Em nosso nome, não!

Comité de Solidariedade com a Palestina — 11 Junho 2018

A Câmara Municipal de Cascais, o presidente da República Portuguesa e a Orquestra Metropolitana da Guarda Nacional Republicana resolveram juntar-se ao governo de Israel para a comemoração dos 70 anos da sua existência, isto é, os 70 anos da catástrofe que se abateu sobre o povo da Palestina, num jantar que terá lugar no dia 14 de junho no Casino do Estoril. A denúncia é do Comité de Solidariedade com a Palestina que acusa aquelas entidades de cumplicidade com Israel e reclama que se retirem da comemoração.

Reproduzimos abaixo a carta enviada pelo CSP.

“Exmo Senhor Presidente da República

Exmo Senhor Presidente da Câmara Municipal de Cascais

Orquestra Metropolitana da Guarda Nacional Republicana


Há 70 anos atrás milhares de palestinianos foram forçados a abandonar as suas terras. Com o argumento de que a região era a ideal para a criação do Estado de Israel, foi usada muita força e violência para expulsar mais de 800 mil pessoas e destruir mais de 500 vilas. Desde então, a população palestiniana é impedida por Israel de voltar às suas terras, numa clara violação da resolução 194 da ONU. Hoje em dia os refugiados palestinianos pelo mundo chegam a cinco milhões.

Eventos recentes nos mostram que a situação dos palestinianos, tanto os que foram forçados a partir como os que permaneceram nas suas terras, só tem piorado ao longo deste tempo. Na Cisjordânia, os colonatos ilegais israelitas avançam por dentro da Palestina, havendo actualmente quase quinhentos mil colonos no território, o que é proibido pela lei internacional. Os palestinianos desta região enfrentam diariamente a redução do seu espaço de vida, confisco de terras, limitações na sua mobilidade, discriminações múltiplas e punições colectivas. Em Gaza, considerada a maior prisão do mundo a céu aberto, a situação é ainda pior, quase dois milhões de pessoas são obrigadas a viverem confinadas num pequeno pedaço de terra, sem poderem circular livremente. Israel controla o acesso dessa população a serviços básicos, como o fornecimento de electricidade e os cuidados de saúde, sem falar dos constantes bombardeamentos e ataques militares de que a região sofre.

É neste contexto que a Câmara Municipal de Cascais, o presidente da República Portuguesa e a Orquestra Metropolitana da Guarda Nacional Republicana resolveram juntar-se ao governo de Israel para a comemoração dos 70 anos da sua existência, isto é, os 70 anos da catástrofe que se abateu sobre o povo da Palestina, num jantar que terá lugar no dia 14 de junho no Casino do Estoril. Para mais facilmente comprar a cumplicidade destas instituições, a embaixada israelita oferece os lucros do jantar às vítimas dos incêndios de Pedrógão!

O Comité de Solidariedade com a Palestina repudia esta cumplicidade, não podendo aceitar que instituições públicas do Estado português sejam coniventes com o branqueamento dos crimes de guerra cometidos por Israel. Em consequência, pedimos ao presidente da República, à Câmara de Cascais e à GNR que se retirem desta comemoração.

Pelo fim do genocídio palestiniano! Pelo fim do apartheid israelita.”


Comentários dos leitores

leonel clérigo 13/6/2018, 12:26

A INSONDÁVEL “ALMA” NACIONAL
1 - Alguém me contou e já lá vão uns bons anos, que ouviu a uma cidadã russa - casada com um português - um curioso julgamento “sintético” sobre os Portugueses: “Vocês, parecem recear afrontar os problemas, sobretudo os graves, que a vida lhes põe. E, possivelmente por isso, a vossa palavra “preferida” é o “TALVEZ”. O Sim ou o Não, parecem não existir no vosso vocabulário. Têm medo de quê?…Ainda por cá anda a Inquisição dos Jesuítas e as fogueiras?…E o Salazar já morreu...”
2 - Há pouco tempo atrás, o nosso Presidente da República Marcello Rebelo de Sousa e numa visita a Espanha, instado pelos jornalistas sobre os acontecimentos na Catalunha, respondeu que não tinha que se prenunciar sobre a situação interna de um país soberano. Ou seja, julgo eu, colocou bem a questão do “Direito das Nações a disporem de si próprias”. E “saiu-se bem!…”.
3 - Este comunicado acima deixa-me surpreso: numa situação ainda mais complexa do que a Catalunha, o Presidente da República Portuguesa dá uma pirueta no ar cometendo a leviandade de “tomar partido” e, na prática política, apoiar as “intenções” de quem quer, duma penada, “riscar do mapa” a Nação Pelestiniana. É caso para perguntar o que mudou entretanto ou quem lhe deu agora o “cheque em branco” depois de “faltar” à inauguração da Embaixada Americana em Jerusalém.
4 - O PPD é um Partido feito de várias “camadas germinativas", uma espécie de “Hidra” com suas “linhagens” e "afectos" insondáveis. E qual delas a “melhor”… Muito cuidado com ele!…


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