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Arquivo de Julho 2015
A Inquisição contra a lei da IVG
Manuel Raposo
Numa sessão maratona que praticamente culminou a legislatura (a 4 de Outubro haverá eleições), a Assembleia da República aviou no dia 22 de Julho, numas quantas horas, a discussão e votação de dezenas de diplomas, antes de ir para férias.
Poderia pensar-se que, por respeito pelos cidadãos, a Assembleia guardaria para este final de etapa apenas os diplomas de menor importância ou de menor controvérsia. Mas não. Entre a catadupa de leis e alterações de leis guardadas para a última hora figurou uma proposta de modificação da lei da Interrupção Voluntária da Gravidez, aprovada por referendo em 2007.
Avançada por uma Iniciativa Legislativa de Cidadãos, que alberga os mais reaccionários e os mais inquisitoriais opositores da IVG, a proposta foi acolhida de modo discreto, mas de braços abertos, pelo governo e pela maioria PSD/CDS. E acabou por ser aprovada contra a vontade de toda a oposição. Ler o resto do artigo »
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António Louçã
Entre as incontáveis aberrações que a imprensa-voz do dono tem inventado para explicar o estoiro da Grécia, está a de afirmar que se tinha iniciado uma recuperação económica — “tímida”, admite-se com ar grave — e que logo aí veio um partido de esquerda estragar tudo.
Este filme é muito visto e precedeu quase todas as explosões maiores da história universal. Ler o resto do artigo »
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Cavaco Silva afirmou, corroborando Passos Coelho, que as declarações de Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia — segundo o qual o primeiro-ministro português, juntamente com a Espanha e a Irlanda, se teria oposto à discussão, antes das eleições legislativas, sobre a insustentabilidade da dívida grega e o seu eventual corte — não correspondiam nada às informações de que o presidente português dispunha.
Juncker não é flor que se cheire, mas o que disse tem sentido. Fica-se assim na dúvida sobre a qualidade das informações de que Cavaco dispõe. Serão do mesmo tipo daquelas que há pouco tempo dizia ter sobre a solidez do BES e a confiança que nele se poderia depositar — conhecido como é hoje o fundamento da sua convicção? Ler o resto do artigo »
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Por iniciativa do MOB e do Comité de Solidariedade com a Palestina realiza-se uma sessão de música e poesia pelo duo Farah Chamma (poetisa palestiniana) e Yassin Basilic (músico greco-tunisino).
Farah Chamma escreve poesia em inglês, árabe e francês, usando uma variedade de estilos líricos e linguísticos. Viveu no Brasil e fala português. Tem desenvolvido a poesia performativa e a “palavra falada” (spoken word). Yassin Basilic toca flauta.
Local: MOB, Rua dos Anjos, 12b (metro Anjos).
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Pedro Goulart
Apesar de muita demagogia, em particular daquelas promessas que habitualmente preenchem os períodos eleitorais, a coligação PSD/CDS não esconde que, caso vença as próximas eleições, a dita austeridade (para as classes trabalhadoras e o povo) não nos abandonará. O já anunciado corte de 600 milhões nas pensões, os cortes verificados nos apoios sociais (Rendimento Social de Inserção, Complemento Solidário para Idosos, Complemento por Dependência), na Saúde e na Educação, assim como os salários baixos, a elevada taxa efectiva de desemprego, a continuação de uma alta carga fiscal, são elementos preponderantes de uma situação que está para durar. Ler o resto do artigo »
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Urbano de Campos
A campanha contra o Não dos gregos, antes e depois da votação, só pode ser classificada como miserável. Entre os mais destacados participantes contam-se, como se sabe, os “socialistas” alemães do SPD. Martin Schulz, presidente do parlamento europeu e Sigmar Gabriel, vice-chanceler, ministro da economia e líder do partido primaram pela chantagem.
Dizendo, na manhã do referendo, que os gregos iriam ficar sem dinheiro se votassem Não, Schulz pintou o seguinte cenário: “os salários não serão pagos, o sistema de saúde deixará de funcionar, a rede eléctrica e os transportes públicos irão abaixo, e eles [os gregos] não serão capazes de importar bens vitais porque não os poderão pagar”. Na esperança de que o Sim ganhasse, revelou o jogo alemão ao propor a demissão do governo do Syriza e a nomeação de um governo de tecnocratas, o qual — antes de novas eleições! — assinaria o acordo que os credores da Grécia pretendiam. Ler o resto do artigo »
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António Louçã
Wolfgang Schäuble, antes de ser ministro das Finanças, foi duas vezes ministro do Interior. Entretanto, foi apanhado a aceitar contribuições para o seu partido da parte do traficante de armas Karl-Heinz Schreiber, condenado por fuga ao fisco. A verdadeira vocação de Schäuble era para chefiar as polícias e não para dirigir as finanças públicas. Por algum motivo foi parar às Finanças, quando começou a ser procurado para o cargo um perfil de polícia.
