Até a direita às vezes acerta

9 Novembro 2018

A direita, satisfeita com a vitória de Bolsonaro, quer provar à força que, se há mal nisso, então “a culpa é da esquerda”. Não fala da conspiração para destituir Dilma, esquece que Lula estava à frente nas sondagens e por isso tinha de ser eliminado, omite o papel directo do imperialismo ianque na viragem produzida no Brasil.
Um cronista do Público, J. M. Tavares, que também debita umas larachas na TVI (“Governo Sombra”), escreveu, que “o tema da ‘culpa da esquerda’ é absolutamente essencial para explicar a ascensão de figuras como Jair Bolsonaro”. Como demonstração da tese diz, sem se achar ridículo, que “a esquerda chamou os fascistas, os fascistas vieram”. Mas, linhas adiante, contrariando a própria tese, numa coisa o homem acerta. Afirma ele que “esta nova direita, de Trump, Bolsonaro ou Duterte, ocupou o espaço revolucionário, anunciando mudanças radicais e o combate aos interesses instalados”, e que isso é possível porque a esquerda deixou “de querer mudar o mundo há muitas décadas”. Certíssimo: houvesse uma esquerda revolucionária, no Brasil e no Mundo, e as mudanças seriam mesmo radicais e os interesses instalados seriam simplesmente varridos. Não restaria é espaço para o capitalismo “liberal” de que JMT se mostra adepto.


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