“Não pagamos a crise deles”
Trabalhadores da INCM paralisam e apelam a uma greve geral do sector público
Urbano de Campos — 11 Fevereiro 2011
Os 700 trabalhadores da Imprensa Nacional Casa da Moeda (cerca de 600 dos quais nas instalações de Lisboa) fazem greve hoje, dia 11, em reacção contra os cortes salariais, à semelhança de trabalhadores de outros sectores, nomeadamente os dos transportes.
Em comunicado, a Comissão de Trabalhadores da INCM não apenas explica as razões da luta como lança um apelo para o endurecimento dos protestos, avançando a ideia de uma greve geral que una os trabalhadores do sector empresarial do Estado e da Administração Pública Central e Local.
Além de sofrerem o efeito dos cortes agora postos em prática (que afectam salários, subsídios, horas extraordinárias, aumentos salariais e progressões nas carreiras) os trabalhadores da INCM, tal como os demais da Função Pública, não tiveram aumentos salariais no ano passado.
“Com que moral, pergunta a CT, podem impor-nos esta austeridade, se a INCM continua a dar lucros, fruto do nosso trabalho? Em nome de que crise somos obrigados a contribuir com parte dos nossos parcos rendimentos?” E acrescenta: “Querem que paguemos para que os capitalistas, os gestores e equivalentes possam continuar a ter altos lucros e chorudos ordenados e mordomias”.
As medidas de austeridade são apontadas pela CT como fazendo parte da pior ofensiva contra os direitos dos trabalhadores desde o 25 de Abril. E sublinha que a direita quer mais ainda: revisão da Constituição, despedimentos ainda mais facilitados, fim da contratação colectiva, privatização da maior parte das empresas do sector empresarial do Estado e ainda maiores medidas de austeridade impostas pelo FMI.
A resposta dos trabalhadores, refere o comunicado da CT, só pode ser: não pagamos a crise deles.
Em resposta à ofensiva do governo e do patronato, os trabalhadores da INCM defendem o endurecimento da luta. “Se os patrões se unem contra os trabalhadores, nós temos de nos unir contra os patrões e o governo”, dizem. E, nesse sentido, adiantam a proposta de uma greve geral que una todos os trabalhadores do sector empresarial do Estado, em conjunto com os trabalhadores da Administração Pública Central e Local, com concentrações nos locais de trabalho, a culminar numa grande manifestação junto ao ministério das Finanças.