Mais alma de polícia do que Schäuble era difícil. Quando ministro do Interior. distinguiu-se por uma constante paranóia securitária. Em Outubro de 2009 recebeu o prémio negativo “Big Brother”, pela sua concepção autoritária do Estado. Ler o resto do artigo »
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Se [a civilização do mundo ocidental] está em crise, é preciso transformá-la. (…) Para isso deveriam servir os meios de comunicação de massas. Será que foram, até hoje, para isso utilizados? Evidentemente que não. Foram utilizados para fazer da opinião pública um enorme bloco de gelo, completamente petrificado. Somos como ursos brancos, vivemos uma civilização de ursos brancos, num décor de silêncio e frio.
Este desvio explica-se, como sempre, pela vontade que têm os privilegiados de conservar os seus privilégios frente à formidável vaga de conhecimentos que os ameaça. Ler o resto do artigo »
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Editorial
1. O voto esmagador do povo grego no passado dia 5 foi dirigido contra a austeridade e contra a ditadura das potências europeias. Significa uma movimentação para a esquerda de uma larga parte das massas populares gregas, maior ainda do que nas eleições de Janeiro que deram a vitória ao Syriza.
Esta situação é inédita na União Europeia. Apesar de ser um pequeno passo se tivermos em conta as reais necessidades das massas trabalhadoras e a enorme força do capital, é um importante passo em frente para devolver a confiança ao movimento popular e para reerguer a luta anticapitalista.
2. O sonoro “Não à austeridade, não à submissão, não à chantagem, não ao medo” do povo grego veio recolocar as coisas no devido pé: o que está em curso é uma luta política e não uma disputa financeira à volta de números. De um lado estão os trabalhadores gregos que rejeitam ser esmagados a pretexto de dívida; do outro estão a maiores potências capitalistas da UE que fazem da dívida um meio de exploração e submissão dos trabalhadores. Ler o resto do artigo »
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Manuel Raposo
As recentes sondagens de opinião que dão um empate entre PS e PSD/CDS para as eleições legislativas de Setembro/Outubro desenham uma imagem clara do que vai pelo país.
Primeiro, o PS não é alternativa à política de austeridade levada a cabo, há já 4 anos, pela coligação no governo. O facto revela que os portugueses têm memória do que foi a governação do PS, que iniciou a política de austeridade com os PECs, abrindo assim caminho à austeridade pura e dura do governo actual. E que se lembram também que, sob a batuta de Seguro, o PS deu a Passos e Portas, e ao presidente da República, o oxigénio de que precisaram para ultrapassar a crise governativa do verão de 2013 e assim poderem completar a obra que está à vista. E, claro está, fica também à vista de todos como o novo líder António Costa e os seus apaniguados gaguejam sempre que se trata de responder à necessidade de pôr termo à política de austeridade. Ler o resto do artigo »
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Hoje, dia 5, o povo grego, vivendo uma situação económica e social extremamente difícil e apesar de cercado e chantageado por toda uma corja de gestores do capital (Merkel, Schauble, Schulz, Lagarde, etc — a corja portuguesa nem merece referência, dada a sua irrelevância), coadjuvada por bandos de analistas e de jornalistas de serviço, que apelavam à submissão de todo um povo e à vitória do Sim, mostrou uma enorme dignidade e deu uma grande lição a muitos canalhas. É caso, para os que puderem, afirmarem: “todos somos gregos”.
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Quando a democracia burguesa torna claro que não passa de uma ditadura do capital
José Borralho
Por toda a Europa imperam as políticas austeritárias e a Grécia é a maior vítima dessas políticas. Os números não enganam sobre a devastação capitalista do FMI, da UE e do BCE, que os provocou: quebra do PIB em 25%, dívida igual a 180% do PIB, desemprego generalizado (60% entre os jovens), pobreza, destruição dos serviços sociais.
Nunca é demais repetir as causas que levaram o actual governo grego ao poder:
– A resistência dos trabalhadores à austeridade, imposta pelos governos da direita a mando da UE/BCE/FMI, através de dezenas de greves gerais, de ocupações e de combativas manifestações, que tornaram insustentável o poder burguês. Ler o resto do artigo »
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António Louçã
Ao declarar que seria preciso discutir uma solução para a Grécia, mas “com adultos dentro da sala”, a directora-geral do FMI, Christine Lagarde, estava a revelar a atitude genocida do capital internacional sempre que alguém se lhe atravessa no caminho.
Logo surgiram tentativas para minimizar o significado da frase de Lagarde, como se ela se tivesse limitado a lançar uma graçola de gosto duvidoso, ao estalar-lhe o verniz de grande dama perante a relutância de um Governo em capitular. A essa luz tratar-se-ia talvez de uma grosseria ou mesmo de uma manifestação de carácter digna de Strauss-Kahn. Só com a diferença de Lagarde não violar empregadas de limpeza e sim povos inteiros, com os seus direitos sociais e direitos humanos. Ler o resto do artigo »
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