Xutos & Pontapés na política

31 Janeiro 2017

A cançoneta “Alepo” que os X&P lançaram recentemente aproveita a comoção forjada sobre a guerra na Síria quando se adivinhava a derrota dos rebeldes. Compuseram a letra, dizem, com as frases de uma menina síria (Bana Alabebe, celebrizada pelos média ocidentais) que teria usado o twitter para contar as ocorrências da guerra na zona leste de Alepo ocupada pelos rebeldes e sitiada pelo exército sírio. Há sérias dúvidas de que a menina fizesse o que se diz, pelo simples facto, denunciado por jornalistas não sujeitos à bitola ocidental (mas que por cá não se fazem ouvir), de que não havia internet na zona leste de Alepo… (Esses mesmos jornalistas contavam que tinham de se deslocar aos hotéis onde se alojavam para poder transmitir as suas reportagens). Os Xutos não ligaram certamente a este pormenor — até porque, se tivessem ligado, a canção arriscava-se a não sair. Detalhes. Importava era ser oportuno. E lá vêm as palavras-chave distribuídas dos pelos quatro cantos da letra: paz, quero viver, medo, bombas, debaixo de fogo, feridos, mortos, etc.
Se nos permitissem uma sugestão, poderia acrescentar-se mais um verso, curto como os restantes (também em jeito de twitter para não escangalhar o estilo): “Alepo é que está a dar”.


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