Menos médicos e professores, mais polícias e maior submissão ao imperialismo

Pedro Goulart — 22 Agosto 2014

GreveEnfermeirosA pretexto da actual “crise”, milhares de médicos, enfermeiros, professores e investigadores têm sido afastados dos hospitais públicos, das escolas e dos centros de investigação, prejudicando-se gravemente a saúde e a formação dos portugueses, além de forçar muitos daqueles profissionais à emigração, à mudança de profissão e, até, ao desemprego. Isto, enquanto os governos do capital continuam a esbanjar milhões e milhões com polícias, tribunais, forças armadas e na ajuda aos bancos, gastando o dinheiro do OE com a defesa dos bens e interesses das classes dominantes.

Ainda recentemente, o governo autorizou a promoção de 982 elementos da Guarda Nacional Republicana e da Polícia de Segurança Pública, como em Dezembro de 2013 já tinham sido autorizadas outras 1.056 promoções na PSP e, em Janeiro de 2014, 1.210 na GNR. Com o dinheiro que isto envolve, e do qual geralmente não se fala. Também, no Ministério Público, são promovidos a procuradores 157 magistrados, envolvendo alguns milhões de euros e, salientando-se que, anualmente, só juízes e procuradores custam ao aparelho de estado cerca de 250 milhões de euros. E, mesmo assim, muitos profissionais destas instituições (incluindo do Sistema de Informações), assim como diversos “defensores da lei e da ordem”, continuam a queixar-se da falta de recursos.

Por outro lado, permanece o gasto de muitos milhões (mais de dois mil milhões de euros em 2014) com umas Forças Armadas que continuam a envolver dezenas de milhares de homens (incluindo numerosos generais e almirantes), apesar de Portugal já não ter colónias nem estar prevista qualquer agressão externa ao País. E sabendo-se, também, que parte destes gastos servem pura e simplesmente para sustentar ameaças e agressões imperialistas da UE, dos EUA e da NATO. Ainda há pouco tempo, o Conselho Superior de Defesa Nacional dava parecer favorável a uma missão de patrulhamento do espaço aéreo dos países bálticos pela Força Aérea, a pretexto da tensão actualmente existente entre a Rússia e a Ucrânia. Tal missão ficará sedeada na Lituânia e envolverá o emprego de seis caças F-16 e 70 efectivos da Força Aérea. Isto, para além dos outros locais em que as forças armadas portuguesas têm estado envolvidas (às vezes sob a capa de apoio humanitário), como é hoje o caso do Afeganistão e como também já aconteceu na Bósnia e no Iraque.

Mas os gastos inúteis e, muitas vezes, criminosos, assumidos pelo estado português com as diversas funções ditas de soberania, ou com a salvação dos bancos (envolvendo milhares de milhões no BPN, BPP, BES, Banif, etc), não são coisas que indignem grandemente a generalidade dos assalariados do capital que pontificam na comunicação social. Nem, tampouco, esta clique dos média se tem mostrado demasiado preocupada que a Goldman Sachs ou o ex-chefe de gabinete de Sarkozy, certamente dispondo de informação privilegiada, tenham vendido antecipadamente milhões de acções do BES, safando muitos milhões com tais vendas. Ao contrário das obsessivas preocupações destes “analistas” com os gastos na saúde, educação e reformas dos trabalhadores, contra os quais estão sempre prontos a lançar invectivas, habitualmente recorrendo a argumentário canalha.

Assim, ao mesmo tempo que os governantes burgueses e os seus “analistas” nos média olvidam ou, pura e simplesmente, justificam os gastos do Orçamento de Estado reservados à actual justiça de classe, às chamadas forças da ordem (PSP, GNR, Secretas, etc) ou às forças armadas — instituições que, em última análise, sempre defendem o patronato e o seus lacaios nos governos — é habitual também que esses mesmos assalariados do regime assegurem que o dinheiro escasseia ou não existe quando se trata de gastos destinados às necessidades fundamentais dos trabalhadores e do povo!


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