Arquivo: Outubro 2016

Um espelho da situação política

Urbano de Campos — 30 Outubro 2016

acordo_PBDizem as últimas sondagens que o PS e os partidos que apoiam o governo (BE e CDU) sobem nas intenções de voto, deixando para trás PSD e CDS. Como esta tendência de subida se tem registado de forma consistente nos inquéritos mais recentes, é possível que, de forma geral, a evolução traduza uma maior satisfação do eleitorado com a acção do governo e com o papel dos seus parceiros. Mas, olhados ao pormenor, os números dizem algo mais.


PS (m-l)

28 Outubro 2016

Alfredo Barros, um militante de longa data do PS de Matosinhos, envolveu-se numa disputa azeda com o líder da distrital do Porto, Manuel Pizarro. O pano de fundo são as eleições autárquicas do ano que vem e o motivo foi a decisão de retirar Barros da candidatura à câmara de Matosinhos. Barros acusa Pizarro de tomar decisões “nas costas dos militantes”, de forma “cobarde”. Humilhado, Barros aponta a raiz do comportamento de Pizarro: o seu perfil “marxista-leninista” e a sua condição de “infiltrado” no PS. Calma Alfredo Barros, escusa de fazer crer que o mal vem de fora. O PS tem, juntamente com a direita, um historial imbatível de facadas nas costas e corrida aos tachos.


As pressões do capital sobre o governo de António Costa e a luta de classes

Pedro Goulart — 24 Outubro 2016

patroesDesde o início da actual solução governamental do PS (com o apoio do PCP, do BE e do PEV) e, sobretudo, a propósito do OE 2016 e do OE 2017, surgiram continuamente nos média mensagens e pressões várias provenientes de diversas instituições nacionais e internacionais do capitalismo, empenhadas na continuação de uma política de total submissão do País aos ditames do patronato e do imperialismo. Isto porque, com a actual solução governamental, que não agrada à direita, se tem vindo a verificar a reversão de algumas das nefandas medidas do anterior governo do PSD/CDS, nomeadamente das transferências efectuadas para o capital de rendimentos extorquidos às classes trabalhadoras e aos pobres.


Quando os trabalhadores se contentam com pouco

Urbano de Campos — 20 Outubro 2016

migalhasQuando em final de Agosto se começou a falar no Orçamento do Estado para 2017, o presidente do PS Carlos César preparou as mentes com uma declaração de intenções muito simples: “consolidar os avanços” de 2016 e “menos espectacularidade”. Deu com isto dois sinais: um à União Europeia, de que podia ficar sossegada; outro aos parceiros de apoio parlamentar para que não esticassem muito a corda. E foi isso que rigorosamente se deu até à entrega do OE na Assembleia da República a meio de Outubro.


A pacífica estatização da CGD

Manuel Raposo — 15 Outubro 2016

CGDNão é estranho que o debate político em torno da Caixa Geral de Depósitos tenha sido tão brando? Depois de o governo Coelho-Portas ter feito tudo para a enfraquecer e preparar o terreno para a sua privatização, seria de esperar que a opção do governo de António Costa de capitalizar o único banco do Estado e de reforçar a sua natureza pública tivesse a mais encarniçada oposição por parte do PSD e do CDS, para não falar do resto da banca. Mas não — a discussão resumiu-se a questões laterais sobre a forma como o processo foi conduzido e sobre as trapalhadas que o acompanharam. Este desviar de atenções da direita mostra que, para o capital nacional, o caminho não podia ser outro.


Faz falta uma alternativa de luta?

António Louçã — 10 Outubro 2016

manif12março6No Portugal de 2016, a pergunta não é meramente retórica. A “geringonça” sobreviveu ao seu primeiro ano e a esquerda institucional pode reclamar para si alguns sucessos da fórmula encontrada. Para quê procurar outro caminho?
Há, sem dúvida, uma mudança sensível no ambiente político do país. Onde, há dois anos, nos perguntávamos todos os dias o que mais iria o Governo Passos-Portas inventar amanhã para roubar o povo, e o que mais iria inventar amanhã para engordar as grandes fortunas, hoje passou-se a discutir, ao menos, prazos e ritmos da reposição do poder de compra.


Pagar serviços, cobrar dividendos

Urbano de Campos — 5 Outubro 2016

DENMARK-EU-SPAIN-BARROSODos muitos que se indignaram com a ida de Durão Barroso para o Goldman Sachs International, nenhum se interrogou porque é que ele, doze anos antes, em 2004, foi parar a presidente da Comissão Europeia, logo a seguir à cimeira dos Açores e à invasão do Iraque. Aí estará uma chave para perceber a ascensão à liderança europeia deste tipo medíocre e maleável, numa altura em que a França e a Alemanha e muitos outros países da União Europeia se opunham à pressão belicista dos EUA e de Bush.
A política da União Europeia sobre o Médio Oriente, o Leste europeu, e mesmo a África do Norte e Central, etc. mudou desde 2004, no sentido de uma muito maior afinidade com os interesses norte-americanos. Não foi Durão Barroso que operou tal mudança. Mas, para os EUA, ter um agente amigo encastoado num dos organismos de topo da UE foi certamente uma boa ajuda.


Super lixo na escrita e no audio-visual

Carlos Completo — 2 Outubro 2016

LixaoPara além da habitual intoxicação e lixo que circulam na generalidade dos media, incluindo pseudo-notícias e “análises” promovidas pelos donos do capital, pelo FMI, pela Comissão Europeia, etc. (e executadas aqui pelos seus lacaios), há aqueles veículos de comunicação e programas que conseguem ultrapassar tudo e todos pela quantidade e qualidade do lixo que acumulam e divulgam. E em muitos dos livros presentes no mercado livreiro também se verifica problema semelhante.