Arquivo: Junho 2008

“Trabalho igual, salário igual”

Liliana Guimarães / Jornal LABOR — 27 Junho 2008

chapeleiras72dpi.jpgNo terceiro aniversário do museu [o Museu da Chapelaria, em S. João da Madeira] celebram-se também os 32 anos de uma greve muito especial. “Trabalho igual, salário igual” foi o mote que levou as mulheres a fecharem a Empresa Industrial de Chapelaria durante dois dias.
A história foi contada ao LABOR por Deolinda Silva, 54 anos, antiga chapeleira. Tinha 22 anos quando, grávida de oito meses, liderou a revolta das mulheres mais jovens da fábrica. A Pequena, como era conhecida na altura, por empregados e patrões conta a história das mulheres que queriam ganhar tanto como os homens.


As falsas escolhas do costume

José Mário Branco —

zimbabwe72dpireduz.jpgO circo internacional, ONU incluída, em torno das eleições presidenciais no Zimbabwe é mais um momento esclarecedor da hipocrisia e do desplante das grandes potências, dos dois pesos-duas medidas que sistematicamente aplica na política internacional conforme os seus interesses de domínio.


Suicídios no Japão

O Japão é um dos países do mundo com mais altas taxas de suicídio. Só em 2007, puseram termo à vida mais de 30 mil pessoas. E foi, sobretudo, entre as pessoas com mais de 60 anos de idade que cresceu a onda de suicídios, tendo atingido apenas num ano cerca de 12 mil indivíduos. Isto acontece porque actualmente é enorme a incerteza quanto às reformas, o custo dos seguros de saúde está a aumentar e o apoio familiar a diminuir. O capitalismo explorou impiedosamente estas pessoas enquanto as considerou úteis para o trabalho e, agora, procura descartar-se delas, gerando depressões que, segundo investigações recentes, constituem a principal causa dos suicídios entre idosos.


União a golpe

26 Junho 2008

O Tratado Constitucional europeu é um passo na unificação política do capitalismo do Velho Continente. Três pontos são chave: criar o cargo de presidente da União; designar um ministro dos Negócios Estrangeiros; e revogar as regras de decisão a favor dos centros capitalistas mais poderosos.
A Europa dos patrões precisa desta couraça institucional para enfrentar os seus competidores mundiais; e para disciplinar as centenas de milhões de trabalhadores que o esbater de fronteiras vai colocando lado a lado.


Enquanto a gente via os jogos

Eugénio Silva —

Fartei-me das bandeirinhas. Tinha uma, ainda do Euro 2004, mas nem a desenrolei. Ainda por cima, com a televisão avariada fiquei murcho. Tive de pedir ao Santiago para ir lá a casa ver os jogos. Esse então, foi na conversa do Scolari, comprou uma bandeira de todo o tamanho, pendurou-a na janela, e alugou por um mês a SporTV. Passou os dias pregado ao televisor.


Trabalhadores exigem melhoria das condições de trabalho

Manuel Monteiro — 25 Junho 2008

plenariostml72dpi.jpgRealizou-se hoje, dia 25, um plenário do Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa. A reunião decorreu em plena Praça do Município e teve a presença de um número significativo de trabalhadores, na sua maioria ligados ao sector da limpeza.
A finalidade do plenário era discutir os antigos problemas de segurança, higiene, e saúde com que os trabalhadores se debatem, assim como a falta de material para executar as tarefas de limpeza e recolha do lixo: luvas, botas e fatos.
Foram aprovadas duas moções. A primeira exigindo às chefias que resolvam os problemas acima referidos. A segunda apelando aos trabalhadores para que participem na jornada de luta convocada pela CGTP para o próximo dia 28.


Apertar o cinto…de boa marca

24 Junho 2008

No artigo “Crise é um acessório que não se usa aqui” de Mariana Correia de Barros, publicado no Diário de Notícias, lê-se: “Mesmo caro, muito caro, na hora de comprar um produto de marca famoso, a emoção vence sempre a razão. O mercado do luxo, ao contrário de outros, está a viver dias de crescimento. Comprar uns sapatos que ultrapassam, por exemplo, a barreira dos mil euros é comprar uma emoção”. E se os 600 mil desempregados, os 2 milhões de pobres que não têm dinheiro que chegue para o pão e para o leite, e a quem é pedido um “esforço nacional para suportar a crise”, um dia destes deixarem que “a emoção vença a razão” e começarem a assaltar os supermercados?


O capital que nos espreita

António Louçã —

nestlemonster.jpgEra um punhado de jovens, activistas da associação ATTAC em Lausanne, que tinha decidido investigar as actividades de uma das grandes multinacionais suíças: a Nestlé. O tema não era inocente, porque não se tratava de ver como eram feitas papinhas para criar bebés sorridentes, rosados e gordinhos. Da investigação não iria resultar um cliché de publicidade sobre a empresa que mata a fome às crianças do mundo.
Pelo contrário: tudo levava a crer que a Nestlé ficaria mal na fotografia, que a sua voracidade pelos lucros poderia ser relacionada com a destruição de recursos naturais, com a perseguição de sindicalistas latino-americanos, e em especial com a política de privatização da água.


As Benevolentes

António Louçã — 23 Junho 2008

benevolentescapa.jpgJonathan Littell levou cinco anos a investigar o tema e a escrever o livro. Daí resultaram quase 900 páginas na edição portuguesa, escritas com grande rigor, sobre o labirinto burocrático do nazismo, o seu modo de funcionamento, os tiques de linguagem dos seus serventuários, as intrigas, os cargos, as funções, as pessoas.


A Memória e o Fogo

Pedro Goulart —

memoriafogocapa72dpi.jpgAo longo do livro, composto por textos de natureza diversa, o autor produz uma análise arguta e uma denúncia contundente da sociedade portuguesa dos nossos dias. Sobressaem as críticas ao messianismo patriótico interclassista, à política dos “clones portugueses de Tony Blair”, ao estalinismo, ao racismo, ao tratamento dado aos emigrantes e ao papel dos média.