Governantes catalães sequestrados em Madrid
Pedro Goulart — 6 Novembro 2017
Oito membros do governo que declarou a independência da Catalunha responderam em Madrid perante a Audiência Nacional, tendo a juíza Carmen Lamela ordenado a sua prisão preventiva, visto considerar existirem indícios de “crime de rebelião”, que pode ser punido com uma pena até 30 anos de prisão.
Os detidos Oriol Junqueras, Meritxell Borrás, Jordi Turull, Raul Romeva, Josep Rull, Carles Mundó, Joaquim Forn e Dolors Bassa foram encerrados em cinco estabelecimentos prisionais de Madrid estando também aí já detidos, desde 16 de Outubro, Jordi Sànchez e Jordi Cuixart, presidentes das duas maiores associações independentistas da Catalunha.
Em Barcelona e em várias vilas e cidades da Catalunha, assim como na Galiza, no País Basco e em outros locais do Estado espanhol, milhares de pessoas têm-se manifestado contra a repressão e a prisão dos conselheiros destituídos. A “democracia”espanhola, com os partidos espanholistas e o seu aparelho de estado (incluído o seu aparelho jurídico), tem-se mostrado em vários aspectos, nomeadamente no repressivo, uma boa herdeira do franquismo. Repressão exercida aqui, na Catalunha, como resposta às maciças manifestações pacíficas e ao voto do povo, como já antes se verificara no País Basco, então contra os militantes da luta armada, seus familiares ou simpatizantes.
Os governos da União Europeia, incluindo o de António Costa, em Portugal, assim como parte da chamada comunidade internacional, agarrando-se à “legalidade” das cliques dominantes de Madrid, afinaram todos pelo mesmo diapasão e alinharam em coro com a repressão levada a cabo pelo Estado espanhol. Repetem todos os mesmos argumentos legalistas, escamoteando que se trata de um problema político de fundo, que assenta no direito dos povos à autodeterminação. Uma vergonha para quem tanto enche a boca com as palavras democracia e estado de direito!
Face à actual situação repressiva vivida no país vizinho, particularmente na Catalunha, ganham força a proposta de uma greve geral neste território, assim como os apelos à mobilização popular e à desobediência civil dos catalães. A participação unitária e combativa dos catalães contra os partidos espanholistas nas eleições de 21 de Dezembro (impostas pelo governo autoritário do Estado espanhol) é também hoje uma forte hipótese em consideração.