Arquivo: Fevereiro 2011

Mubarak caiu!

11 Fevereiro 2011

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O vice-presidente egípcio acaba de anunciar que Hosni Mubarak resignou do cargo de presidente, entregando o poder ao Conselho Superior das Forças Armadas. Escassas 12 horas depois de ter dito que ficava, Mubarak cedeu ante a pressão dos manifestantes. A greve geral desencadeada nos últimos dias pela massa trabalhadora em todo o país, o alastramento da revolta, o cerco ao palácio presidencial, ao parlamento e à TV estatal, o assalto a esquadras de polícia mostraram a decisão de combate por parte dos manifestantes e empurraram Mubarak para a única saída que tinha.
Os festejos explodiram de imediato em todo o país. O regime, porém, ainda não caiu. De momento, nem sequer foi levantado o estado de excepção que vigora há 30 anos. As forças armadas, pagas a peso de ouro pelos EUA (1 500 milhões de dólares por ano), foram quem sempre deteve o poder. E o agora vice-presidente, Omar Suleiman, chefe da polícia política, é apontado como “o homem da CIA no Cairo” e como torturador, e tem sido o agente de contacto entre o regime egípcio e os governos israelitas.
O derrube de Mubarak é um começo de vitória. Vamos a ver qual vai ser a reacção nas ruas.


Mudança de tom

No início da revolta no Egipto, Hillary Clinton recomendou a Mubarak que “não tivesse pressa em aplicar medidas duras” contra os protestos, o que foi uma forma de apoiar Mubarak. Os acontecimentos forçaram os EUA a mudar de tom: há duas semanas repetem a ideia de uma “transição ordeira”, o que ainda não é desapoiar o regime egípcio. Interpretando a mensagem a seu jeito, Mubarak diz que não sai por se achar a peça-chave da “transição ordeira”. Apesar de não coincidirem nos termos, ambos convergem nisto: tudo menos deixar o poder cair na rua. Lembra a portuguesa “evolução na continuidade” tentada por Marcelo Caetano. A acção das massas mostra o terreno estreito em que se move o poder burguês.


“Não pagamos a crise deles”

Urbano de Campos —

casadamoeda.jpgOs 700 trabalhadores da Imprensa Nacional Casa da Moeda (cerca de 600 dos quais nas instalações de Lisboa) fazem greve hoje, dia 11, em reacção contra os cortes salariais, à semelhança de trabalhadores de outros sectores, nomeadamente os dos transportes.
Em comunicado, a Comissão de Trabalhadores da INCM não apenas explica as razões da luta como lança um apelo para o endurecimento dos protestos, avançando a ideia de uma greve geral que una os trabalhadores do sector empresarial do Estado e da Administração Pública Central e Local.


Egipto: a luta continua

9 Fevereiro 2011

Após duas semanas do começo do levantamento popular contra o regime de Mubarak, centenas de milhares de pessoas voltaram a sair ontem (dia 8 de Fevereiro) à rua em diversas cidades egípcias. E, apesar das dificuldades que o exército tentou impor àqueles que procuravam chegar à praça Tahrir, verificou-se uma das maiores manifestações realizadas até agora nesta praça. Conseguiram mesmo impedir que o actual primeiro-ministro, Ahmad Shafik, chegasse ao gabinete. Poucos acreditam que das “negociações” propostas pelo regime resulte alguma coisa positiva e, assim, estão marcadas três manifestações semanais até que o actual regime caia.


Semana de luta nos transportes

Pedro Goulart — 7 Fevereiro 2011

grevemetro.jpgTrabalhadores dos transportes públicos e das transportadoras privadas iniciaram greves no dia 7 de Fevereiro, em protesto contra os cortes e os congelamentos salariais no sector. Mas, também, face à generalizada ofensiva levada a cabo pelo estado e pelo capital contra os seus direitos económicos e sociais.


Auto-definição

4 Fevereiro 2011

Um voto de apoio ao povo egípcio, proposto pelo Bloco de Esquerda, foi chumbado hoje no parlamento com votos contra do PS e PSD e abstenção do CDS. Não admira, mas vale a pena ouvir as justificações. PS: “o voto do BE é oportunista” – mas o que fica à vista é o oportunismo do PS ao não tomar posição contra uma ditadura por ser aliada da UE e dos EUA. PSD: “ainda não se sabe o desenlace” – ou seja, é preciso ver se Mubarak cai mesmo, e não seremos nós a descalçá-lo. CDS: “há perigo de infiltrações islamistas” (antes diriam “comunistas”) – portanto, na incerteza, Mubarak dá mais garantias. Berlusconi foi mais claro: disse que Mubarak é homem avisado e merece continuar. Há momentos reveladores.


EUA: pelo fim da ajuda a Mubarak

3 Fevereiro 2011

No dia 5, uma marcha sobre a Casa Branca (Washington) vai exigir o fim da ajuda dos EUA ao regime de Mubarak. A acção responde a um pedido de solidariedade dos manifestantes egípcios. A convocatória da coligação ANSWER refere que os manifestantes da Praça Tahrir, brutalmente atacados por jagunços e polícias a mando de Mubarak, fizeram chegar aos EUA pedidos para que seja exigido a Obama o fim imediato do apoio que presta à ditadura. O Egipto é o segundo destinatário “de ajuda externa” dos EUA, 2 mil milhões de dólares por ano, logo a seguir a Israel. Esta “assistência” é usada para comprar as armas que matam os egípcios que se manifestam e para impor o cerco que mata os palestinos de Gaza.


Egipto: dois comentários

36 anos depois, o 25 de Abril chega ao Próximo Oriente, mas em força! Há muito a esperar, creio, sobretudo se a Argélia entrar na dança. MV
Estou solidário com a acção (de apoio à luta do povo egípcio). Parece-me que este vento revolucionário que varre o norte de África é um acontecimento bastante importante e que exige que se faça um colóquio em torno dele. ZM


Porque não são julgados os ex-ministros?

Carlos Completo —

portucale.jpgAbel Pinheiro, ex-dirigente do CDS-PP e arguido no processo Portucale, falou aos jornalistas à saída da primeira sessão do julgamento do processo Portucale. Afirmou ter sido “apenas um mensageiro” de um pedido ao ex-ministro do Ambiente Nobre Guedes para assinar o despacho que permitia o abate de mais de dois mil sobreiros, em Benavente. Acrescentou, ainda, que essa função de mensageiro “era perfeitamente legítima” e que “estava a exercer funções públicas atribuídas pela comissão executiva do partido”, da qual fazia parte.


“Hoje Battisti, amanhã tu”

1 Fevereiro 2011

É uma canção de apoio à não extradição de Cesare Battisti, da autoria de Manuela de Freitas e José Mário Branco, em que intervêm diversos cantores e músicos: Aldina Duarte, Amélia Muge, Camané, Duo Diana & Pedro, Duo Virgem Suta, Fernando Mota, João Gil, Jorge Moniz, Jorge Ribeiro, José Mário Branco, Luanda Cozetti, Norton Daiello, Paulo de Carvalho, Pedro Branco, Tim, José Peixoto e Paulo Curado. Pode ser vista e ouvida em http://passapalavra.info/?p=35123