O caminho está na luta

José Borralho — 4 Abril 2014

MultidãoManifestámo-nos de novo em vários pontos do país no velho estilo passeata, com final virado para dentro, para consumo interno. Mais uma vez nos foi dito que a crise será travada com crescimento económico, levado a cabo por um governo patriótico e de esquerda.
Mas não nos esqueçamos: a esquerda vive encerrada num círculo de ferro. Resistindo, protestando, mas não ambicionando mais do que um capitalismo “melhor” que este. Círculo que tarda em ser rompido, e que nos amarra ao sistema económico real.

Importa lembrar que a crise em que o capitalismo está mergulhado tem a particularidade de existir não por falta de crescimento, mas sim por excesso de produção. E que é esta anarquia a responsável pela destruição de postos de trabalho e indústrias inteiras. E que é graças a esta anarquia que os estados se alimentam dos impostos sobre o trabalho e aliviam os impostos aos patrões. Suprimem-se empregos, salários, direitos, suprimem-se as vidas de quem trabalha. É o capitalismo no seu melhor: suprimindo recursos do lado do trabalho, concentrando riqueza numa escassa minoria — banqueiros, agiotas, comerciantes, industriais, simples parasitas.

As palavras de ordem de toda a burguesia internacional são hoje duas: suprimir (empregos e direitos ao trabalho), concentrar (riqueza no capital). O capital quer salvar-se da crise à custa do trabalho. E nós trabalhadores devemos responder: que se afunde o capital; queremos nada menos que o poder; só assim sairemos do círculo de ferro.

Por isso, contra a exploração e o empobrecimento importa dizer: o capital que pague a crise e a dívida; pôr fim à austeridade significa taxar fortemente o capital.
Desenvolver a consciência de que é precisa uma revolução social — é para isso que servem as manifestações.


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