Arquivo: Julho 2013

As raízes a nossa “pseudo-democracia”

Manuel Raposo — 25 Julho 2013

Disse Mário Soares por um destes dias que vivemos numa pseudo-democracia. Grande mudança se deu na cabeça de Soares desde a altura em que elogiava Passos Coelho como um homem sério e inteligente — já as medidas antipopulares do governo faziam o seu curso. Como estes louvores, repetidos por mais de uma vez, agora lhe queimam a boca, Soares mudou de rumo.
É claro que vivemos numa pseudo-democracia. Mas não será inútil esclarecer de onde vem este regime, a que seria preferível chamar plutocracia, e qual foi o papel que o dr. Soares desempenhou na sua criação.


Concerto de tributo a José Afonso

18 Julho 2013

A Associação José Afonso (AJA) e a Reitoria da Universidade de Lisboa promovem, com o apoio do SPGL, no próximo dia 20 de Julho, um concerto assinalando os 50 anos da primeira edição de Os Vampiros. O concerto realiza-se na Aula Magna, em Lisboa, pelas 21h, e conta com a participação de Rogério Pires, Sérgio Caldeira, Pedro Syroh, José Fanha, o grupo Ensemble VOCT, Rui Pato, João Afonso, Manuel Freire, Luis Pastor, Lourdes Guerra, Pedro Fragoso e Francisco Fanhais.


Patrões apoiaram a greve geral?

Urbano de Campos —

Nas vésperas da greve geral, quatro confederações patronais (indústria, comércio e serviços, turismo e agricultura) vieram a público reclamar uma política de “crescimento económico”. De passagem, repetiram que greves não resolvem nada, mas que, desta vez, entendiam as razões de queixa dos trabalhadores. Tanto bastou para choverem exclamações de que “os patrões apoiam a greve geral”!


Esquecido

16 Julho 2013

Um tal João Coutinho, gestor, saiu da CGD em 2004 com uma indemnização entre 500 e 800 mil euros. Entretanto, passou pelo Barclay’s Bank de onde teve de sair em Fevereiro deste ano pouco antes de a direcção do banco ter sido afastada por “más práticas”. Há dias foi proposto, de novo, para um cargo na mesma Caixa. Interrogado sobre o montante da indemnização de 2004 respondeu “já não tenho ideia sobre o valor exacto que recebi”. A Comissão de Selecção e Recrutamento da Administração Pública que agora o achou apto para o lugar na Caixa não considerou a indemnização recebida factor impeditivo, classificando o assunto como sendo “do foro ético”.


Seguro, o simples

15 Julho 2013

No Fórum dos Progressistas Europeus, realizado em França, António José Seguro propôs que, acima dos 11% de desempregados, os subsídios de desemprego fossem pagos pela União Europeia. Se corre por aí a ideia de mutualizar a dívida que se situe acima dos 60% do PIB de cada país — argumenta Seguro — por que não mutualizar os custos do desemprego? Não passa pela cabeça de Seguro atacar as origens do desemprego, passa-lhe sim arranjar espertezas para o manter, repartindo os custos. Eis um exemplo vivo de como a nova socialdemocracia já não esboça um pequeno gesto que seja no sentido do progresso social, mesmo moderado, e apenas se procura afirmar como a face moderada da reacção capitalista.


Aniversário

14 Julho 2013

Em 22 de Junho, solenemente, no mosteiro de Alcobaça, o governo comemorou dois anos de vida. Todos os números contrariavam o optimismo exibido: queda do PIB de 2,3%, em vez da subida de 1,2% prevista; desemprego em 18,2%, em vez de 13%; défice em 5,5%, em vez de 3%; dívida em 122,3%, em vez de 106,8%. A greve geral de dia 27 e a luta dos professores mostraram que a visão de quem trabalha é outra. A 1 e 2 de Julho demitiram-se Gaspar e Portas provando-se que as notícias sobre a unidade do balneário eram um pouco exageradas. O feliz aniversário quase redundou em funeral.


A lição de Saraiva

13 Julho 2013

O ministro da Educação Nuno Crato não aprendeu a lição do ministro da Educação José Hermano Saraiva quando este, diante da greve de estudantes de 1969, veio fazer voz grossa ameaçando, façanhudo, impor a ordem em dois tempos. Julgava ele que o país ainda era amante da ordem e ficaria do lado do governo contra os estudantes. Enganou-se: a luta durou de Abril até ao verão e Saraiva acabaria substituído no ano seguinte. Crato quis vencer o braço de ferro com os professores pondo pais e alunos contra eles. Mas a maioria dos pais e dos alunos estão fartos do governo a que Crato pertence. A recusa em adiar o exame de dia 27 foi uma teimosia que ninguém entendeu a não ser como uma estúpida prova de força, na verdade uma bravata política. O governo perdeu em toda a linha e ficou provado que lutar compensa.


Às ordens da CIA

9 Julho 2013

O avião do Presidente boliviano Evo Morales, que se dirigia de Moscovo (onde participou num fórum de países produtores de gás) para La Paz, foi impedido pelo governo português (e por vários outros governos europeus) de sobrevoar Portugal e aterrar em Lisboa, devido a “considerações técnicas”, que não foram explicadas. Esta decisão (que viola as leis internacionais sobre tráfego aéreo) implica todo o governo português, incluindo Paulo Portas que, mesmo demitido das funções de ministro dos Negócios Estrangeiros, não teve pejo de ceder a esta pressão do imperialismo norte-americano.
Na verdade, o avião presidencial boliviano foi proibido de ingressar nos espaços aéreos da França, da Itália e de Portugal, por suspeitas de que o ex-agente norte-americano Edward Snowden — que denunciou a espionagem de cidadãos dentro e fora dos EUA e que hoje procura asilo político — estivesse a bordo.


A briga

A crise governamental da última semana foi um momento de fractura que mostrou a podridão que alastra sob a superfície das instituições e dos discursos.

A consolidação das contas públicas revelou-se mais do que fictícia. A queda vertical da Bolsa, a subida vertiginosa dos juros da dívida mostram que tudo está por arames. Gaspar, o agente da troika, deixa o país em cacos. Fica patente que o dito “programa de ajustamento” se destinava tão só a reembolsar os credores à custa de tudo e de todos; e que novo resgate está à vista em condições ruinosas, implicando mais exigências políticas e custos sociais.


Demissão do governo! Todos a Belém, sábado dia 6, 15 horas

5 Julho 2013

A exigência de demissão do governo é a proposta política que faz hoje a maior unanimidade popular, pesem as divergências sobre os caminhos imediatos e futuros. Só este propósito popular poderá contrariar a reacção acantonada no governo, em Belém, em Bruxelas onde se congeminam planos para continuar o massacre social ao povo trabalhador.
Se a exigência de demissão do governo acarreta outra que é a realização de eleições, isso deve-se a que as relações de classe e o nível da luta de massas ainda se situam nesse patamar: o chamado jogo democrático e de alternância. Uma coisa porém é certa: é preciso derrotar a direita, vencer os banqueiros, a troika, o capital, e ao mesmo tempo levantar as bandeiras da luta actual com vista à viragem.
Governo e troika, Rua!
O capital que pague a crise e a dívida!
Anulação de todas as medidas de austeridade!
Taxar o capital!
Trabalho para todos!


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