Arquivo: Março 2014

Futuro zero

Manuel Raposo — 30 Março 2014

reformados e pensionistasCom a aproximação da data de partida oficial da troika e sobretudo com novas eleições no horizonte, o governo e os seus porta-vozes inauguraram o discurso da “recuperação económica” como prova do “êxito” das medidas de austeridade.
O ministro da economia, Pires de Lima, foi um dos pioneiros desta nova linha de propaganda. Mas, para além da insegurança e da precariedade dos dados em que a conversa se baseia — sublinhadas de resto por fontes tão insuspeitas como o FMI — é o próprio discurso do ministro que revela a fraqueza do que é dito e das circunstâncias em que a falada “recuperação” se processa.


Mekorot fora de Portugal!

20 Março 2014

No dia 25 de março, estaremos no Largo de Camões, entre as 18h e as 19h. Participa, traz garrafões de água vazios. Junta-te à semana mundial contra a Mekorot, empresa israelita responsável pelo apartheid da água na Palestina. A empresa das águas holandesa Vitens cancelou a sua parceria com a Mekorot. Na Argentina, o movimento de boicote fez perder à Mekorot um contrato milionário. Em Lisboa, queremos que a EPAL denuncie o seu acordo com a Mekorot.
Organizações participantes: Associação de Agricultores do Distrito de Lisboa – Associação Água Pública – Associação Intervenção Democrática – Audiência Portuguesa do Tribunal Mundial sobre o Iraque – Casa Viva – Colectivo Mudar de Vida – Colectivo Mumia Abu-Jamal- Comité de Solidariedade com a Palestina – Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses – Conselho Português para a Paz e a Cooperação – Federação dos Sindicatos de Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal – Fórum pela Paz e pelos Direitos Humanos – Grupo Acção Palestina – Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente –
SOS Racismo.


Masoquismo, compromissos políticos e empobrecimento

Pedro Goulart — 18 Março 2014

navio-afundandoPassos Coelho, que falava numa conferência sobre o pós-troika, irritado por o Manifesto dos 70 vir pôr em causa a única saída (a sua!) para a presente crise do capitalismo português e, ainda, por ter surgido num momento com eleições à vista, foi contundente na forma como se referiu às personalidades de diversos quadrantes políticos que subscreveram o Manifesto pela Reestruturação da Dívida. Passos Coelho acusou os subscritores de serem “os mesmos que falavam na espiral recessiva” e afirmou espantar-se que “pessoas tão bem informadas” levantassem tais questões. E o primeiro-ministro citou, a propósito, o Presidente da República, apoiando a ideia por este então expressa de que falar em reestruturação da dívida era um acto de “masoquismo”.


A quem serve esta Justiça?

13 Março 2014

Enquanto era inaugurado o novo edifício da Polícia Judiciária, com a presença de Passos Coelho, António Costa, Alberto Costa e Paula Teixeira da Cruz, e era afirmado tratar-se de edifício do mais moderno a nível mundial (segundo Pedro do Carmo, da direcção nacional desta polícia), ficámos a saber que isto, para principiar, nos vai custar quase cem milhões de euros. Simultaneamente, esta mesma Justiça, de que a Polícia Judiciária faz parte, deixa prescrever milhões de euros de multas aos banqueiros Jardim Gonçalves, do BCP, e João Rendeiro, do BPP. E, entretanto, diz-se que falta dinheiro para escolas, hospitais, assim como para apoiar os desempregados.


Relvas, o indispensável

António Louçã — 10 Março 2014

ZecaMendonçaO pontapé de “Zeca Mendonça” a um repórter fotográfico foi bem o símbolo de um estilo. Não havia dúvida possível: Relvas estava de volta. Com a agressão ao jornalista, o assessor do ex-ministro ilustrou todo um programa político. Era assim o Relvas que tutelou a RTP e era assim o que interveio na linha editorial de jornais que não tutelava (caso de Maria José Oliveira e do “Público”). Os jornalistas, quando saem da linha, devem ser tratados a pontapé.

Tratava-se de um mero resquício do passado? Se assim fosse, Relvas teria entrado no Congresso do PSD pela porta dos fundos e teria ocupado discretamente um lugar no meio da plateia. Mas ele reentrou pela porta grande e Passos Coelho pô-lo logo à frente da lista para o Conselho Nacional.


Para a repressão há dinheiro

7 Março 2014

Diz o governo que o dinheiro é escasso para a Saúde, Educação e Segurança Social, mas o Ministério da Administração Interna (MAI) acaba de renegociar a renda paga pelas instalações que detém no Tagus Park. Segundo o DN, o gabinete de Miguel Macedo, em troca de um desconto de 7%, prolongou o contrato por mais cinco anos, passando a pagar pela renda 2,2 milhões de euros por ano (mas apenas em 2014 e 2015). Em vez dos 2,4 milhões acordados para dez anos (entre 2008 e 2018), no tempo do ministro Rui Pereira. Assim, a renda milionária continuará a ser paga pelo MAI à Fundimo (um fundo imobiliário) e o contrato foi prolongado por Miguel Macedo até 2023.


EUA e UE levam Ucrânia à beira da guerra civil

Manuel Raposo —

mccain_ucraniaQuando artigo seguinte foi escrito (e publicado no MV 40, edição papel), em início de Janeiro, as manifestações na Ucrânia esmoreciam e parecia que a calma estava regressar ao país. Enganámo-nos. A disposição da União Europeia e dos EUA em arrastar a Ucrânia para a sua órbita levou-os a apoiar por todos os meios os protestos de rua e a incentivar, inclusive, a pior escumalha de entre os grupos fascistas ucranianos, no sentido de debilitar o poder do presidente Yanukovich. Conseguiram-no e não recuaram mesmo diante do risco de levar o país à beira da guerra civil; ou até de um confronto com a Rússia, que defende os seus interesses na zona. É neste sentido que têm de ser entendidas as declarações dos dirigentes ocidentais, entre eles o sinistro Rasmussen, secretário-geral da NATO.
A incerteza ainda paira no ar, com as populações russas e russófonas do leste do país a recusarem o novo poder instalado em Kiev e a pedirem protecção à Rússia, que entretanto movimentou tropas na Crimeia — onde está estacionada a sua frota do Mar Negro.
Apesar da subavaliação dos propósitos das forças imperialistas ocidentais e das evoluções mais recentes, o quadro em que os acontecimentos se desenrolam permanece actual. Por isso publicamos o artigo tal como foi redigido em Janeiro — com ressalva do título, a que tem de se acrescentar um “não”.


O PSD e o regresso de Miguel Relvas

Pedro Goulart — 2 Março 2014

relvasO regresso de Miguel Relvas à ribalta política surpreendeu muita gente. A sua escolha para cabeça de lista do Conselho Nacional do PSD, avalizada no recente Congresso do partido, para além de acentuar publicamente a absoluta falta de vergonha de Passos Coelho e dos seus apoiantes, terá provocado algum mal-estar junto de vários congressistas presentes. Mas a cobardia e os interesses (de classe burguesa) instalados prevaleceram sobre qualquer pretenso mal-estar. As críticas anónimas ou as tíbias demarcações de militantes do partido em relação a esta imposição de Passos Coelho falam por si. É assim a natureza e a moralidade desta gente.