Papéis do Panamá: que é feito do assunto?
22 Junho 2016
Jornalistas ditos impolutos, média ditos de referência, entre nós particularmente o Expresso e a TVI, gente dita muito determinada a investigar a corrupção, fizeram da divulgação inicial dos chamados Papéis do Panamá um folhetim que quase todos dias nos entrava pela casa dentro. Mas recordemos que estes Papéis foram entregues ao Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação(ICIJ), sediado em Washington (EUA) e financiado,entre outras, por fundações ligadas aos Rockefellers, Soros, Ford, Jewish Community Federation e Microsoft.
Porque o jornalismo está em crise e a tabloidização prossegue (aumentando com ela também a náusea dos leitores e espectadores mais conscientes!), via-se aqui um filão que poderia proporcionar alguns lucros aos proprietários dos média, ao mesmo tempo que se atacavam interesses concorrentes do capitalismo ocidental e se desviavam atenções dos problemas fundamentais deste sistema de exploração.
Mesmo com as limitações impostas pelo Consórcio (ICIJ) e pelas empresas a que pertenciam os jornalistas investigadores, eram muitos os que pensavam que se iria bastante mais longe na divulgação e investigação dos numerosos empresários, advogados e jornalistas envolvidos nos negócios, fuga aos impostos e branqueamento de capitais. Puro engano, pois isso iria atingir demasiada gente e interesses. Assim, também depressa muitos se aperceberam do valor relativo destas revelações e o filão parece ter-se esgotado.