O longo lastro do colonialismo

Manuel Raposo — 10 Maio 2024

Samora Machel proclama a independência de Moçambique. 25 de junho de 1975

Para uma boa compreensão das iniciativas políticas de Marcelo Rebelo de Sousa, é sempre bom considerar a sua ansiedade megalómana de ser o foco das atenções mediáticas e de se colocar à frente de toda a gente. As “reparações” devidas pelo passado colonialista de Portugal, de que ele falou há dias, levantando um calculado burburinho na nossa cena política, terá de ver-se também a esta luz pessoal – mas ficar por aí seria diminuir o sentido da questão. Para lá de tudo isso, há uma realidade nova que mexe sobretudo com a África e que a atitude de Marcelo não ignora. 


Crise ecológica, crise social, nova ordem mundial

Editor / O Comuneiro — 8 Maio 2024

É no Ocidente, em exclusivo, que existe uma criminosa doutrina militar que prevê o emprego de armas nucleares em primeira instância

Se o capitalismo é um resultado tão natural da evolução humana, porque foram necessárias violência sistemática e leis draconianas para o impor? A mesma questão pode estender-se aos acontecimentos do mundo de hoje, em que a decadência do capitalismo imperialista ameaça a vida das sociedades humanas, não apenas a prazo, com o desastre ambiental em curso, mas também no imediato, com os riscos latentes de guerra nuclear.


Crónica de um 25 de Abril diferente

Manuel Raposo — 28 Abril 2024

Uma resposta dada na rua aos avanços da direita. Lisboa, Avenida da Liberdade, 25A2024

O país foi palco de uma das maiores manifestações de repúdio pelo fascismo. Muitas centenas de milhares de pessoas comemoraram o 25 de Abril deste ano não apenas como uma evocação saudosa, mas como uma exigência de luta do momento presente. Foi a resposta, dada na rua, aos avanços da direita e da extrema-direita conseguidos nas urnas há mês e meio. Decididamente, o voto não é a arma do povo.


O nervo do 25 de Abril

Urbano de Campos — 25 Abril 2024

O Apelo da Comissão Promotora das Comemorações Populares do 25 de Abril retoma sem surpresa as mesmas ideias vagas de todo os anos, resumidas na frase: “alegria e confiança no futuro”. Não se poderia pedir mais a uma comissão que visa chamar o maior número de manifestantes ao desfile comemorativo. Mas, sem intenção de estragar a festa – em que empenhadamente participamos – , tem lugar perguntar como se pode “avançar na concretização dos direitos” da maioria, “combater as desigualdades” que crescem, ou melhorar a vida “dos que têm cada vez menos” sem pôr em causa o regime consolidado neste meio século.


O que se pode tirar do 10 de março

Manuel Raposo — 30 Março 2024

Os excluídos do “milagre económico”. Manifestação em Lisboa, janeiro de 2024

O resultado das eleições de 10 de março não pode ser entendido sem olhar para os frutos do acordo governativo de 2015 e para o que sucedeu nas eleições de 2019 e 2022. Em março passado deu-se o desenlace de um curso político já evidenciado nos últimos cinco anos – e não a inesperada “viragem à direita” que todos os comentários (inclusive da esquerda parlamentar) afectaram ver com surpresa. Os factores que produziram a vitória da direita, considerada em conjunto, e o apagamento da esquerda parlamentar estavam anunciados desde o final do primeiro governo de António Costa.


EUA assentam arraiais em Gaza. Para quê?

Editor / Monica Moorehead / Manlio Dinucci — 21 Março 2024

“Escrevi os nomes dos meus filhos nos corpos deles. Ao menos, serão identificados antes de serem enterrados”

O frenesim diplomático do governo norte-americano a respeito da Palestina só pode ser visto como uma cortina de fumo. O genocídio sem disfarce que está a ter lugar em Gaza arruína a imagem dos EUA no Médio Oriente e em todo o mundo. Mas, mesmo assim, o imperialismo não pode prescindir do aliado israelita. Por isso, os EUA, ao mesmo tempo que não desfalecem no envio de armas para Israel, promovem uma irrisória campanha dita “humanitária” de socorro à população faminta de Gaza com o único fito de salvar a face.


Artistas europeus querem Israel fora da Eurovisão

Editor / Fausto Giudice — 20 Março 2024

“Não ao genocídio”. Acção em frente à sede da NRK, a emissora pública norueguesa em Marienlyst (Oslo) em janeiro.

O festival da canção da Eurovisão não é, seguramente, um campo de batalha de primeiro plano. Mas porque há-de Israel ter mais um palco oferecido à sua propaganda, como se o estado sionista fosse uma entidade normal, e como se o genocídio em Gaza não estivesse a acontecer? E por que hão-de as autoridades europeias mais uma vez dar largas à sua revoltante hipocrisia, a pretexto de que não misturam cultura(?) com política?


8 de Março: Honra às mulheres da Palestina!

8 Março 2024

Mulher palestina com os filhos feridos no bombardeamento do hospital Al-Shifa, Gaza, outubro 2023.

Dos mais de 30 mil palestinos mortos por Israel em Gaza desde 7 de outubro, três quartos são mulheres e crianças. Cinquenta mil mulheres grávidas aguardam por dar à luz e, se precisarem de cesarianas, terão de as suportar sem anestesia. As mulheres e as crianças não são vítimas casuais da acção da tropa israelita: os propósitos de limpeza étnica e de genocídio têm como alvo a jovem geração palestina e as mulheres que a mantêm e reproduzem.


Conhecer alguns dos apoios do Chega

Editor / Redes Sociais — 7 Março 2024

Ventura sem máscara. Manifestação do Chega em Lisboa, 2021

Quem apoia e financia o Chega merece ser nomeado. Não que o mesmo não deva ser feito com todos os demais partidos, mas a capa de virtude saneadora com que se cobre o dr. Ventura é, na situação presente, um logro que tem de ser revelado. Sabe-se, por exemplo, das formas enviesadas como o CDS chegou a ser financiado, sabe-se que os grandes grupos empresariais repetem abundantes e regulares donativos ao PSD e ao PS. A marca dos interesses de classe que se perfilam por trás destes apoios é clara, mesmo se pouco divulgados. 


O currículo escondido do dr. Ventura

Editor / Redes Sociais — 4 Março 2024

CMTV, programa “Pé em riste”, 2019. Um tirocínio político feito em discussões de tasca à roda do futebol

Nem tudo o que circula nas redes sociais é de desprezar. A denúncia a que damos publicidade ganha em ser conhecida precisamente porque não assenta em afirmações gratuitas. As fontes que cita, e que o leitor pode consultar, permitem avaliar o fundamento do que é dito – justamente o contrário do tipo de arrazoado próprio de chefe de claque que caracteriza o dr. Ventura. O personagem, que se apresenta como o mais impoluto dos políticos e braço armado de uma “limpeza” na vida pública do país, tem afinal um passado e um presente, no mínimo, duvidosos. Merece por isso ser conhecido naquilo que tenta esconder. 


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