Arquivo: Julho 2024

A hora dos chacais

Manuel Raposo — 31 Julho 2024

Kamala Harris em Jerusalém com Netanyahu, 2017. Conhecidos de longa data

Quando confrontada com o ataque de Israel a Beirute, em 30 de julho, que matou um comandante do Hezbollah, a primeira declaração de Kamala Harris foi repetir o slogan “Israel tem direito a defender-se”. Horas depois, Israel matava pelo mesmo processo o líder do Hamas, Ismail Haniyeh, que se encontrava em Teerão. Numa frase, Kamala Harris disse tudo sobre si própria e a sua candidatura para quem queira entender como são as coisas: deu luz verde a Israel para prosseguir as provocações ao Líbano e ao Irão, mostrou que não se distingue do seu patrono Biden, e confirmou o interesse crucial dos EUA na guerra promovida pelos sionistas – tenha ela a extensão que tiver, arrisque o que arriscar e adopte os métodos que adoptar. 


“Credibilizar” a União Europeia, pretende o BE

Urbano de Campos — 26 Julho 2024

Deputada do BE integrou delegação da AR em visita oficial à Ucrânia, 2 e 3 de maio 2023

Em declarações recentes à TSF, a deputada europeia do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, manifestou-se contra aquilo a que chamou os “dois pesos e duas medidas” da União Europeia acerca das guerras na Ucrânia e em Gaza, e defendeu que a “União Europeia deve credibilizar-se internacionalmente”. Entenda-se: o peso e a medida “errados” a que Catarina Martins se refere respeita ao morticínio em Gaza, no qual a UE tem sido parte activa dedicando-lhe apenas vagas condenações morais. 


Gaza: os verdadeiros números do genocídio

Editor / Susan Abulhawa — 20 Julho 2024

Beit Lahia. norte de Gaza, 12 junho 2024. Até abril deste ano, tinham sido destruídos 360 mil edifícios

O número de mortos em Gaza em consequência directa ou indirecta do ataque militar de Israel pode situar-se entre 190 mil e 500 mil, muito acima dos perto de 39 mil até agora revelados. Estes números aterradores foram divulgados pela palestiniana Susan Abulhawa em 27 de junho na publicação The Electronic Intifada. O cálculo baseia-se em critérios absolutamente demonstráveis, decorrentes de valores comummente aceites para situações de guerra como a que Israel leva a cabo em Gaza.


França, uma vitória de curto fôlego

Manuel Raposo — 11 Julho 2024

A questão é saber se a travagem da extrema-direita conseguida a 7 de julho pode passar de episódica a definitiva. Manifestação reclamando uma frente popular, 10 de junho 2024

O “alívio” e a “surpresa” com que os resultados das eleições em França foram recebidos tanto na esquerda como nos meios do poder são a expressão mesma da fragilidade da vitória conseguida contra a extrema-direita e os fascistas. Se madame Le Pen e o seu manequim Bardella não tivessem colocado a fasquia demasiado alta, e tivessem apostado apenas em ganhar mais votos e deputados, poderiam muito bem estar a cantar vitória em vez de terem de justificar a tentativa frustrada de formar governo.