Arquivo: Dezembro 2017

Dito

20 Dezembro 2017

Na realidade, é a parte mais pequena e estritamente indispensável do produto que é destinada ao operário; apenas o que é necessário, não para que ele exista como homem, mas para que ele exista enquanto operário; não para que perpetue a humanidade, mas para que perpetue a classe escrava dos operários.
Karl Marx, Manuscritos de 1844


Verbos-de-encher

Carlos Completo — 17 Dezembro 2017

FernandoRelvasHá indivíduos que passam pela política, nomeadamente ministros, que ficam embevecidos com os cargos, as honras e as benesses que lhes atribuem, mas não são capazes de assumir minimamente as responsabilidades que daí lhes advêm. Vem isto a propósito de um caso concreto passado com o actual Ministro da Cultura. Certamente que há muitos casos análogos, e não menos importantes, não apenas na Cultura, como noutros campos de actividade. Este será mais um caso exemplar do tipo de comportamento habitual de alguns dos nossos políticos burgueses.
Em Novembro último, faleceu em Lisboa, aos 63 anos, o conhecido autor de banda desenhada Fernando Relvas, considerado um dos criadores mais importantes e um dos inovadores da BD portuguesa contemporânea. Fernando Relvas, a quem fora diagnosticada há algum tempo a doença de Parkinson, tinha sofrido duas quedas, fora operado à coluna e estava internado no Hospital Amadora-Sintra, onde viria a falecer, numa situação de carência económica extrema e antes de chegar a receber o subsídio, que esperava há dois anos. Isto é, parafraseando Brecht, os decisores não compreendem estas coisas: eles já comeram.


No limiar de uma crise histórica

Fred Goldstein (*) — 12 Dezembro 2017

tatlinA discussão de Lenine sobre o efeito do imperialismo na classe operária dos países imperialistas deve ser vista hoje à luz das mudanças entretanto operadas.
O processo da super-exploração imperialista libertou-se de todos os limites geográficos pela revolução científica-tecnológica e pode agora ser praticada onde quer que haja mão de obra disponível. O efeito deste processo na consciência dos trabalhadores é profundo. A exportação de capital era antes usada para forjar um estrato superior na classe operária dos países imperialistas, para amaciar a luta de classes e promover estabilidade social. Com a nova divisão mundial do trabalho, a exportação de capital serve para rebaixar os níveis de vida da classe operária dos países imperialistas, dizimar as camadas superiores dos trabalhadores e de sectores das classes médias, e destruir a garantia de trabalho e os benefícios sociais.


A “cambalhota triste” do PS e a agonia da geringonça

António Louçã — 6 Dezembro 2017

BE_PSNo que aos factos se refere, a história está bem contada pelo BE. No que diz respeito às soluções, elas nunca poderiam ser encontradas no ambiente viciado e claustrofóbico das negociações parlamentares.
Os factos resumem-se em poucas palavras. Entre tantos cortes que a troika mandou fazer, contra salários e pensões, havia só dois que vinham refrear, timidamente, as negociatas dos “interesses instalados”. Um, era o que apontava aos contratos de associação com colégios privados, em nome de uma cruzada contra o “monopólio” estatal do ensino (assim se vilipendiava o serviço público de educação). Outro, era o que punha em causa as rendas da EDP Renováveis (ela sim, a abusar de uma posição monopolista ou quase).


Uma mudança de época

Tom Thomas (*) — 4 Dezembro 2017

RodchenkoO fracasso dos processos revolucionários na ex-URSS e na China, seguido de um rápido retorno ao capitalismo “clássico”, levou alguns ideólogos a proclamar que o capitalismo planetário era o fim da história. A análise da crise actual mostra que é antes a sua história que se aproxima do fim. O capitalismo só pode subsistir, degradando-se, por meios que são catastróficos para as condições de vida dos povos, sem sequer falar da destruição maciça de todas as espécies.
Ao mesmo tempo, as condições materiais para a abolição do capitalismo — portanto, da condição proletária — estão hoje infinitamente mais maduras do que estavam para essas revoluções, inclusive na componente internacional. Senilidade do capitalismo, necessidade vital e possibilidade do comunismo são as características gerais da época presente: uma nova época.