Editorial
Há saída?
9 Abril 2014
Se tivermos em vista as grandes manifestações de 2011 a 2012 e as greves gerais, a situação actual mostra um abrandamento do movimento de massas, sem desprezar as greves e lutas locais que continuam a manter viva a chama da resistência.
Não admira este recuo: a expectativa de que o governo cairia de podre no verão passado saiu gorada, em boa parte graças à actuação do PS, mas fundamentalmente porque o próprio movimento popular esperou que os empurrões dados na rua seriam completados por eleições antecipadas. Foi um engano, que mostrou, apesar de tudo o que foi feito, a necessidade de uma acção de massas muito mais determinada — e que comprovou de novo que as “instituições democráticas” não existem para facilitar a vida à luta de classes mas para a debelar.
A propaganda das forças do poder trata agora de fixar a atenção geral nas promessas do PS, na “alternativa” do Manifesto dos 70, nas hipóteses de acordo partidário lançadas por Cavaco, nas garantias de crescimento económico do governo, nas próximas eleições Europeias. E tenta fazer crer que as saídas se confinam a essa distribuição de cartas.
Desiludamo-nos: o capital europeu não vai desistir dos seus juros, as instituições europeias não vão virar-se do avesso e tornar-se “populares”, a política de austeridade sobre os países pobres da UE não vai abrandar, por mais discussões que haja sobre o “futuro da Europa”.
Deixado ao livre curso do capital, o futuro da Europa está espelhado nas ambições imperialistas da UE, no apoio dado aos nazis ucranianos, no crescimento dos fascistas da Frente Nacional francesa.
Não há saída? Há saída, sim. Depende da intervenção política da massa trabalhadora, cá e lá fora. Com os seus objectivos de classe colocados à frente. Não se queixando apenas das injustiças do sistema, mas apontando para a sua subversão. Porque é o capitalismo que está podre.