 Novembro), o jornalista João Abreu acrescentou que Moçambique “na altura [da construção da barragem] fazia parte do território nacional”. Sabemos que o ranço colonialista custa a sair, mas expliquem a João Abreu e à redacção da SIC que o território nacional sempre foi composto por Portugal continental e insular, e que os restantes “territórios” eram colónias que se libertaram do jugo português através de 13 anos de guerras.


Cães de fila

1 Dezembro 2012

“Antes de recebermos a esmola, temos de nos portar bem”. Afirmação do jornalista José Gomes Ferreira numa discussão com Silva Peneda, presidente do Conselho Económico Social, a propósito do Orçamento Europeu e do empréstimo da troika a Portugal (programa Negócios da Semana, SICNotícias, 21 Novembro).


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