Arquivo: Setembro 2017

Falta de vergonha

26 Setembro 2017

É habitual surgirem muitas promessas e grande demagogia nas campanhas eleitorais como aquela que neste momento acontece em Portugal. É apenas mais um exemplo de uma absoluta falta de vergonha o que agora se passa com o PSD em Almada. Maria Luis Albuquerque, ex-ministra das finanças do governo PSD/CDS em tempos da troika, é candidata a presidente da Assembleia Municipal de Almada e vem defender uma baixa de impostos, precisamente o contrário do enorme aumento de impostos que ela e o seu colega Vítor Gaspar aplicaram aos portugueses, particularmente às classes trabalhadoras.


A Catalunha e a “democracia” espanhola

Pedro Goulart — 23 Setembro 2017

catalunha_manifO comportamento do governo de Madrid, dirigido por Mariano Rajoy, e com a cumplicidade dos outros partidos espanholistas assim como dos média do sistema, face à vontade dos catalães decidirem em referendo sobre a sua independência, é mais uma demonstração de como os dirigentes da democracia burguesa são capazes de recorrer a todos os meios, mesmo ilegais ou ilegítimos, quando são postos em causa os seus interesses de classe.
Sob a capa da legalidade, a 12 dias do referendo para a independência da Catalunha, e servindo-se do aparelho jurídico burguês do estado espanhol (o mesmo aparelho que foi usado para a repressão dos militantes independentistas bascos e suas famílias) o governo de Madrid desencadeou uma vasta operação repressiva sobre a região, que nos faz lembrar velhas acções autoritárias do estado centralista sediado em Madrid.


AutoEuropa: a luta muda de figura

Manuel Raposo — 17 Setembro 2017

AENos últimos 20 anos, a acção sindical levada a cabo pela Comissão de Trabalhadores da AutoEuropa pautou-se pela procura de resultados práticos. O que se pode chamar um sindicalismo de resultados. Tal foi possível por duas razões relacionadas: uma prosperidade da empresa que lhe permitiu dar benefícios regulares aos trabalhadores (manutenção do emprego e ganhos salariais, por exemplo); e o estabelecimento, nessa base, de um pacto social entre trabalhadores e patronato. Foi a imagem (tardia, embora) do pacto social que vigorou na Europa após a segunda guerra.
A tentativa recente da administração da AE de impor o trabalho ao sábado pagando-o como se não fosse dia de descanso é uma nuvem negra sobre o dito pacto. E obriga os trabalhadores a pensarem que tipo de resposta deve ser dada e, mais geralmente, que tipo de sindicalismo é hoje necessário. É para essa reflexão que as linhas seguintes procuram contribuir.


Terror “branco”

13 Setembro 2017

As autoridades do Reino Unido anunciaram a detenção, em princípio de Setembro, de quatro membros de um grupo neonazi entre os quais estão militares no activo. São suspeitos de estarem a preparar atentados terroristas no país, diz a polícia. Se os indivíduos fossem árabes ou muçulmanos, não faltariam vozes a falar num “confronto de civilizações” visando destruir a “nossa democracia” e o “nosso modo de vida”.


Aproveitadores

11 Setembro 2017

O PSD, que, há coisa de um ano, juntamente com o CDS, bramava contra a paralisia dos sindicatos, acusando-os (visando sobretudo a CGTP) de estarem feitos com o governo, parece ter passado das palavras aos actos. Dizem as más línguas que o protesto dos enfermeiros tem a mão do PSD. Na verdade, a acção conta com o apoio da UGT, liderada por esse exemplo de lutador sindical que em 2015 pugnou pela reedição de um governo PSD-CDS, em vez da aliança do PS à esquerda. E conta, claro, com a movimentação incansável da actual bastonária da Ordem, Ana Rita Cavaco, membro do conselho nacional do PSD. O propósito seria entalar o governo nas vésperas das eleições autárquicas.
Verdade ou não, o certo é que a direita vê nisso o sinal


Maravilhas do privado

10 Setembro 2017

No dia 4 de Setembro, o Colégio Ramalhete (privado), no Porto, fez saber que não reabriria neste ano lectivo. Noventa crianças do pré-escolar e do ensino básico ficaram assim sem escola a poucos dias do começo das aulas. Os porta-vozes do colégio deram como razão para o encerramento um “imprevisto inesperado” (sic), e pronto. Deixar dezenas de crianças à porta da escola e pais sem saberem o que fazer à vida: eis uma das liberdades do capitalismo que os defensores da “iniciativa privada” evitam comentar.


Tropas portuguesas para o Afeganistão

Pedro Goulart —

afeganistãoSegundo a agência Lusa (com fonte no Ministério da Defesa), o governo português estaria a “negociar” com a NATO o envio, em 2018, de uma força militar para o Afeganistão. A força portuguesa a enviar seria composta maioritariamente por militares do Exército e teria dimensão equivalente ao contingente que Portugal retirou do Kosovo em Maio passado. Logo no mês seguinte, o ministro Azeredo Lopes, solícito, apressava-se a afirmar em Bruxelas, na sede da NATO, que há da parte de Portugal “uma disponibilidade total”, admitindo a possibilidade de juntar a “força de reacção rápida e a formação e o treino, em torno dos 170 homens”, a enviar para onde a NATO considerasse necessário.


Reaccionário como de costume

Pedro Goulart — 4 Setembro 2017

CavacoS_flipNa Universidade de Verão do PSD, perante o tema “Os jovens e a política: quando a realidade tira o tapete à ideologia”, Cavaco Silva, agarrando-o, disse que na zona euro “os governos podem começar com alguns devaneios revolucionários mas acabam sempre por se conformar com as regras da disciplina orçamental”. O ex-Presidente da República afirmou que “a realidade ao tirar o tapete à ideologia projecta-a com uma tal força contra a retórica daqueles que no Governo querem realizar a revolução socialista, que acabam por perder o pio ou fingem que piam, mas são pios sem qualquer credibilidade porque não são mais do que jogadas partidárias”. Cavaco, grande defensor da austeridade para os trabalhadores e o povo e de bons lucros para os patrões, aproveitou para bater forte e feio nos partidos da “geringonça”, solução que nunca engoliu bem. Mas (ignorância ou demagogia?) onde foi ele buscar a informação que todos ou alguns partidos da coligação das esquerdas do regime pretendem fazer a revolução socialista?