Contra a liquidação do Serviço Nacional de Saúde
Carlos Completo — 1 Junho 2014
Só nos primeiros cinco meses deste ano, 215 médicos abandonaram ou vão abandonar o Serviço Nacional de Saúde (SNS), de acordo com as listas de aposentações de Janeiro a Maio. E, aos 215 médicos que já abandonaram ou vão abandonar o Estado, juntam-se 250 enfermeiros que já se aposentaram ou que o vão fazer ainda em Maio.
Com os governos de José Sócrates começava o encerramento de unidades de saúde e a concentração de urgências. Aos que protestavam, por verem aumentar a distância para o hospital ou para o centro de saúde mais próximo, alguns chamavam despesistas, porque haveria, diziam, sempre uma Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER), que iria garantir um atendimento rápido e de qualidade. Depois, o governo de Passos Coelho, pela mão de Paulo Macedo, prosseguiu o desmantelamento do SNS, concentrando e extinguindo ainda mais urgências e serviços, racionando ainda mais medicamentos e exames complementares de diagnóstico, reduzindo salários e efectivos.
Contudo, em Dezembro de 2013, e na sequência desta política de cortes, acontecia um acidente, precisamente no momento em que uma dessas viaturas estava inoperacional: quatro mortos. Pouco depois, outra vez a mesma VMER, a de Évora, voltaria a estar fora de serviço e um novo acidente em Estremoz. Mais dois mortos. O médico que estava escalado para essa tarde faltara, por motivos de saúde, e não havia ninguém para o substituir. E, face à gravidade da situação, o hipócrita Paulo Macedo “resolve” os problemas com mais umas quantas comissões de inquérito!
O Serviço Nacional de Saúde foi uma daquelas boas conquistas que os trabalhadores e o povo conseguiram a seguir ao 25 de Abril de 1974 e que os últimos governos do capital têm vindo a tentar liquidar. Também, aqui, exige-se uma luta firme na defesa dos nossos direitos.