Arquivo: Abril 2011

A única oposição eficaz

Manuel Raposo — 28 Abril 2011

manif12marco1.jpgO ministro Luís Amado, no lugar de Sócrates, disse tudo: para efeitos de futuro governo, as alianças do PS serão com a direita. Nada que não se previsse já, mas fica sublinhado para que não sobrem dúvidas. A afirmação, de resto, vem corresponder às pressões feitas pelos porta-vozes directos do capital desde que a crise dos negócios se agudizou e desde que o receio de convulsões sociais se começou a perfilar.
Começando por defender um acordo governativo, ou “de regime”, entre PS e PSD – o chamado bloco central – as forças do poder económico apostam agora abertamente num bloco de direita que não deixe de fora o PS. É a esta viragem que o PS, através de Luís Amado, vem dizer que sim.


Patriotas interessados

25 Abril 2011

Dois dos subscritores de um chamado compromisso nacional, preenchido essencialmente por destacados homens do capital, parecem já ter começado a pôr em prática este seu compromisso com a pátria. Belmiro de Azevedo e Alexandre Soares dos Santos, proprietários do Continente e do Pingo Doce estão a fazer chantagem sobre os trabalhadores destas empresas de distribuição, ameaçando-os com processos disciplinares, pretendendo obrigá-los a trabalhar no 1º de Maio. O Sindicato dos Trabalhadores do Comércio já apresentou um pré-aviso de greve para o dia 1 de Maio, de modo a permitir que os funcionários dos hipermercados possam gozar o feriado do Dia do Trabalhador.


Legítima resposta

24 Abril 2011

Numa manifestação de precários em Espanha, um cartaz da “geração sem futuro” dizia: “Sem casa, sem reforma, sem medo”. Também em Lisboa, na manifestação da “geração à rasca”, um dístico perguntava: “Quando não tiveres nada a perder, o que serás capaz de fazer?”.

Estes dizeres revelam uma disposição de luta que é preciso incentivar. Indicam uma viragem possível e desejável para a resistência de massas, de resposta ao terror social imposto pelo patronato. O mesmo exemplo de destemor se pode tirar das revoltas populares nos países árabes.


Sem medos

22 Abril 2011

manif12marco6.jpgDepois das grandes manifestações de 12 e 19 de Março, em que centenas de milhares de trabalhadores, desempregados e jovens exprimiram o seu descontentamento e apresentaram as suas reivindicações, a luta tem prosseguido nas ruas e nas empresas. Embora em menos locais e com menos força do que seria necessário para barrar a ofensiva do capital. Em Março e Abril, milhares de trabalhadores lutaram contra os cortes de salários, a supressão de direitos no trabalho, a intenção de alguma empresas avançarem com as privatizações, assim como a defesa das liberdades. E em 6 de Maio estarão em greve os trabalhadores da Função Pública.


José da Conceição

21 Abril 2011

Morreu em 16 de Abril, com 74 anos de idade, José da Conceição, natural de S. Francisco da Serra, Santiago do Cacém. Desde jovem, foi um empenhado activista político desenvolvendo inúmeras iniciativas culturais em associações populares, primeiro em Grândola, depois em Viana do Castelo e em Lisboa. Privou então com José Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Carlos Paredes, Fausto, José Saramago e outras figuras da oposição à ditadura. Nos anos 70, integrou como militante as organizações revolucionárias O Comunista, Organização Comunista Marxista-Leninista Portuguesa e Partido Comunista Português (Reconstruído). A nossa homenagem ao antigo camarada e ao lutador que José da Conceição sempre foi. JCC, MR


Fukushima e a luta de classes

António Louçã —

fukushima.jpgComeçou-se por dizer que a catástrofe de Fukushima não atingiria as proporções de Chernobil. Claro, ficaria mal a um dos países-modelo do capitalismo global ter construído centrais nucleares no enfiamento de terramotos e maremotos. A imprevidência, para encaixar nos padrões vigentes de correcção política, devia ser exclusiva da burocracia soviética. Agora, já se admite que Fukushima pode ter consequências tão graves ou mais que as de Chernobil.


Teoria por medida

17 Abril 2011

Reflectindo sobre os assassinatos em massa praticados pelos nazis e pelos “comunistas soviéticos” (Público, 4 Abril), JC Espada, figura destacada da Universidade Católica, conclui, na linha de um historiador liberal inglês, tratar-se do efeito “do apagamento da dimensão religiosa da civilização europeia”, da perda do “papel civilizador da religião cristã e da tradição judaico-cristã” e do “ateísmo militante de ambos os exterminadores”. Ficam por explicar as chacinas dos EUA protestantes (In god we trust) em todo o mundo; dos britânicos anglicanos na Índia, África ou Irlanda; dos fanáticos israelitas na Palestina. O fôlego teórico foi curto, mas percebe-se a utilidade política da conclusão.


Vítor Bento, o moralista

Carlos Completo — 16 Abril 2011

loureiro_costa_cavaco.jpgVítor Bento, presidente do Conselho de Administração da SIBS – Sociedade Interbancária de Serviços (empresa que gere a rede do Multibanco) – e há algum tempo nomeado por Cavaco Silva para membro do Conselho de Estado, em substituição de Dias Loureiro, apresentou recentemente o livro Economia, Moral e Política, em que acusa os políticos como os maiores culpados pela crise económica internacional. Aqui, o autor discorre sobre uma Moralidade exterior à Economia, pretendendo autonomizar aquela do contexto económico-social que a determina.
Lembramos que este é o mesmo Vítor Bento que foi promovido no Banco de Portugal, por Constâncio, quando já lá não estava há vários anos (que moralidade?). O mesmo Vítor Bento defensor da flexibilização da legislação laboral e do abaixamento do salário dos trabalhadores, para melhorar a “competitividade” da economia.


Espírito caritativo

15 Abril 2011

Numa visita à Associação para o Desenvolvimento de Rebordosa, Passos Coelho afirmou que “Se não for dada uma atenção especial aos grupos de maior risco não conseguimos a paz e a justiça social para podermos fazer a recuperação da nossa economia e a criação de emprego” e “se nada for feito rapidamente pode-se ter uma situação de ruptura social em Portugal”. Ora, esta gente do chamado arco governativo bastante tem feito, e pretende continuar a fazer, para que haja muitos “desprotegidos”. Há quem fabrique os pobres para depois poder praticar a caridade. Mas, actualmente, o que mais parece preocupar Coelho é uma justificável e previsível agitação social no País.


EUA: povo contra a guerra

14 Abril 2011

Milhares de pessoas (10 mil segundo os organizadores) participaram em Nova Iorque, a 9 de Abril, numa das maiores manifestações contra a guerra dos últimos anos nos EUA. Em S. Francisco teve lugar manifestação idêntica no dia 10. Convocadas por mais de 500 organizações, no âmbito de um Comité Nacional de Unidade Contra a Guerra, exigiram o fim das guerras e a retirada das tropas dos EUA do Afeganistão, Iraque, Paquistão e Líbia. Reclamaram o corte nas despesas militares e o apoio ao emprego, educação, saúde, habitação e ambiente. Defenderam o fecho de centrais nucleares. Exigiram o fim do apoio dos EUA a Israel e da ocupação da Palestina e o fim do racismo contra os árabes e o islamismo.


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