Arquivo: Novembro 2012

Nuno Santos, Luís Castro e Ana Pitas – tudo boa gente

Pedro Goulart — 29 Novembro 2012

Ainda a propósito da manifestação de 14 de Novembro, que terminou com uma brutal carga policial, sabe-se que o inquérito interno da RTP concluiu que Nuno Santos (director de informação da estação) teria autorizado que “a PSP visionasse as imagens num sítio discreto que não no Arquivo”. E agora também se ficou a saber que dois elementos pertencentes a uma unidade secreta da PSP estiveram no gabinete de Luís Castro, subdirector da RTP (e com a presença de alguns membros da Direcção de Informação), a visualizar as imagens captadas durante a manifestação.


Manifestações contra OE 2013 e contra o governo

26 Novembro 2012

Contra o ataque aos direitos dos trabalhadores, contra a precariedade e o desemprego, contra o brutal aumento de impostos previsto no OE 2013, realizam-se em Lisboa duas manifestações, nos dias 27 e 29.
Dia 27, 10h30, contra o Orçamento do Estado (votação final). Promovida pela CGTP, com concentrações prévias no Largo do Rato, no Jardim da Estrela e no Largo de Santos.
Dia 29, Manifestação Internacional dos Estivadores. Com a participação de centenas de estivadores de outros países. A AR debate a proposta governamental de um novo regime jurídico do trabalho portuário. Concentração na Praça do Município, pelas 13h, seguindo depois para a Assembleia da República.
Participa.


O 14 de Novembro e o aparelho repressivo de Estado

Carlos Completo — 19 Novembro 2012

“Do rio que tudo arrasta, diz-se que é violento. Mas ninguém chama violentas às margens que o comprimem.” Bertolt Brecht

Em anterior artigo de Urbano de Campos ficou expressa a posição do Mudar de Vida no apoio à Greve Geral de 14 de Novembro. A grande dimensão por esta assumida e o seu significado apareceram, contudo, por iniciativa própria dos jornalistas ou a mando dos seus chefes, ofuscados na comunicação social pelos acontecimentos da parte final da concentração de São Bento. Apesar de não estar de acordo com a acção de alguns dos manifestantes (embora uns pudessem estar sinceramente revoltados e, outros, provavelmente, não passarem de vulgares provocadores policiais), que dedicaram grande parte do seu tempo a atirar pedras à polícia fardada, considero dever repudiar fortemente a actuação das forças repressivas.


Em defesa de Gaza

O ataque em curso de Israel à população de Gaza causou já dezenas de mortos e centenas de feridos, muitos deles mulheres e crianças. Nos últimos dias as tropas de Israel assassinaram dirigentes palestinos e atacaram território sírio. Estas acções militares, que contam com o apoio dos EUA e da UE, prenunciam uma escalada guerreira cujos limites são imprevisíveis.
Condenemos o terrorismo israelita. Condenemos a conivência do governo português com os crimes de Israel.

PORTO: vigília, hoje dia 19,18h, Praceta Palestina (esquina R. Sá da Bandeira/R. Fernandes Tomás/R. do Bolhão).

LISBOA: concentração, amanhã dia 20, 14h, Rossio.


Criminoso de guerra demite-se de director da CIA

13 Novembro 2012

O general David Petraeus, antigo comandante das forças de ocupação no Iraque e no Afeganistão, demitiu-se agora de director da CIA, por se ter descoberto que mantinha duas amantes. A demissão do chefe dos espiões não foi provocada pelas responsabilidades de Petraeus nas criminosas guerras imperialistas no Iraque e no Afeganistão. Deveu-se, para além dos pretextos de eventual perigo de chantagem, à pobre e hipócrita moral vigente, que normalmente vilipendia os responsáveis políticos quando estes mantenham relações “extra-conjugais” e considera heróis os criminosos de guerra.


Largo apoio à greve geral, 14 Novembro

Urbano de Campos — 12 Novembro 2012

Poucas greves gerais terão tido um sentido político tão marcado como irá ter a de 14 de Novembro. As razões parecem evidentes.
A crise económica redundou numa crise política e governativa. Não há soluções à vista no quadro de “recuperação” que as classes dominantes defendem e tudo se encaminha para um agravamento da mesma política de austeridade. O crescendo dos protestos de massas coloca nos pratos da balança uma força de rua com que o poder não contava ainda há dois meses e que rompe os limites da tradicional oposição parlamentar. Em muitos sectores populares as exigências ultrapassam a questão reivindicativa imediata e colocam em causa o regime político, a falta de democracia, etc. Tudo se encaminha, por estes factos, para uma confrontação cada vez maior entre os interesses do Capital expressos nas medidas de austeridade e os interesses da massa trabalhadora.


Merkel fora daqui

9 Novembro 2012

Dia 12 de Novembro, Angela Merkel estará em Portugal. A dirigente alemã vem inteirar-se pessoalmente de como se comportam os seus capatazes no extremo ocidental da Europa, confirmar se o saque imperialista prossegue em boa forma e reforçar as condições para que os capitalistas alemães façam aqui bons negócios, nomeadamente abocanhando boa parte do que ainda resta das privatizações. Mostremos-lhe que repudiamos esta política espoliadora e opressiva. De entre as várias iniciativas contra a presença de Merkel entre nós, no dia 12, destacamos duas concentrações em Lisboa:
– 15h, Praça Camões
– 16h, Largo do Calvário.


“Refundação” do memorando da troika ou a destruição do Estado Social

Pedro Goulart — 5 Novembro 2012

O projecto político de Passos Coelho e da sua gente assenta, desde o início, na existência de um Estado mínimo, destinado à defesa dos interesses da burguesia e mantendo apenas um aparelho de estado – polícias, justiça, defesa e uma parte burocrática – necessário ao domínio económico dos mercados e aos lucros do capital. A Saúde Pública, a Educação Pública e a Segurança Social acabariam, em grande parte, entregues à iniciativa privada, ficando os trabalhadores e os pobres relegados, muitas vezes, para um tratamento caridoso e de carácter assistencialista. Muito este governo já tem feito nesse sentido e só mais não fez até agora porque não o deixaram.


O único rumo que pode dar frutos

2 Novembro 2012

Em ano e meio, o governo foi atirando medidas punitivas sobre os trabalhadores com o à-vontade de quem julgava que “a malta” suportaria tudo em nome da austeridade, resignada à ideia de “não haver alternativa”. Enganou-se: debaixo dum aparente conformismo a revolta foi crescendo e explodiu em Setembro nas duas grandes manifestações de 15 e 29. Os alvos políticos da fúria popular ficaram bem identificados: a austeridade, o governo e a troika. “Gatunos!” é a expressão que tudo resume.

O abalo abriu uma crise política no poder que está longe de sanada, provando que só através da luta de massas – e de uma luta de massas apontada contra o capital – se pode travar a política de austeridade.