Arquivo: Fevereiro 2012

A mulher, segundo o cardeal

24 Fevereiro 2012

Manuel Monteiro de Castro é um dos novos cardeais aos quais o Papa entregou, no dia 18, os anéis e os barretes cardinalícios. O ministro Paulo Portas, que se deslocou de propósito a Roma, afirmou ser “uma honra” contar com o novo cardeal luso na Igreja Católica. E, em entrevista ao Correio da Manhã e ao Jornal de Notícias, Monteiro de Castro deixava algumas pérolas, afirmando que “A mulher deve poder ficar em casa, ou, se trabalhar fora, num horário reduzido, de maneira a que possa aplicar-se naquilo em que a sua função é essencial, que é a educação dos filhos”. Não sabemos de que século vem este cardeal, mas, pelas afirmações, parece um bocado desfasado destes tempos.


A quem serve a via seguida pela UGT?

Urbano de Campos — 23 Fevereiro 2012

É patético o esforço que João Proença tem feito para demonstrar as “vantagens” para os trabalhadores – e para o movimento sindical, como ele não se cansa de sublinhar – do aval que, por sua mão, a UGT deu à política do governo PSD/CDS no acordo firmado, em final de Janeiro, à sombra da famigerada “Concertação Social”. Na verdade, ninguém vê onde está a vantagem de assinar por baixo medidas de despedimento mais fácil e mais barato, menores subsídio de desemprego, mais horas de trabalho não pagas, menos dias de férias, etc. A evidência é outra: no ambiente de catástrofe e de corrupção em que o país vive, o governo e os patrões compraram, a custo zero, o voto da UGT para que o assalto aos bolsos dos trabalhadores pudesse parecer coisa consentida.


Solidariedade com os trabalhadores e o povo grego

Os trabalhadores e o povo grego têm dado significativas lições de combatividade na luta contra as opressoras e humilhantes medidas/imposições das burguesias europeias. A sua luta merece a nossa admiração e solidariedade. Mas não nos parece que as lágrimas de crocodilo derramadas por alguns subscritores de um Manifesto dito solidário com o povo da Grécia, onde pontificam Mário Soares, Almeida Santos e Ana Gomes, possam confundir-se com a solidariedade dos trabalhadores e do povo português. Pelas responsabilidades/cumplicidades desta gente na exploração e opressão dos trabalhadores e dos povos europeus, designadamente dos portugueses.


Cresce o número de casas entregues à Banca

Carlos Completo — 13 Fevereiro 2012

tantagentesemcasa1.jpgSabemos das previsíveis e graves consequências que a futura lei das rendas terá para pobres e idosos, muitas vezes despejando-os das suas habitações e, provavelmente, atirando alguns deles para lares e outros para as ruas. Mas hoje vamos referir, em particular, a situação daqueles milhares de pessoas despejadas das suas casas pelos bancos que anteriormente, com grande facilidade, lhes haviam concedido os créditos. E, mais recentemente, verifica-se um significativo acréscimo da execução de hipotecas e/ou das dações em pagamento, sobretudo resultante de um forte aumento do desemprego e da redução do rendimento disponível das famílias. Hipotecas que já hoje estão a atingir pesadamente os próprios fiadores.


Há que lutar! O MV na manifestação de amanhã

10 Fevereiro 2012

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O Mudar de Vida, com a sua faixa “Contra o Capital”, vai participar na manifestação de amanhã, 11 de Fevereiro, em Lisboa, convocada pela CGTP. Convidamos os amigos e leitores do MV a reunirem-se na Praça dos Restauradores, junto ao elevador da Glória, pelas 14h30.

À margem dos intermináveis debates travados no parlamento ou nos meios de comunicação, o dia a dia dos trabalhadores torna-se um inferno mantido debaixo de silêncio. O Capital desencadeou uma guerra de classe contra o Trabalho. Isto exige do Trabalho nada menos do que uma guerra de classe contra o Capital. O movimento laboral, com destaque para o movimento sindical, precisa de uma capacidade de resistência acrescida, em número de lutas e em dureza – ao nível das medidas de terror que desabam sobre os trabalhadores. Só o medo pode fazer recuar os patrões e o governo.


Conselhos lúcidos às classes dominantes?

Pedro Goulart — 7 Fevereiro 2012

reforma-agraria.jpgCom a crescente ofensiva anti-trabalhadores dos últimos anos, os discursos e as análises das classes dominantes e dos seus assalariados nos média têm vindo a aumentar, recorrendo frequentemente à chantagem. Os analistas de serviço têm-se esforçado por convencer os seus leitores e as audiências da bondade das medidas adoptadas contra os trabalhadores pelos governos lacaios do capital e pelas diversas instituições do regime. Contudo, de vez em quando, surgem algumas vozes mais lúcidas do interior das classes dominantes, que advertem para os perigos que as medidas extremas adoptadas pelos governantes burgueses podem trazer aos seus próprios interesses de classe.


Só lutando

3 Fevereiro 2012

Contra todos os anúncios do governo e dos propagandistas da situação, nem 2012 será o final da crise, nem 2013 o início da “recuperação”. Quem desconfiasse das vozes oficiais, já o sabia; mas agora são os próprios a dizê-lo.

Os oráculos do grande capital europeu dizem à boca cheia que Portugal não conseguirá cumprir o plano da troika e que vai precisar de novo “acordo” – significando isso medidas ainda mais brutais contra os assalariados.
Em consonância, o Banco de Portugal prevê uma profunda recessão e desemprego recorde, confirmando o caminho sem retorno do capitalismo português numa Europa em declínio e sugerindo o meio do costume: mais “austeridade”.
O governo admite que o défice teima em não baixar e, pelo processo da “fuga de informações”, sonda a reacção da opinião pública a novas penalizações sobre o trabalho.


Dito

2 Fevereiro 2012

A democracia depende da igualdade, o capitalismo da desigualdade. Numa democracia, os cidadãos chegam à praça pública com um voto cada; numa economia capitalista, os participantes chegam ao mercado com talentos e recursos desiguais e saem do mercado com recompensas desiguais. Nem a desigualdade é um simples efeito lateral do capitalismo. Uma economia capitalista não pode operar sem ela. H. W. Brands, historiador norte-americano contemporâneo (in American Colossus).


Despejos à vista

1 Fevereiro 2012

A nova lei do arrendamento, que a dinâmica ministra Assunção Cristas tirou da gaveta, veio acompanhada de vários argumentos: renovar as áreas urbanas degradadas e acabar com a “injustiça” dos inquilinos que não pagam ou pagam pouco. O fundo da questão é outro: trata-se de valorizar o capital fundiário que perdeu importância face aos investimentos na construção nova e no crescimento urbano. Com estes filões esgotados, procura-se agora fazer da propriedade urbana, nomeadamente da mais antiga, fonte de rendimento que valha a pena. Para isso há necessidade de despejar os inquilinos de baixos recursos, que nunca poderão pagar grandes rendas, libertando os edifícios para novas funções e novos arrendatários mais abonados. Na prática, vamos assistir a uma onda de despejos atingindo sobretudo as famílias mais pobres e os centros urbanos, mais valiosos.